sábado, 30 de junho de 2007

PSICANÁLISE XXVIII

Strange and MagicalÇDLFºDÇLFÇLD

When one writes, Charlie, one has to be like an actor and dive under the character's skin. One has to feel what the character feels, think, do whatever we want to make them do. One has to know what they went through, so we can be able to make the reader feel exactly what they are feeling and be totally identified with them.
ÇDLFºDÇLFÇLD
That's why writers are weird, at least. They are like profilers. They must search their most deeper or darker layers to find the murderer, the mother, the taxi driver, the doctor, the child, the drifter, the dog!
They must be that person; think, breath, eat, drink, smell who they are writing about. To live inside the characters world for as long as they are writing them.
ÇDLFºDÇLFÇLD
To enter this zone one must be completely obssessed with the character.
Everything about that character must be thought to the most insignificant detail. And then one falls inevitably in love. Completely. Irreversibly. Insanely in love.
The character is carved to perfection like a Gaudi cathedral or Rodin's hands. And then the character takes over you, starts to breath alone, or so it feels like that. And sometimes they do things that surprise you completely. They decide things alone. They say things you never thought they would say. Out of the blue.
This, of course, has a very logic explanation - it's the result of all the work processed by the author's unconscious, everything he absorbed about the character suddenly, one random day, starts pouring out as if the character had a life of it's own.
ÇDLFºDÇLFÇLD
This is the most magical moment in writing. The most wonderful one. The one that makes everything else worth while. All the mental exaustion of writing the first draft. All the dilemmas of having to make choices that will determinate the path the story will take. All the muscle cramps in one's hand from writing, sometimes a whole day without stopping. All the endless rewritings, to cut, to change, to carv, to add, but most of all to cut, cut, cut, until you reach the very essence of an idea, with exactly the right amount of words.ÇDLFºDÇLFÇLD

Sometimes, this magical moment reaches heights never once felt before. It happened to me just once, when I created an 8 year old brazillian street boy.
I became so obssessed with making him look credible I thought about him all the time. And one day my brain was tricked into believing he was actually there. I could feel him playing around me, everywhere. I had the strangest sensation of walking down a street and feeling he was just disappearing on the next corner.
ÇDLFºDÇLFÇLD
I had to kill the little boy. At a certain point in the story I knew he had to die. It made sense. It was one of the most difficult writing decisions I ever had to take. And then, another very strange thing happened. I cried. I cried while I was killing my character.ÇDLFºDÇLFÇLD
I cried because I had to, just had to kill him. I had no choice.
ºÇGLFLG

sexta-feira, 29 de junho de 2007

AS 7 MARAVILHAS DE ANDRÓMEDA

Acrópole
lçkfçldkf

Atenas - Grécia
450-330 a.c.
lçkfçldkf
lçkfçldkf
Estátuas Ilha da Páscoa
lçkfçldkf

Chile
Séc X - Séc XVI
lçkfçldkf
lçkfçldkf
Templo Kiyomizu
lçkfçldkf

Kyoto - Japão
749-1855
lçkfçldkf
lçkfçldkf
Kremlin e Praça Vermelha
lçkfçldkf

Moscosvo - Rússia
1156-1850
lçkfçldkf
lçkfçldkf

Machu Picchu
lçkfçldkf

Perú
1460-1470
lçkfçldkf
lçkfçldkf
Stonehendge
lçkfçldkf

Amesbury - Inglaterra
3000 - 1600 a.c.
lçkfçldkf
lçkfçldkf
Ópera de Sidney
lçkfçldkf

Sidney - Austrália
1954 - 1973

quinta-feira, 28 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXVIII

Tous Pour Un
lfkdkf

Fachada principal do Palácio Sottomayor
lkfld
Eram três. Falavam francês. Estavam todos em óptima condição física e tinham todos a mesma idade - para cima de 35 e menos de 40. E vinham acompanhados de um senhor mais velho, bastante mais baixo.
ldkfçldk
Ora muito bem. Eu não imagino coisas ... É óbvio que eram Athos, Porthos e Aramis, acompanhados do seu autor, Alexandre Dumas.
Vestiam todos de forma muito semelhante, mas era fácil perceber quem era quem.
ldkfçldk
Athos, o mais sério e misterioso, a figura paternal do grupo, era obviamente o mais alto e mais moreno. Vestia uma camisa azul clara e calças de ganga clássicas, azuis escuras. Impecável no seu porte nobre e seguro, era o mais atraente dos três, com uma estrutura óssea facial bem definida, olhos castanhos profundos, doces e sérios e ombros largos.
ldkfçldk
Aramis, o mais atrevido e mulherengo do grupo, só podia ser o que se sentou ao meu lado sem hesitar. Cabelo alourado e meio revolto, olhos azuis sedutores e gestos e discurso mais descontraídos do que Athos, que ia ao seu lado direito, vestia umas calças de ganga de um azul deslavado e uma t-shirt azul clara.
ldkfçldk
E, finalmente, Porthos era obviamente o que se sentara lá à frente, ao lado de Dumas. De cabeça quase totalmente rapada, deixando apenas uma fina camada de cabelo bem desenhada por um barbeiro competente, era o mais físico dos três companheiros. Um pouco mais baixo que os outros, a falta de altura era compensada com braços levemente musculados e um tronco rijo. De calças de ganga pretas e uma t-shirt branca, o mais jovial e bon vivant dos três, Porthos ria e conversava com Dumas e os cantos dos seus olhos enchiam-se de pequenas linhas irrequietas.
ldkfçldk
Falavam sobre Lisboa, localizações em mapas e outros pormenores. Vinham, portanto, em missão.
Adivinhem qual …
Será preciso frisar a ausência de alguém?...
Alguém imprescindível ... insubstituível ... incomparável …
Os três mosqueteiros inseparáveis vinham em demanda do seu líder, d'Artagnan.
É que d'Artagnan fora raptado do romance de Dumas. Em todo o mundo, em todos os livros de todas as bibliotecas e de todas as escolas e casas, d'Artagnan desaparecera subitamente na página 174 e nunca mais fora visto desde então.
É claro que isto constitui um incidente sem precedentes e de gravíssimas consequências para a literatura mundial, o que justificava a presença do próprio autor nesta demanda desesperada.
ldkfçldk
O grande Alexandre Dumas, disfarçado debaixo de um corpo pequeno e atarracado, frágil e míope, mas ainda assim sereno e agradável, acompanhava as suas três criações, preocupado e circunspecto.
Falaram de Richelieu, claro. Sua "eminência vermelha" estaria certamente por trás do rapto do personagem principal deste romance e o mais temível mosqueteiro da guarda de Louis XIII.
Não saíram no aeroporto. Saíram na minha paragem e como tive que ir trabalhar, não sei para onde se dirigiram. Mas terei que inspeccionar a zona minuciosamente. Presumo que haja outro portal algures por aqui.
ldkfçldk
Ah! E já verifiquei a cópia que tenho lá em casa. D'Artagnan continua desaparecido, exactamente a partir da página 174 (podem comprovar nas vossas cópias, se duvidam …).
Isto significa que os três temidos mosqueteiros ainda não obtiveram êxito na sua missão.
Torceremos por eles.
ldkfçldk
Allons-y, mousquetaires! En garde!
Et n'oublié pas: Un pour tous et tous pour un!

quarta-feira, 27 de junho de 2007

OS LIVROS DE ANDRÓMEDA - PARTE I


flºçdlflf
flºçdlflf

2001 - Odisseia no Espaço
Arthur C. Clarke
jfkldjlkf

jfkldjlkf
"Chapter 1
jfkldjlkf
The Road to Extinction
jfkldjlkf
The drought had lasted now for ten million years, and the reign of the terrible lizards had long since ended. Here on Equator, in the continent which would one day be known as Africa, the battle for existence had reached a new climax of ferocity, and the victor was not yet in sight. In this barren and desiccated land, only the small or the swift or the fierce could flourish, or even hope to survive.
The man-apes of the veldt were none of these things, and they were not flourishing; indeed, they were already far down the road to racial extinction. About fifty of them occupied a group of caves overlooking a small, parched valley, which was divided by a sluggish stream fed from snows in the mountains two hundred miles to the north. In bad times the stream vanished completely, and the tribe lived in the shadow of thirst.”

çdflkçldkf
Todos conhecem a famosa sequência cinematográfica inicial filmada por Stanley Kubrik, com música de Strauss, em que um fémur lançado ao ar por um dos nossos mais remotos antepassados, se transforma - numa das sequências de montagem mais bem feitas do cinema - na nave espacial que milhares de anos mais tarde, navega no espaço em busca do segredo escondido no interior de um misterioso monólito deixado na lua.
Mas provavelmente menos terão lido a saga completa criada por Arthur C.Clarke, um dos mais talentosos e prolíficos autores de ficção científica de sempre.
çdflkçldkf
2001 – Odisseia no Espaço
2010 – Segunda Odisseia
2061 – Terceira Odisseia – Regresso a Um Futuro Jamais Imaginado
3001 – Odisseia Final
çdflkçldkf
Esta série é uma fascinante e entusiasmante viagem através de um milénio imaginado pela mente esclarecida e aventureira de Arthur C. Clarke, um dos mais reputados divulgadores de ciência da actualidade.
çdflkçldkf
Clara, límpida, fresca e muito apelativa, como é hábito na maioria dos grandes autores de ficção científica, a leitura desta saga futurista constitui um prazer e uma descoberta fascinantes pelos meandros da imaginação mais sedutora – o futuro que nunca haveremos de conhecer.
çdflkçldkf
E depois … como resistir a HAL? :) O computador mais deliciosamente sinistro de toda a história da literatura.
çdflkçldkf
Uma viagem verdadeiramente entusiasmante.
çdflkçldkf

1917 -

terça-feira, 26 de junho de 2007

O LIMO DA MEMÓRIA


çklfº
kgçlçklf
Trovejava. De repente um relâmpago iluminou toda a sala, deixando qualquer ruído seguinte em suspenso.
Ela olhou pela janela e tremeu, sentindo um arrepio de um suspiro misterioso passar-lhe imperceptivelmente pela memória.
Percebeu que a janela do corredor estava entreaberta e, apesar do vento, os cortinados magicamente não mexiam.
Estacou a dois milímetros e espreitou pela fresta, vendo um vulto de memória passar-lhe diante dos olhos.
Foi então que o vulto obscuro pareceu ganhar forma, como que a levitar com maior nitidez.
Materializou-se finalmente numa forma verde brilhante, a bailar ao vento.
Um verde de infância, com sotaque inglês.
"Ajude-me.", dizia ele.
Era fino e escorregadio como um limo e piscava os olhos de pestanas douradas, muito rapidamente, atarantado. A cada pestanejar uma imagem formava-se na sua mente, surgindo diante dos seus olhos, imagens da sua própria vida, correndo em segundos pela sua cabeça, agora com significados que dantes não tinham.
Nem a chuva as distorcia. Nem a chuva, nem as lágrimas do vulto, que eram os écrans onde elas se espelhavam. Lágrimas e chuva misturadas em memórias, agora tão nítidas e aumentadas, como lupas do passado, que revelam tanto.
Todos somos espelhos do passado e há lágrimas que o tempo nunca apaga.
çklºçdkgçl lf
çdkg
escrito em colaboração com dry-martini
çdkgç
çdkg
to be continued ... or not ...





segunda-feira, 25 de junho de 2007

PALAVRAS EMPRESTADAS 19

Se alguma vez houve algo semelhante a um poema perfeito, este é um sério candidato.
Deslumbrante ...
lkjgfçlkg


lçfkçldkflkjgfçlkg
lçfkçldkflkjgfçlkg
He Wishes For The Cloths Of Heaven
lçfkçldkf
Had I the heavens' embroidered cloths,
Enwrought with golden and silver light,
The blue and the dim and the dark cloths
Of night and light and the half-light,
I would spread the cloths under your feet:
But I, being poor, have only my dreams;
I have spread my dreams under your feet;
Tread softly, because you tread on my dreams.
lçfkçldkf
William Butler Yeats

domingo, 24 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXVII

Michael
çlfjgfglkfj

Passadiço Rio Tejo - Parque das Nações
çlfjgfglkfj

çlfjgfglkfj
"There's nothing better we could do
Than live forever
Well that's all we've got to do"



Alto, magro, costas largas e ombros bem marcados, pele muito pálida, cabelo até aos ombros cor de cobre velho, caindo em caracóis suaves e revoltos. Rosto comprido e liso, marcado por patilhas que contornavam o queixo e o nariz com uma barba e um bigode ralos e olhos castanhos achocolatados e enterrados profundamente, impenetráveis, perdidos num mundo só dele.
çlfjgfglkfj
Ele bem tentou difarçar e fingir que era o Jim Kerr. Mas, apesar de tentar conter a todo o custo os movimentos sinuosos do seu corpo, este continuava indomável e acabou por traí-lo. Era óbvio que era o Michael Hutchence. E a sua saída no aeroporto só veio confirmá-lo. Aquele delírio réptil, mesmo controlado, era inconfundível.
çlfjgfglkfj
Vestia uma t-shirt verde velho larga, umas calças de bombazina beje claras e uns sapatos de atacadores verde escuros. Trazia uma sacola pequena preta e branca com motivos índios pendurada a tiracolo sobre a anca esquerda e um fio preto grosso e apertado enrolado ao pescoço. Lá dentro estão um bloco pequeno e uma caneta, com que vai apontando todas as suas impressões sobre este mundo e todos os sítios que ainda lhe faltam visitar.
çlfjgfglkfjb
É que Michael anda a viajar pelo mundo, todo o mundo que não teve tempo para ver enquanto era vivo. Tem saudades, saudades imensas, porque quando partiu não o fez de livre vontade, apesar do que se diz por aí. Diz-se que se suicidou com um cinto enrolado à volta do pescoço. Mas o que aconteceu na realidade foi que Michael gostava de viver no limite e acabou por se matar por acidente, enquanto praticava asfixiofilia.
çlfjgfglkfj
O resquício da sua morte continua em volta do seu pescoço largo e pálido – o fio preto. Foi assim que tive a certeza absoluta que era ele.
E agora, Michael tem mais uma nova sensação para a sua lista interminável. A sensação de viver para sempre naqueles que ainda o recordam.
çlfjgfglkfj
Welcome back, Michael. Make yourself at home. You already know your way around.
The world is still your stage. And this stage misses you too.
kljflkdjf
kljflkdj
"Live baby live
Now that the day is over
I got a new sensation
In perfect moments
So impossible to refuse
kljflkdjf
Sleep baby sleep
Now that the night is over
And the sun comes like a god
Into our room
All perfect light and promises
kljflkdjf
Gotta hold on you
A new sensation
A new sensation
Right now
Gonna take you over
A new sensation
A new sensation
kljflkdjf
Dream baby dream
Of all that's come and going
And you will find out
In the end
There really is
There really is no difference
kljflkdjf
Cry baby cry
When you've got to get it out
I'll be your shoulder
You can tell me all
Don't keep it in ya
Well that's the reason why I'm here
kljflkdjf
Are you ready for a new sensation
A new sensation
Right now
Gonna take you on a new sensation
A new sensation
kljflkdjf
Hate baby hate
When there's nothing left for you
You're only human
What can you do
It'll soon be over
Don't let your pain take over you
kljflkdjf
Love baby love
It's written all over your face
There's nothing better we could do
Than live forever
Well that's all we've got to do
kljflkdjf
Hey now
I'm gonna take a new sensation
A new sensation"
kljflkdjf
Farriss & Hutchence

sábado, 23 de junho de 2007

OS LIVROS DE ANDRÓMEDA - PARTE I

jgklfjg
jgklfjg
Cem Anos de Solidão
Gabriel García Márquez
jgklfjgjgklfjg

jgklfjgjgklfjg
"Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel Aureliano Buendía haveria de recordar aquela tarde remota em que o pai o levou a conhecer o gelo. Macondo era então uma aldeia de vinte casas de barro e cana, construídas na margem de um rio de águas transparentes que se precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo era tão recente que muitas coisas ainda não tinham nome e para as mencionar era preciso apontar com o dedo. Todos os anos, pelo mês de Março, uma família de ciganos andrajosos montava a sua tenda perto da aldeia e, num grande alvoroço de apitos e timbales, davam a conhecer as novas invenções."
jgklfjgjgklfjg
O início deste romance extraordinário é um dos mais belos e mais bem escritos começos de toda a a história da literatura.
Com uma única frase ficamos agarrados até ao fim, ansiosos por saber o motivo que levou o pequeno Buendía a encontrar-se anos mais tarde, feito homem e coronel, diante de um pelotão de fuzilamento.
No entretanto acompanhamos a viagem de um rapaz, de um homem, de uma aldeia perdida nos confins da América do Sul e de várias gerações da família Buendía.
jgklfjgjgklfjg
Um dos expoentes máximos do género literário realismo fantástico, Gabriel García Márquez utiliza-o, como outros autores sul-americanos, para de forma subtil e mascarada criticar a ditadura tão familiar ao seu continente.
jgklfjgjgklfj
Dele disse Pablo Neruda: "Este é o melhor livro escrito em castelhano desde Quixote".
jgklfjgjgklfjg
Um romance maravilhoso e obrigatório.
jgklfjgjgklfjg
1928 -

sexta-feira, 22 de junho de 2007

WINGS OF WILL XV .............................. Quem disse que o Homem não consegue voar?

When the dancer becomes the dance ... it's one of the most extraordinary feelings in the world ...


quinta-feira, 21 de junho de 2007

PLIM! II (Palavras Loucamente IluMinadas)


ºdçl~çlfºç
"Páro às vezes, de repente, entre a vida que vai e a que vem, estagno à margem do decorrer. E o assombro de tudo esboroa-se sobre mim.
Há outros momentos em que parece que o universo de repente representa mal e se trai outro, em que pareço subitamente ouvir-lhe outra voz, colher-lhe de relance outra naturalidade, (espaço deixado em branco pelo autor). Como um reposteiro que um vento toque e, num repente (espaço deixado em branco pelo autor), entremostra um bocado irrevelado de qualquer desconhecida e inesperada coisa ..."
ºdçl~çlfºç
Fernando Pessoa (Notas Pessoais, 1913)

quarta-feira, 20 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXVI

City Cowboy

çslºçdlºdç


Estátua na fonte do Parque Eduardo VII
çfºçflºçflçf
Não sei se foi porque estava encostado a uma das barras de ferro do autocarro naquele preciso ângulo cheio de poesia.
Não sei se foi porque trazia o casaco pendurado no dedo e atirado para trás das costas daquela maneira tão blasé.
Não sei se foi porque me fez lembrar imediatamente a linguagem corporal subtil de Jake Gyllenhaal no Brokeback Mountain (e o próprio Jake).
Não sei se foi porque parecia perdido no desfiladeiro citadino, completamente deslocado naquela caravana tórrida movida a gasóleo, a bufar a passo de cágado pela pradaria da estrada de asfalto derretido.
Não sei se foi quando o seu rosto girou para trás daquela maneira vaga e doce, a transpirar por baixo da camisa e da gravata demasiado apertadas.
flkçlfkçfl
Raios! Não sei porque foi.
Só sei que me vieram as lágrimas aos olhos tão subitamente, que tive que desviar o olhar para a paisagem engarrafada.
Quando regressei, ele estava sentado à minha frente, na diagonal, uma perna para fora do acento, sem se querer instalar, claramente sem pertencer ali.
flkçflkfkllf
Continuava deslocado. Continuava com calor. E continuava a fazer-me chorar.
E eu continuo sem saber até hoje porquê. Raios!

terça-feira, 19 de junho de 2007

OS LIVROS DE ANDRÓMEDA - PARTE I

klhgj
klhgj
Bíblia
Vários Autores

flkçlfkklhgj

klhgj
"Génesis
klhgj
No príncipio, Deus criou o Céu e a Terra. A Terra estava sem forma e vazia; as trevas cobriam o abismo e um vento impetuoso soprava sobre as águas.
Deus disse: "Que exista a luz!" E a luz começou a existir. Deus viu que a luz era boa. Deus separou a luz das trevas: à luz Deus chamou "dia", e às trevas chamou "noite". Houve uma tarde e uma manhã: foi o primeiro dia."
klhgj
Um clássico da literatura, se lhe retirarmos a carga religiosa e o encararmos como um magnífico exemplo do relato mitológico de várias gerações de uma civilização milenar. Lendas deliciosas e poéticas; ensinamentos filosóficos profundos; histórias com humor, amor, pimenta e moralidade; seres mitológicos fascinantes que concorrem com qualquer Golum do Senhor dos Anéis; um caldeirão de emoções humanas digno da pena de Shakespeare.
Muitos dos relatos lidos à luz dos actuais conhecimentos científicos são fascinantes, divertidos e inspiradores.

klhgj
Do ponto de vista histórico serve para entender muitos dos atritos religiosos actuais, especialmente para compreender a diferença abissal que existe entre o povo judaico e o seu sucessor cristão, entre judeus e muçulmanos e o incrível legado deixado por um homem, que, mais do que filho de Deus, foi isso sim apenas um extraordinário orador e humanista de carne e osso, um dos grandes filósofos da humanidade.
dlklfk
Uma epopeia insubstituível.
dlklfk
Datas aproximadas:
3760 a.c. - 500 d.c.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

PSICANÁLISE XXVII

One must write, Charlie.
About everything.
ºÇKLFDDKGFLK
A stone ... A book ... The way someone's hand dances ... A wheel of a car ... A child's secret world ... A seagull floating in the wind ... A cigarette burning on an ashtray in a bar at night ... The sound of someone breathing ... The silence that falls like thunder in the middle of a conversation between two people that have known eachother for years ... The touch of a rose petal on a wool blanket ... The intricate games of the mind a serial killer uses to deceive a trained profiler ... The contrast between a white sheet of newspaper and the black letters printed on it describing the red blood splattered across a palestinian street ... A Modigliani slim woman's face ... A boy painting a canned spray grafitti in the middle of the night ... A baby crying inside a pedophile's brain ... David Coverdale's powerful voice ... The space between a blink of an eye and the one that follows ... A star exploding ... The Earth spinning ... My mouth drawing the word love ... A tear splashing the word hate ... A man tripping on a wet surface ...
ºÇKLFDDKGFLK
Everything, Charlie ...
ºÇKLFDDKGFLK
E ... v ... e ... r ... y ... t ... h ... i ... n ... g ...
ºÇKLFDDKGFLK

domingo, 17 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXV

The Paul Auster Book
kfdkflk

Lago no Jardim Botânico
kfdkflk
There's this man at a certain bookstore in Lisbon.
He's about my age, tall, dark hair and blue eyes, like an irish. He's not very handsome. He's just ... different.
He belongs in that bookstore. I bet he doesn't know that. But I can see all the words of all the books he's ever read swimming in his blue eyes, as if they were two blue movie screens.
He’s one of them. He is a book.
kfdkflk
Some people are books.
I am an old english gothic novel. Possibly Charlote Brontë's Jane Eyre. Full of broken hearts, lost love, pain, suffering and hardships and long dresses sweaping floors filled with green and yellow and red dead fallen leaves, twirling in rough winds.
He is a Paul Auster book. Weird, dislocated, disconnected from reality, strange and attractive.
I bought a poet's book that day. He put it into a plastic bag and added a book mark with a poem written by that poet.
kfdkflk
The poem said:
kfdkflk
Quando era criança
Vivi, sem saber,
Só para hoje ter
Aquela lembrança.

É hoje que sinto
Aquilo que fui
Minha vida flui,
Feita do que minto.

Mas nesta prisão,
Livro único, leio
O sorriso alheio
De quem fui então.
kfdkflk
Fernando Pessoa
kfdkflk
kfdkflk
When I left, our eyes locked. We didn't smile. But they did. His Paul Auster's blue eyes and my Charlote Brontë's brown eyes.
Books have a way of recognizing one another, even if their owners don't.

sábado, 16 de junho de 2007

MAGIC MOMENTS 11


ldkfçldkfl fçldkflç

Isto arrepia até à medula ...
ldkfçldkflk

sexta-feira, 15 de junho de 2007

OS LIVROS DE ANDRÓMEDA - PARTE I


çlfºdçlg

Artigo 22 (Catch 22)
Joseph Heller


çlfºdçlg
“Capítulo primeiro
O Texano
çlfºdçlg
Foi amor à primeira vista.
A primeira vez que Yossarian viu o capelão ficou loucamente enamorado dele.
Yossarian encontrava-se hospitalizado, com uma dor no fígado que não era icterícia por uma unha negra. Os médicos estavam intrigados pelo facto de não ser mesmo icterícia. Se se tornasse icterícia, poderiam tratá-lo. Se não se tornasse icterícia e desaparecesse, poderiam dar-lhe alta. Mas aquilo de não ser icterícia por uma unha negra fazia-lhes confusão.”
çlfºdçlg
Li este romance há muitos anos. Mas ficou-me essencialmente este parágrafo, que é melhor do que qualquer resumo que eu pudesse fazer sobre o livro:
çlfºdçlg
“Havia apenas um ardil e era o Artigo 22, o qual especificava que a preocupação de um homem pela sua própria segurança perante perigos reais e imediatos constituía o resultado do funcionamento de uma mente racional. Orr era louco e podia ser dado por incapaz. Bastava-lhe pedir, e a partir do momento em que o fizesse deixaria de ser louco e teria de participar em novas missões. Seria louco se participasse em novas missões e mentalmente são se não o fizesse, mas neste último caso teria de voltar a voar. Se o fizesse, seria louco e não teria de o fazer, mas se não quisesse, estaria em plena posse das faculdades mentais e deveria fazê-lo. Yossarian sentia-se profundamente impressionado com a notável simplicidade daquela cláusula do Artigo 22 e emitiu um silvo de respeito.
- É um bom ardil esse Artigo Vinte e Dois.
- Dos melhores que existem - admitiu o Dr. Daneeka."
çlfºdçlg
Confuso ...? :)

çlfºdçlg
Um clássico contemporâneo imperdível.
çglklkgºdçlg

1923-1999







quinta-feira, 14 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXIV

United Nations
çfdlºçflk

Bandeiras do mundo no Passeio das Acácias - Parque das Nações
çfdlºçflk
Ao meu lado direito, o representante asiático, um jovem ágil e fino como uma haste de bambu, perdido na música dos seus auscultadores Sony (não vi a marca, mas era o mais certo).
À minha frente o representante africano, um jovem Obikwelu alto, de cabeça lisa como um ovo, atlético e imponente, mergulhado na AutoSport.
À frente do delegado africano, o representante anglo-saxónico, um jovem cenoura sardento e frágil, vestido de laranja berrante, provavelmente mergulhado em algum químico da moda, parecido com um vocalista de qualquer banda pop-rock-grundge britânica ou norte-americana.
Ao meu lado esquerdo a cigana, minha companheira habitual de viagem, uma jovem de cabelo claro muito comprido sempre amarrado num rabo-de-cavalo e semblante circunspecto.
Lá à frente uma comitiva educada e silenciosa de nórdicos.
A Europa de Leste estaria também certamente representada, algures, sem se denunciar.
E eu própria, uma mistela de tuga, bifa, paddy e chilena.
çfdlºçflk
As Nações Unidas no autocarro, em trânsito por essa Lisboa fora.
Lembrei-me de Nova Iorque. Lembrei-me do edifício de linhas rectas e discretas da ONU, crescendo em altura até ao céu mais azul que conheço.
Lembrei-me do imenso melting pot que é aquela maravilhosa cidade, mas lembrei-me também duma coisa - que tal como as suas ruas e avenidas traçadas paralela e perpendicularmente quase a régua e esquadro, também o pot de culturas se encontra bem dividido e há poucas misturas - os negros no Bronx e no Harlem, os amarelos em Chinatown, os italianos em Little Italy e Brooklyn, os irlandeses em Queens, e por aí fora.
çfdlºçflk
Olhei para o autocarro das Nações Unidas e perguntei-me se aqui em Lisboa as coisas também acabariam traçadas a régua e esquadro.
Mas talvez não.
Até porque Lisboa é mais curvas, right?

quarta-feira, 13 de junho de 2007

PALAVRAS EMPRESTADAS 18


fk-ldkflk
"Umas vezes a minha vida parece-me vulgar a ponto de não valer a pena não só escrevê-la mas contemplá-la um tanto longamente, sem mais importância, mesmo a meus olhos, que a de outra pessoa qualquer. Outras vezes parece-me única, e por isso mesmo sem valor, inútil por ser impossível reduzi-la à experiência do comum dos homens. Coisa alguma me explica: os meus vícios e as minhas virtudes são absolutamente insuficientes para isso; a minha felicidade fá-lo melhor, mas com intervalos, sem continuidade, e sobretudo sem causa aceitável. Mas repugna ao espírito humano aceitar-se das mãos do acaso, não ser mais que o produto passageiro de probabilidades a que nenhum deus preside, nem sobretudo ele próprio. Uma parte de cada vida, e mesmo de cada vida muito pouco digna de ser notada, passa-se à procura das razões de existir, dos pontos de partida, das origens. Foi a minha impotência para os descobrir que me fez por vezes inclinar para as explicações mágicas, procurar nos delírios do oculto o que o senso comum me não dava. Quando todos os cálculos complicados se revelam falsos, quando os próprios filósofos não têm nada mais a dizer-nos, é desculpável que nos voltemos para a chilreada fortuita dos pássaros ou para o longínquo contrapeso dos astros."
kfjkldjf
Marguerite Yourcenar (Memórias de Adriano)

terça-feira, 12 de junho de 2007

PSICANÁLISE XXVI

I write, Charlie.
And that is the only thing I know for sure. It’s the only thing I’ve ever known for sure, all my life, since I was 8. And it’s the only thing I know now, for sure. The only thing that matters. The rest, everything else, is peanuts ...
fkdkfçldkf
I write. Writing is like breathing. I will always write. I will write until my last day.
I will die over a piece of paper, my hand will slide softly over an unfinished word and that will be my last breath …
jgfkljg
And if it ever should happen that I was prevented from writing, by some reason, I would surely die. Written words are oxygen to me. For written words have kept me alive so many times. And they have never let me down.
jgfkljg
And so I will honor words like gods. I will respect them and work relentelessly to sculpt cathedrals of words. And if it takes a life time to make but two words to match perfectely, I will try that life time.
jgfkljg
And then, one peaceful, blue or rainy day, my aged hand will slide softly over that piece of paper and …
jgfkljg

segunda-feira, 11 de junho de 2007

THE LORDS OF THE NET - Z




“To follow the path:
look to the master,
follow the master,
walk with the master,
see through the master,
become the master.”
Koan Hacker











slkçlskçl
Zen:
Os hackers nutrem uma simpatia especial pela filosofia zen, cujo sistema de ensino e preceitos apresentam inúmeras analogias com o modo de vida da cultura hacker.
No já mencionado The New Hackers Dictionary, “Zen” vem descrito como: Apercebermo-nos de algo através da meditação ou por um súbito flash de iluminação. Originalmente aplicado a bugs, mas ocasionalmente aplicado a problemas da vida em geral.
Exemplo: "How'd you figure out the buffer allocation problem?" "Oh, I zenned it."
slkçlskçls
Discordianismo:
A veneração da filha da deusa Éris, Discórdia (agora também uma lua do novo planeta Éris); muito popular entre hackers. Foi popularizada pelo romance escrito por Robert Shea e Robert Anton Wilson intitulado "Illuminatus!" como uma espécie de Dada-Zen subvertido destinado aos ocidentais - não deve de forma nenhuma ser levado a sério, mas acaba por ser muito mais sério do que muitas piadas.
Exemplo: Quinto Mandamento dos Princípios da Discórdia - "Um discordiano está proibido de acreditar no que lê.”
O discordianismo é habitualmente conotado com uma elaborada teoria/piada da conspiração que envolve uma batalha ancestral entre os adeptos anarco-surrealistas de Éris e uma sociedade secreta malévola e autoritária chamada "Illuminati" (o romance "Anjos e Demónios" de Dan Brown fala desta sociedade secreta, constituída por homens da ciência que foram perseguidos pela Igreja há alguns séculos atrás e que juram vingança).
slkçlskçls
Igreja do SubGénio:
Um sub-credo do Discordianismo lançado em 1981 como uma paródia ao fundamentalismo cristão. É popular entre os hackers como fonte de imaginário bizarro e referências tais como "Bob", o vendedor de equipamento divino, os Xists Espaciais Benevolentes e o Punho de Remoção Stark. Grande parte da teoria do SubGénio está relacionada com a aquisição da substância mística ou com a qualidade da inércia.
slkçlskçls
Koan:
Um koan é uma história, um diálogo, uma pergunta ou uma afirmação utilizados na filosofia Zen, que contém geralmente aspectos inacessíveis ao entendimento racional, mas que podem ser acessíveis à intuição. Um dos objectivos é confundir o hábito do pensamento discursivo ou chocar a mente para que desperte.
Um dos exemplos mais famosos é o seguinte: “Quando duas mãos batem palmas existe um som; qual é o som de uma mão?”.
Para os não iniciados na filosofia Zen (um dos sistemas de pensamento mais difíceis de entender por leigos) os koans normalmente soam como absurdos lógicos totais.
Pelo que foi dito noutros posts deste ABC, percebe-se como os hackers têm um especial apreço por aparentes “absurdos” linguísticos e mentais deste género :)
slkçlskçls
Alguns Koans Hacker:
slkçlskçls
1. Iluminação (Autoria: Tom Knight – um dos primeiros criadores da máquina LISP, no MIT)
Um novato estava a tentar reparar um computador Lisp, ligando e desligando o botão Power.
Knight, observando o aluno, falou severamente: “Não podes reparar uma máquina limitando-te a reiniciá-la repetidamente, sem perceberes o que se passa de errado.”
Knight desligou e ligou a máquina.
A máquina começou a funcionar.
slkçlskçls
2. Vitória
Um estudante estava a jogar um jogo vídeo durante uma aula.
O professor perguntou-lhe o que estava a fazer.
O aluno respondeu-lhe que estava a tentar dominar o jogo.
O professor disse: “Existe um estado em que não tentarás dominar o jogo, e o jogo não te tentará dominar a ti.”
O aluno perguntou: “Que estado é esse?”
O professor disse: “Dá-me o jogo e eu demonstrá-lo-ei.”
O aluno deu o jogo ao professor e o professor atirou o jogo para o chão, quebrando-o em pedaços. O estudante viu a luz.
slkçlskçl
3. Bloco em Bruto
Nos dias em que Sussman era um iniciado, Minsky um dia veio ter com ele, enquanto Sussman “hackava” um PDP-6.
“O que estás a fazer?”, perguntou Minsky.
“Estou a treinar uma rede neuronal ligada ao acaso para jogar o “Tic-tac-toe”, respondeu Sussman.
“Porque está a rede ligada ao acaso?”, perguntou Minsky
"Não quero que ela tenha quaisquer ideias pré-concebidas de como jogar.", respondeu Sussman.
Minsky fechou então os olhos.
"Porque fechas os olhos?", perguntou Sussman ao seu Mestre.
"Para que a sala fique vazia."
Nesse momento, Sussman ficou iluminado.
slkçlskçls
O Livro dos Cinco Anéis
Um preferido dos hackers. Escrito no século XVI pelo samurai Miyamoto Musashi, este livro, a par com "A Arte daGuerra" de Sun Tzu, é um clássico da estratégia de guerra, que pode ser aplicada em qualquer área da vida. O livro descreve 9 passos para a aprendizagem da estratégia:
1. Pensar com rectidão e verdade
2. Seguir o caminho através da prática
3. Familiarizar-se com todas as artes
4. Conhecer os caminhos das várias profissões
5. Distinguir vantagens e inconvenientes nos assuntos mundanos
6. Desenvolver a compreensão intuitiva de todas as coisas
7. Perceber aquilo que não é óbvio
8. Prestar atenção aos pormenores
9. Não fazer coisa alguma que seja inútil



lfdçdlkf
Este ABC foi dedicado a todos os hackers, porque, para além de muitas outras razões, este blog nunca seria possível sem o seu trabalho e arte.
ldflçdkfçl
Muitos dos textos utilizados neste ABC foram traduzidos directamente do livro "The New Hackers Dictionary", outros de trabalhos de vários autores sobre hacking.
lfkçldkf
Information is Power ;)
lkdçlkf
hacker emblem

fçljdjfklkf

domingo, 10 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXIII

Hipopótamo
sçlºçsls


Hipopótamo no Zoo de Lisboa
çfºlºlgsçlºçslsç
Uma é loura, outra é morena. Mas não são nem do tempo, nem do gosto musical do Marco Paulo. A loura é magra e elegante, a morena é gorda, pronto. Não há outra maneira de o dizer. Têm as duas não mais que 14, 15 anos. Vão para o liceu.
Já as tinha visto, mas hoje (naquele dia) uma delas, a morena, cometeu um dos maiores erros da sua vida. Vou fazer de conta que estou a escrever isto no presente para dar maior ênfase à história, porque a esta hora ela já sabe o erro que cometeu, claro. Por isso, vamos fingir que ela ainda não sabe. É normal, não tem mais que 15 anos. Cometem-se muitos erros nessa idade. Mais do que aqueles que queremos admitir. O que vale é que costumam ser perfeitamente inofensivos ... os piores vêm depois, quando somos mais velhos e mais estúpidos (a estupidez por vezes é directamente proporcional à idade, por uma qualquer ironia idiotamente obscura da vida) ... mas isso é outra história e não nos debruçaremos sobre esse tema hoje.
sçlºçslsç
A loira e magra vem vestida com umas calças de ganga e uma camisola às riscas verdes e pretas. Tem cara de estrangeira, mas é portuguesa. O único pormenor digno de nota são uns ténis pretos enormes cujas palas estão espetadas para fora da bainha das calças. Parece que é moda agora. Sempre que vejo estes putos e os seus cabelos à Tim Tim e as suas modas estranhas lembro-me do filho do Marty Fly no Regresso ao Futuro III e dos seus forros dos bolsos virados para fora, à moda do ano 2000 não sei das quantas e de como nos ríamos com o disparate. Pelos vistos os responsáveis pelo guarda-roupa lá sabiam o que estavam a prever.
Não são forros de bolsos virados para fora, são palas dos ténis levantadas, qual Mercúria prestes a levantar vôo. Vai dar tudo ao mesmo.
Se não fosse a morena, os ténis da loira seriam as estrelas da parada. Mas não. Porque a morena está de mini-saia ... E como todos sabemos, nem todas podem usar mini-saia ... Digamos que parece um dos hipopótamos bailarinos do Fantasia de Walt Disney e acho que não preciso de entrar em mais pormenores.
sçlºçslsç
Eu bem vi o olhar da Mercúria loira para as pernas da amiga, enquanto a outra baloiçava à sua frente. Não foi de reprovação sequer. Foi mais do género "Mas onde é que ela estava com a cabeça, meu deus, será que ela pensa que fica bem com aquilo ou que pode sequer ousar arriscar porque é jovem e não pensa e será que lhe passou pela cabeça que talvez até pudesse ser elogiada???!!! fogo caraças pá!!! até me sinto mal ao pé dela ..." Foi mais este tipo de pensamento (as raparigas costumam ter este tipo de pensamentos assim completamente caóticos e ultrasónicos, um bocado difíceis de reproduzir fielmente, sobretudo porque eu não sou o James Joyce).
sçlºçslsç
Saíram no liceu. O que ela ainda não sabe é que vai ter uma manhã ou um dia inteiro inesquecível, pelas piores razões. E que tão cedo não voltará a vestir aquela saia. E que provavelmente irá adormecer a chorar, hoje à noite. Isto é, partindo do princípio que estamos a falar duma morena com 2 dedos de testa, porque pode sempre dar-se o caso de aqui a anedota estar ao contrário e, nesse caso, ela passará por tudo incólume, (graças aos céus!)
sçlºçslsç
Ela não sabe, mas eu sei. E a amiga, apesar de não saber da mesma maneira que eu, intui algo parecido. Daqui a 15 anos saberá explicá-lo com esta minúcia de detalhes. Daqui a 15 anos saberão, como eu, adivinhar muita coisa, antes de porem sequer um pé fora de casa. E não estou a falar de bruxaria ... (mas isso por vezes também não ajuda nada, aliás, ajuda sim, ajuda a tornar os erros ainda mais crassamente estúpidos ... mas isso também é outra história e também não nos debruçaremos sobre esse tema hoje ...

sábado, 9 de junho de 2007

WINGS OF WILL XIV .............................. Quem disse que o Homem não consegue voar?


fkçldkf
Um dos melhores musicais de todos os tempos e o meu preferido dos "oldies" :)
kljgçlgk
Eles corriam imenso nas ruas de Nova Iorque e saltavam e pulavam nos velhos prédios de tijolos encarnados de Greenwich Village e eram leves e atléticos e endiabrados e soberbos bailarinos, todos, todos, todos … E a fabulosa banda sonora de Leonard Bernstein é muito mais do que apenas música.
kljgçlgk
Por favor, aperte o cinto e voe com destreza com os Jets e os Sharks (West Side Story):
kljgçlgk

sexta-feira, 8 de junho de 2007

MAGIC MOMENTS 10


ºçgfºçlkg
Tudo o que este homem escreve, toca e canta é mágico ... mágico ... mágico ...
infinita e eternamente mágico ...
ºçgfºçlkg
ºçgfºçlkg


Get this widget Share Track details

quinta-feira, 7 de junho de 2007

PSICANÁLISE XXV

Perfect People
KFLFKLFǺfçº~çlf
I hate perfect people. I hate them, Charlie.
And I don't give a damn what anyone thinks of me for having these thoughts.
I hate people who have perfect families and perfect relationships and perfect jobs and perfect clothes and petty little perfect lives.
I perfectly hate them.
Because they don't know, but they will go through their perfect little petty lives without ever seeing the excrutiating beauty of imperfection.
Like you, Charlie. There isn't a single thing that works in your pathetic life - even your own dog mocks you. But you're so wonderful, I wouldn't change a single thing about you.

KFLFKLFÇKFLFKLFÇ
Mas o Pessoa, disse isto muito melhor do que eu, neste poema absolutamente genial:
KFLFKLFÇ
POEMA EM LINHA RECTAKFLFKLF
fººdflk
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
KFLFKLFÇ
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
KFLFKLFÇ
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
KFLFKLFÇ
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
KFLFKLFÇ
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
KFLFKLFÇ
Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
KFLFKLFÇ
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
KFLFKLFÇ
Álvaro de Campos

quarta-feira, 6 de junho de 2007

THE LORDS OF THE NET - W





"It seems certain to me that any government
that can see everything we do all the time
will sooner or later feel compelled
to add omnipotence to omniscience,
which are, in the Virtual Age,
much the same thing anyway."
John Perry Barlow







ºçfºl


Witch Hunt (Caça às Bruxas):
A comunidade hacker tem sido alvo ao longo de décadas de uma verdadeira "caça às bruxas" que vale a pena analisar do ponto de vista sociológico, dado que se trata de uma interessante transposição para a era moderna de outras "caças às bruxas" históricas:
ºçfºlf
1. A estigmatização dos hackers emergiu primordialmente de definições erradas feitas pelos media (cujo papel poderosíssimo na informação da comunidade é responsável por consequências gravíssimas ao nível das mentalidades, quando veicula informação incorrecta) e, embora a objectividade e certeza das provas tenha sido desafiada, os media continuam a formatar a actividade do Cyber Underground, persistindo na utilização de definições completamente erradas e na atribuição da responsabilidade de crimes de forma perfeitamente arbitrária, para não dizer mesmo BURRA
ºçfºlf
2. É criado um "pânico moral", no qual os grupos-alvo são sujeitos a um ritual de transformação simbólica em que são definidos como "profanadores da ordem moral sagrada"; esta transformação é uma espécie de "bode expiatório" conveniente que exagera e transforma alguns actos anti-sociais numa miscelânea sucessiva de actos - os alvos acabam por ser perseguidos, não só pelo que fizeram, como também pelos sinais de estigmatização que transportam
ºçfºlf
3. Este tipo de perseguição costuma ocorrer (basta olhar para outros episódios da história da humanidade - sendo o caso mais similar a caça às bruxas na época medieval) em épocas de crise/transição social; as "bruxas" são normalmente marcadas pela sua posse de conhecimentos esotéricos ou proibídos, neste caso, os conhecimentos "esotéricos" são os conhecimentos tecnológicos que uns dominam muito mais que os outros, o que os torna "assustadores" aos olhos dos restantes (um dos principais factores causadores do medo é sempre o desconhecimento - o conhecimento mata o medo)
ºçfºlf
4. Esta perseguição, por sua vez, estimula uma "indústria" destinada a procurar as suas vítimas, fomentando um ciclo vicioso sem saída
ºçfºlf
5. Como estamos a falar de um meio altamente especializado, em que nem a tecnologia nem as suas consequências são entendidas pelo público em geral, a manutenção de suspeita e desconfiança por um lado e o incremento da permissão do reforço da supervisão a especialistas de controlo social (polícias) são perpetuados facilmente e são convenientes ao poder
ºçfºlf
ºçfºlf
No entanto:
ºçfºlf
* O mundo está cruzado por inúmeras redes acessíveis publicamente e extremamente vulneráveis a ataques, e quase nenhuns acontecem apesar de isso poder ser organizado com uma facilidade assustadora, caso houvesse de facto intenção
ºçfºlf
* As perdas e danos atribuídos injustamente à comunidade são geralmente muito inflaccionadas (precisamente para produzirem um "medo" cego e paralisante, que contribui para a perpetuação de uma injustiça)
ºçfºlf
* A comunidade hacker defende a partilha de informação e a disseminação do conhecimento, enquanto o resto da sociedade defende a propriedade - na sua óptica, é responsabilidade social partilhar informação, sendo que a manutenção de informação secreta e a desinformação são, esses sim, os verdadeiros crimes
ºçfºlf
* A comunidade hacker sempre lutou precisamente pela literacia tecnológica, uma vez que o oposto contribui para tornar as pessoas mais vulneráveis à manipulação por parte do poder e da indústria
ºçfºlf
Warez d00dz:
Uma subcultura cracker que obtém cópias ilegais de software protegido por copyright e quebra a segurança contra cópias ilícitas (se o material estiver protegido), para depois o poder copiar e distribuir por todo o mundo, através de diversos canais.
Os Warez (da terminação "ware" - software) d00dz (calão inglês para "gajo" ou "tipo") formam normalmente grupos com nomes "assustadores" como RAZOR e têm eles próprios nicks "maus" como Doctor Death, Deranged Lunatic, Hellraiser, Mad Prince, Dreamdevil, The Unknown, Renegade Chemist, Terminator, Twin Turbo.
Têm boards onde distribuem os últimos "ware" ou programas pirateados e o seu maior desafio é conseguirem obter e distribuir o programa pirateado antes de qualquer outro grupo rival. O maior trunfo para qualquer warez d00d é conseguir ter "0-daywarez" (0 dias de warez), ou seja, conseguir obter cópias de software comercializado copiadas e "crackadas" (com o código de protecção quebrado) no mesmo dia em que é distribuído comercialmente pela empresa detentora do software.
dsfdffd

terça-feira, 5 de junho de 2007

PALAVRAS EMPRESTADAS 17

HERE I GO AGAIN
kjgflkdj
Get this widget Share Track details
kjgflkdj
kjgflkdj
I don't know where I'm going
But, I sure know where I've been
Hanging on the promises
In songs of yesterday
And I've made up my mind,
I ain't wasting no more time
But, here I go again
Here I go again
kjgflkdj
Though I keep searching for an answer,
I never seem to find what I'm looking for
Oh lord, I pray
You give me strength to carry on,
cos I know what it means
To walk along the lonely street of dreams
kjgflkdj
And here I go again on my own
Goin' down the only road I've ever known,
Like a drifter I was born to walk alone
And I've made up my mind
I ain't wasting no more time
kjgflkdj
I'm just another heart in need of rescue,
Waiting on love sweet charity
And I'm gonna hold on
For the rest of my days,
cos I know what it means
To walk along the lonely street of dreams
kjgflkdj
And here I go again on my own
Going down the only road I've ever known,
Like a drifter I was born to walk alone
And I've made up my mind
I ain't wasting no more time
kjgflkdj
But, here I go again,
Here I go again,
Here I go again,
Here I go...
kjgflkdj
cos I know what it means
To walk along the lonely street of dreams
kjgflkdj
And here I go again on my own
Going down the only road I've ever known,
Like a drifter I was born to walk alone
And I've made up my mind
I ain't wasting no more time...
kjgflkdj
But, here I go again,
Here I go again,
Here I go again,
Here I go,
Here I go again...
kjgflkdj
Coverdale/Marsden (Whitesnake)

segunda-feira, 4 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXII

Hells Angels
flºçdlf
Risco contínuo na estrada
dlklkflºçdlf
Há muitos anos atrás, um engenheiro de som ensinou-me a distinguir o ruído muito característico e único do motor de uma Harley Davidson. Embora seja difícil reproduzi-lo em palavras, tentarei - afinal, é essa a minha tarefa nesta vida (ou pelo menos eu acredito que seja) - tentar reproduzir qualquer coisa em palavras, até a música de uma Harley.
A melhor analogia que consigo encontrar é um vinho. Um vinho muito bom, muito velho e muito enriquecido. O som do motor de uma Harley é mais encorpado, menos agressivo aos tímpanos, escorrega melhor pelo canal auditivo e deixa um rasto agradável no palato sonoro.
flºçdlf
Por isso, na quinta-feira passada, quando os começámos a ouvir chegar ao hotel perto do escritório, eu e um colega, parecíamos 2 putos a ver quem distinguia mais Harleys à distância. E eram tantas!
Os Hells Angels tinham invadido o nosso pedaço de Lisboa. E não pararam de chegar até sexta à tarde. Vinham de todo o mundo. Os blusões com a insígnia (uma caveira de capacete com asas - chamada "DeathHead") eram todos semelhantes, apenas a origem mudava - California, Massachussets, Boston, Brasil, Austria, Holland, Switzerland.
Eram todos grandes, duros, com rostos agressivos (não estou a exagerar, eram mesmo agressivos, do género, dás-me um encontrão e não vives para contar a história), cravejados de tatuagens, com cabelos muito compridos e atados em rabos-de-cavalo (os da velha guarda) ou muito curtos, quase rapados (os da nova geração).
Alguns, descobrimos depois pelo Correio da Manhã, eram cadastrados e seriam todos, por isso, vigiados pela Polícia Judiciária, durante o encontro não publicitado que se realizou nessa sexta-feira, em Vila Franca de Xira.
E nós tivémos o privilégio de os poder observar dois dias inteiros (ok, eu confesso, até usámos binóculos!) enquanto chegavam ao hotel montados nas suas magníficas obras de arte de 2 rodas.
flºçdlf
Hão-de explicar-me é como é que Hells Angels cadastrados se alojam em Hotéis de 4 estrelas, vão almoçar à Telepizza em frente e trazem bagagem e mulheres de Transfer desde o aeroporto ... Das duas uma, ou já não se fazem Hells Angels como dantes, ou então o cadastro deve ser muuuuuuuuito antigo.
De qualquer das maneiras, percebe-se. Uma Harley custa os olhos, os braços e as pernas a um homem e é preciso tratá-las como o que são - as rainhas de qualquer asfalto.
flºçdlf
Na sexta-feira à tarde tinhamo-nos levantado umas 200 vezes para ir ver as Harleys e os seus Angels passarem e ficámos empatados na contagem das rainhas.
Quando se é contaminado pelo som de uma Harley, nunca mais se fica curado :)


Safe trip back to Hell, Angels.

ldklçd



flºçdlf