segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Where The Streets Have No Name

Bor VI
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Macro Gomo Limão
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Porque houvera uma guerra quando os humanos mandavam. E as Mães tinham ganho a guerra. E por isso é que agora existiam Cúpulas e o Efeito de Estufa e céus cinzentos em vez de azuis. Era tudo uma confusão danada. Já não sabia o que havia de pensar. Em quem havia de acreditar.
O outro tipo estava a olhar para si? Ou para as notícias no plasma? Baixou os olhos e fingiu ajustar o zip dos seus ténis de folga. Depois decidiu continuar o passeio até à Praçeta dos Cheiros. Ali não era estranho descansar um pouco e pensar. Fingiria estar simplesmente a inalar os agradáveis odores de rosas, canela, limão e maresia. Apesar de que preferia mil vezes levar com o vento na fuça na sua própria varanda. Só que o EE tinha aumentado mais 0,4% e ele já ontem fora lá para fora sem protector solar.
A coisa mais estranha que o Grug lhe explicara fora isto:
(decorara as palavras todas porque era de facto a informação mais louca de todas)
“No tempo do teu tetra-avô sabes o que é que o Lamba seria chamado? Um homossexual. Um tipo que gosta de homens. Que é o que ele é, mas não sabe. Aliás, ninguém sabe realmente o que é, porque ninguém tem relações até ser inserido no Treino para o Programa de Descendência. E o que é que tu julgas que te fazem lá? Inseminam-te artificialmente com sémen dum tipo qualquer que elas escolhem. Depois és obrigado a ter sexo com uma tipa qualquer que não conheces de lado nenhum. E, se tudo correr bem, a tipa dá à luz uma criança que tu nunca mais vês na vida porque é enviada para pais adoptivos duma cúpula doutro continente qualquer.”
Perguntara ao Grug o que era sexo. Ele respondera:
“Bem ... sabes quando dás ao pirilau? É isso só que em vez de estares sozinho é meteres o pirilau dentro duma gaja. E dizem que é bom, Bor. Há tipos aqui que dizem que é a melhor coisa do mundo. Eu já experimentei virtualmente, claro. Com uma tipa ARLI. Só que ela diz que não é a mesma coisa. Foi bom, Bor. Faço ideia o que seria na realidade. Se puderes, experimenta. Arranja maneira de o fazeres. Eles dizem que não se viveu se não se experimentou isso. Principalmente quando se gosta da outra pessoa. Gostar realmente.”
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O dia ainda mal começara e já tinha a cabeça em água só de pensar naquelas coisas todas. Sentou-se num dos bancos da Praçeta, junto de uma roseira carmim e ficou por momentos apenas a inalar o cheiro doce e intenso tão característico das rosas.
Sexo. Parecia-lhe tudo errado. Tudo ao contrário. E ao mesmo tempo, num reduto qualquer do seu interior, havia qualquer coisa a encaixar, subtilmente, como se desde sempre uma peça tivesse andado à deriva dentro de si e agora tivesse finalmente encontrado o seu destino.
Pensou em Lamba e no seu comportamento do outro lado do vidro. Homossexual. Obviamente que Ilac não deveria ser também homossexual, ou não se queixaria tanto do seu companheiro. Grug nunca o incomodara. E ele também nunca se sentira inclinado para fazer nada insano a Grug. Mas o que seria ele? Como saber? Nunca pensara sequer nisso. Aguardara pura e simplesmente a ordem de entrada no Programa de Descendência. Podia escolher entre o Programa de Descendência ou o Programa de Clonagem. E ele optara pelo primeiro porque sempre quisera ter uma família. Sentia-se sozinho. Mas pelos vistos, afinal, ia dar tudo à mesma, segundo o que o Grug lhe dissera. Nem sabia porque julgara que fosse diferente. Já não se lembrava de muita coisa da Praçeta de Aprendizagem.

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