domingo, 26 de janeiro de 2014

MURMÚRIOS DE LISBOA CXVIII

The Secret Name of God

We call it God. We should call it something else ...
I know ...
I feel it. I felt the change. Every change in my own body.
I used to fall in love every week! I used to desire every day! I used to have ups and downs every hour!
And then they messed with my body. They put chemicals in it. A lot! A load of potent, strong, lethal chemicals, designed to kill the most lethal of deseases. In the process they also killed my good cells, my quiet cells, my secret cells.
I became clean of the cancer. But also clean of "vision", clean of depression, clean of highs and lows.
Then they messed some more with my body. They took my ovaries. They forgot to warn me. I became again clean of danger. But also of desire. And of life.
Now I feel empty. Life is less. I thought it had to do with my mother's death. I came to realize it had nothing to do with that. It's the lack of the ability to produce life.
They call it menopause. When a woman looses the gift of life she also looses the gift of enjoying life. It all makes sense. Life is now telling her - you're useless, because you can't procriate, so you're useless to me now, so now you don't need to feel anymore.
Empty. Devoid. Of everything. Not just desire for flesh, but desire for all things. Yellow doesn't look like the same yellow anymore. "Every breath you take" doesn't sound like the real "Every breath you take" anymore. New York is not the same New York anymore. Orange doesn't taste like orange anymore. Everything is less. And less is no longer more.
I don't fall in love every week anymore. I don't need that anymore, my body tells my brain. I feel like a serial killer, who has to go to extremes to feel something, so he kills. I don't kill. I've been killed. But I continue, like a zombie. Rubbing myself against life in a worthless effort to feel something again.
They call it God. They should call it something else. I know.
They should call it PTE - Periodic Table of Elements. They are our Gods. Tiny, invisible, powerfull, hipnotic gods. They rule our lives in secret. The irony of it is that they do it in the open, in front of our eyes. They are everywhere, everywhere we look, all around us, inside and outside of us. And yet we don't see them. We don't aknowledge them. We pass them, blind, deaf, like moths attracted to the light of an inexistent, worthless God we think lives above us, somewhere up in the sky. It doesn't.
They're right here among us. They are so many. They are so resilient. They are so flexible. They are so versatile. They are capable of acting their powers all alone and they can combine between themselves to create powers even greater.
Their names? Oxygen, Nitrogen, Carbon, Magnesium, ...
 

sábado, 25 de janeiro de 2014

Macro Secrets 210

 
Geniuses are those who remain our idols
even after we grow mature
 

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Macro Secrets 209

 
 
The problem is not "Romeo and Juliet".
The problem  is the movie that SHOWS us "Romeo and Juliet"

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Macro Secrets 208

 
I am doing my own "Mitty" thing.

sábado, 18 de janeiro de 2014

MAÇÃS

 
 
Somos como maçãs. Exactamente como maçãs.
Nascemos em árvores que são as nossas mães, crescemos nos seus ventres de resina amniótica e caímos pelos troncos das suas pernas abertas para tombar nos chãos dos pomares das vidas que nos estão designadas.
Como maçãs, começamos por ser verdes e rijos, um pouco insípidos no início e inodoros, porque ainda não fomos regados pelas vicissitudes da vida que nos darão aromas e cores variadas.
Como maçãs, somos colhidos (às vezes como os touros) e vamos amadurecendo a diferentes ritmos consoante a nossa qualidade.
Como maçãs, há infinitos tipos de nós, com diferentes graus de amadurecimento e diferentes qualidades.
Uns de nós permanecem mais verdes durante mais tempo.
Outros há que apesar de parecerem verdes no exterior, enganam porque quando são descascados revelam maleitas várias.
Há os que amadurecem todos por igual, exterior e interior.
Há os que amadurecem serenamente, outros mais rapidamente.
Haverá também quem pareça durar para sempre, exalando um suave e doce aroma que teima em não se extinguir.
Como as maçãs, se nos quiserem, deverão comer-nos (literal e metaforicamente) a tempo, ou corremos o risco de ser abandonados, sem termos cumprido a nossa função na totalidade.
Como maçãs, podem trincar-nos sem nos descascar, comer-nos nus, assar-nos, misturar-nos em salada com outras frutas, fritar-nos para acompanhamento gourmet, usar-nos como sobremesa, entrada ou prato principal. Podemos ser "uma maria vai com todos" ou altamente selectivos. Talvez dependa isso em grande medida dos temperos que nos adicionem, leia-se, os carinhos ou insultos com que nos presenteiem.
Como as maçãs, todos acabamos por começar a apodrecer. É esse o fim inevitável de uma maçã, tenha ela a qualidade que tiver. Lentamente, inexoravelmente, com diferentes tempos, toda a maçã apodrece. Não é algo bonito de se ver (como se comprova pela fotografia que acompanha estas palavras), nem de se cheirar. Mas é algo inevitável. Apodrecer no verdadeiro sentido da palavra. A nossa pele, os nossos órgãos, as nossas funções, as nossas células começam a dar de si, a cansar-se, a desistir ou a ser acometidas de fungos, bactérias, vírus, cancros, e a "cheirar mal".
Isto estaria tudo muito bem, não fosse uma pequena diferença que nos distingue das maçãs. Uma diferença que faz toda a diferença.
Felizmente para as maçãs, elas não são providas de cérebro e, portanto, não podem assistir nem ao seu próprio apodrecimento nem ao das suas colegas maçãs com quem partilharam os pomares das suas vidas.
Nós podemos. E tentamos, com os nossos intrincados, complexíssimos, complicadíssimos cérebros rodear a questão. Inventamos filosofias e religiões que nos fazem acreditar que há vida depois da podridão, onde o verde persistirá eternamente, inventamos palavras e emoções como "amor", "felicidade", "espírito", "justiça". Somos capazes de ir à lua e voltar para enrolar os simples factos da vida para os quais a nossa inteligência não encontra justificação que nos satisfaça - tal e qual como as maçãs, nós apodrecemos. Ponto.
Não há outra maneira para dizer a coisa.
Lamento.

domingo, 5 de janeiro de 2014

DOMINGO NEGRO

 
 
Só hoje, enquanto reflectia sobre a sua morte, é que me apercebi de um pequeno pormenor na única e preciosa história que tenho com o Pantera Negra. Quero partilhá-lo.
 
Trabalhei com Eusébio para um anúncio estúpido do Totogolo em que participei há mais de 15 anos como copywriter. Relatei já aqui os pormenores dessa saga, mas sempre me falhou um que, curiosamente, fez luz na minha cabeça hoje enquanto me recordava dele.
A certa altura Eusébio refugiou-se para tentar decorar as palavras estúpidas que eu tinha escrito para ele dizer e que lhe estavam a custar a pronunciar direitinhas e sem falhas. Refugiou-se lá em baixo, na base das escadas que dão acesso aos balneários. Fui encontra-lo sentado numa cadeira a tentar decorar as minhas palavras e a repetir para si mesmo "Eu consigo! Eu consigo!". Hoje percebi que sempre vira este episódio da forma errada, ao contrário. Ele não foi refugiar-se para a base das escadas que davam acesso aos balneários, ele foi refugiar-se na base das escadas que vinham do balneário para darem acesso ao relvado! Ou seja, Eusébio procurou o sítio que lhe era mais confortável, a que estava mais habituado e que fazia parte do seu percurso mais habitual. Para Eusébio tudo na vida é "entrar no relvado", como para um actor tudo na vida será "entrar no palco". O relvado era e sempre foi o palco de Eusébio.
 
Desse dia recordo a sua alegria quase infantil, aos 60 anos, quando tocava numa bola.
E recordo sobretudo a sua profunda, comovente, extraordinária humildade. É essa humildade que transforma os melhores em Gigantes. Eusébio era e será sempre um Gigante do mundo.