domingo, 6 de fevereiro de 2011

Here I Go Again On My Own

Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno XI
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Macro Pena Sintética Roxa
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Selfid pigarreou e olhou em volta. O terraço onde estavam encontrava-se recheado de vegetação luxuriante. Ouviam-se pássaros a chilrear e água a correr, algures no meio do verde. Por cima deles um céu azul brilhante com um sol e uma lua e a separá-los uma magnífica aurora boreal. C. pensou que havia algo de estranho com aquele azul, mas não sabia precisar exactamente o quê.
"Bom, como já deves ter reparado, estás num mundo diferente daquele onde te costumas mover."
C. fixou-a, vazio.
"Tens razão, tu não sabes qual é o mundo onde te costumas mover. Será melhor talvez começar pelo princípio de tudo. Mas vou só resumir brevemente os capítulos que irei desenvolver de seguida. Sou muito organizadinha. Graças a isso é que consegui fazer isto.", e ao mesmo tempo que dizia aquilo os seus braços abriram-se para abarcar o espaço em seu redor. Deu uma reviravolta sobre si mesma e sentou-se novamente, as asas verdes escamadas em descanso por trás das costas.
"No princípio havia o mundo.", soltou uma risadinha, como se estivesse a partilhar uma piada privada, mas que C. não entendeu, "Depois veio a guerra e o mundo foi destruído. Os que ficaram resistiram, mas não por muito tempo. A sua luta e a sua aniquilação fazem agora parte de lendas e mitos alguns deles muito alterados. Outros houve que foram mais inteligentes e decidiram entrar directamente na rede que os estava a destruir. Esses, como tu, sobreviveram, mas deixaram de ser humanos, de ter corpo."
C. olhou para si próprio. Mas ele tinha corpo.
"Uma ilusão, aliás como tudo o que vês aqui à tua volta. Os tais, como tu, que sobreviveram, os ARLIs, vivem algumas camadas mais acima daquela onde nos encontramos, de acordo com os seus próprios termos. Constituem a Resistência e tentam lutar contra o sistema. Não têm conseguido muita coisa, mas persistem. O resto de nós, os freaks como lhes chamo, elaboraram os seus próprios nichos e lá vivem. Há muitas espécies de freaks a vaguear por aí. Como o Techi que te ia enviando desta para melhor. Como eu, um avatar. Um avatar é uma espécie de duplo tecnológico imaginário de um humano. Quando o mundo ainda era mundo, os avatares eram controlados pelos humanos que os criavam. Quando o mundo deixou de ser mundo e esses humanos desapareceram, os avatares que haviam sido por eles criados ficaram aqui à deriva. Alguns morreram. Somos frágeis, muito frágeis.", a voz de Selfid baixou e ficou quase um sussurro, "O Cemitério Virtual está apinhado de avatares.", C. julgou ver uma pequena lágrima reluzir no canto do seu olho esquerdo, "Outros, como eu, conseguem sobreviver porque são um pouco mais inteligentes e rodeiam-se de ... podemos chamar-lhes alianças úteis.", os seus olhos baixaram por momentos e C. percebeu que aquele assunto das alianças era um tema sensível para ela, "Foi o que fiz. Rodeei-me de aliados úteis, mais fortes do que eu. E criei este mundo. Um pouco à semelhança do mundo onde fui criada. Os avatares vivem esfomeados por sonhos, ilusões, fantasias. É essa a sua essência. Depois entenderás. E eis-te aqui, comigo, no meu mundo, onde és muito bem-vindo.", parou um pouco e suspirou.
"Ok ... agora podias recapitular tudo com mais calma? O que é que me chamaste, exactamente?"
"ARLI - Artificial Life. Sim, agora vamos ao início novamente. Quando o mundo ainda era mundo."

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