Bor VII
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Macro Espuma
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Levantou-se. Piscou os olhos. Ali a profusão de cores era exorbitante. E de formas. E de materiais. Havia cubos e paralelipípedos e esferas coloridas feitas de espuma espalhados por todo o lado. Escorregas virtuais. Baloiços suspensos no ar. Uma multiplicidade de jogos educativos e gincanas destinados à aprendizagem das crianças. No meio da Praçeta um grupo de dez crianças sentadas em círculo ouvia atentamente as emissões da Mãe-Instrutora que zumbia no centro do círculo a poucos metros do solo.
Deixou-se ficar onde estava, a ouvir.
“Bzz … A célula é implantada num óvulo. Esta célula tem exactamente o mesmo ADN da célula-emissora. O processo chama-se clonagem … blink blink …”
A emissão da Mãe-Instrutora era acompanhada por imagens esquemáticas num plasma virtual suspenso no ar por cima das crianças.
Observou o plasma. Depois as crianças. Todas atentas, sem pestanejar. De olhos fixos no plasma e ouvidos atentos. Uma música suave tocava em fundo.
A Mãe-Instrutora continuou:
“É assim que se processa o vosso nascimento … pritl … O ADN do ascendente é inserido no … bzz … núcleo da célula receptora e mantido em colheita … crip … até germinar completamente e começar o processo de multiplicação … blink blink …”
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Bor desligou-se do que a Mãe-Instrutora dizia e observou com mais atenção as crianças. Calmas. Quietas. Atentas. Os olhos vítreos. Pestanejou e cofiou a sua barba. Também ele fora uma daquelas crianças. Mas não um clone, como estas eram. A sua geração ainda nascia normalmente. Mas depois o processo seria sempre o mesmo. Estas crianças não conheciam os seus pais, como ele conhecera o seu pai e o seu avô. Esse privilégio acabara na sua geração. Mas, tal como elas, também ele viveria apenas 80 anos. Depois realizava-se um pequeno ritual de passagem, consoante fosse clonagem ou descendência.
Na clonagem, o ascendente doava uma colheita de células da parte do corpo escolhida por si e depois era posto a dormir eternamente. Podia ter a presença do seu companheiro, se assim o desejasse e se ainda o tivesse. No caso da descendência, contribuiria com o seu próprio corpo e uma mãe daria à luz a criança que, de acordo com Grug, seria enviada para outro local.
Ele tinha 44 anos. Estava precisamente a meio da sua vida. Faltavam-lhe exactamente 35 anos, 3 meses e 4 dias para terminar a sua vida. Suspirou. Mas, de acordo com o que Grug lhe dissera, tinha uma alternativa. Podia continuar a viver eternamente dentro da Rede. Ou podia acabar quando quisesse. Podia escolher.
dflç~
A Mãe-Instrutora rematou a lição:
“Cada um de vós tem 80 anos de vida. São essas as regras da clonagem. Nem mais um dia, nem menos um dia … bzz … cripl … 80 anos.”
dfkdsçf
80 anos … 80 anos … ou a eternidade …