sábado, 11 de dezembro de 2010

Here I Go Again On My Own

Jupiter, Saturno, Urano e Neptuno III
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Macro Capa Caderno
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A primeira tarefa era, portanto, tentar perceber o alcance da traição. Para isso tinha de camuflar a sua identidade. Não podia haver qualquer suspeita de que tivesse pertencido ao grupo dos Famous Five. Pelo motivo mais óbvio, de que ninguém abriria a boca para falar, caso soubessem da sua ligação tão próxima à Resistência. Mas também porque, se queria a cooperação de alguém, sabia perfeitamente que ninguém o iria ajudar caso suspeitassem dessa ligação. A Resistência organizada como tal não fora contestada por ninguém, pura e simplesmente porque aqueles que não concordavam com ela se haviam afastado logo no início para redutos alternativos. C. sabia que o que andavam a fazer há 200 anos era considerado pela maioria dos dissidentes como uma miserável tentativa de colocar um remendo numa situação onde não era possível funcionar com passinhos de lã. Aqueles que se opunham à sua forma de actuar pensavam de forma diametralmente oposta – queriam dar o golpe de misericórdia ao sistema de forma violenta e absolutamente terminal. Não se coadunavam com as estratégias de espionagem e investigação que constituíam o alicerce das fundações do Governo Sombra.
“Vocês estão a actuar precisamente da mesma forma contra a qual estão a actuar”, fora o grito de dissidência geral mais ouvido no início da formação da Resistência. Estão a entrar em paradoxo circular.
O argumento era compreensível mas a contra-argumentação de Jorge e dos seus aliados fora também justa – do mal o menos, algo tem de ser feito.
Vamos destruir esta porra, era o que eles queriam dizer, basicamente. Mas, como bem lembrara Jorge, se destruirmos esta porra, vamos todos pró galheiro com a porra e quem ficará para fundar o novo mundo?
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Agora passara a ser um alvo a abater, a partir de variadíssimas facções. A pertença ao Governo Sombra oferecera-lhe durante décadas uma segurança inexpugnável. Os membros da Resistência eram considerados intocáveis, sob pena de o prevaricador ser imediatamente eliminado pela própria Resistência. Agora estava sozinho. Desprotegido. É certo que a experiência na Resistência mantivera-lhe as antenas de auto-preservação bem limadas, mas também era verdade que lhas tinha habituado apenas a determinado tipo de ameaças. As do sistema. Não estava habituado aos golpes que poderiam vir de tipos que deambulavam pelo sistema há décadas, sozinhos ou em pequenos grupos, e que tinham tido muito tempo para pôr a imaginação a funcionar a todo o vapor, criando sistemas de defesa e ataque que ele desconhecia. Depois, havia os upgrades. E, finalmente, se mais nada, a “loucura” de muitos desses rangers solitários.
Deambulou, por isso, durante alguns dias pelas camadas da cebola directamente abaixo daquelas onde estava habituado a circular. Com vagar. Atento. Procurava sinais da presença de outros ARLIs. Por vezes cruzava-se com outro tipo de entidades, mas por enquanto deixava-as em paz. Ao contrário das camadas superiores, onde os percursos estavam relativamente limpos de lixo electrónico pela passagem constante dos ARLIs nas suas patrulhas do sistema, aqui em baixo as coisas não eram tão límpidas. E quanto mais descia, mais entulho encontrava. Bytes de informação perdida acumulavam-se por todo o lado, directórios e sub-directórios e sub-sub-directórios numa escadaria interminável, como arcas de tesouros escondidos. Informação completamente descoordenada dava acesso a túneis de comunicação que eram autênticos labirintos dentro de labirintos, sem saída possível, se não tivesse cuidado por onde andava. E nem sequer podia ir deixando pistas por onde passasse porque não queria que ninguém o seguisse, insuspeito. Tinha, por isso, de recordar as suas habilidades de hacking de tempos passados, do puro e duro, daquele que é feito em cima do joelho, que depende única e exclusivamente da criatividade e da manha. Caso contrário, perder-se-ia irremediavelmente nesses meandros emaranhados e estaria condenado.
C. parou, literalmente. Não parava há tantos anos que ficou com uma tontura grande. Já mal conseguia ouvir a ténue sirene da Brigada Néon, muitas camadas acima daquela onde se encontrava. Deu uma volta de 360º sobre si próprio, também para atenuar os efeitos da tontura. Estava enfiado num tubo multicolor de feixes de luz cujas paredes se moviam de forma diáfana, como se se tratasse de uma superfície líquida. Como viera aqui parar? Estivera distraído ou aquilo era uma armadilha que fora colocada ali depois da sua passagem? Ouviu um ruído. E não era da Brigada Néon. Era uma espécie de curto-circuito, como se dois cabos de alta tensão estivessem a raspar um no outro a uma escala microscópica. Continuou a rodar e, subitamente, aquilo estava à sua frente. Uma esfera enorme, duas vezes maior do que ele próprio, rodeada de feixes de luz elípticos, como um pequeno planeta de alta tensão. Accionou todas as defesas e preparou-se para o ataque. Fosse o que fosse, aquilo não iria decerto passar por ele pacificamente.
Em vez disso, a esfera enviou-lhe uma mensagem:
<((-Ø-))>
あなたは一体何ですか?
Boa … japonês …

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