domingo, 30 de novembro de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

LECCIONAR
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Mesa alta da extinta Livraria Byblos

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"Só acreditaria num Deus que soubesse dançar."
Friedrich Nietzsche
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Foram duas mulheres os meus Professores Keating, por assim dizer. Duas mulheres que mudaram a minha vida e a marcaram de forma irreversível. Duas mulheres com M, curiosamente - Manuela e Margarida. Uma foi minha professora de Filosofia, a outra minha professora de Ballet Clássico e Dança Jazz.
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A Manuela ensinou-me a questionar tudo, a Margarida ou Gigi, a dobrar todos os músculos que é possível dobrar. Ambas me apanharam na idade exacta para conseguir aprender a fazer estas coisas de forma natural e instintiva. Uma ajudou a moldar uma parte muito importante do meu cérebro, a outra ajudou a moldar quase todo o meu corpo.
Continuam em mim, sempre. Ainda. Continuarão até eu morrer. Os seus ensinamentos, os seus desafios, a voz pausada e segura da Manuela, os berros fortes e energéticos da Margarida. Há frases que permanecem sempre comigo e ainda as consigo ouvir: "O senhor das consoantes" (como a Manuela chamava ao filósofo Nietzsche), "Levanta essa perna, Marta! Mais! Mais! Mais!"
Uma ensinou-me a usar o cérebro de forma criativa, "out of the box". A outra ensinou-me a amar o suor.
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Leccionar para mim é isto. Há poucos, muito poucos que o façam bem. Com paixão, com conhecimento, com inspiração, com futuro escrito em cada palavra, ou cada gesto que partilham. Sem medo de ensinar a questionar. Sem medo de exigir nada menos que o melhor.
A Manuela e a Margarida faziam-no. Como o Professor Keating do filme O Clube dos Poetas Mortos, ensinaram-me a olhar para a vida do topo da mesa.
Tantas vezes me sinto como o Todd, a cair na cadeira ... a cair na cadeira ... a cair na cadeira ... empurrada pelos estúpidos desta vida, pelos quadrados desta vida, pelos prepotentes desta vida, pelos egoístas desta vida, pelos estapores desta vida, a cair na cadeira ... a cair na cadeira ... mas sempre me lembro daquilo que consegui graças aos vossos ensinamentos e logo uma nova esperança me faz levantar da cadeira de novo ...
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Para vós, Manuela e Margarida. As minhas professoras. As minhas mestras. As minhas capitãs.
Obrigada.
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quinta-feira, 27 de novembro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 48

Caminho Para Perdição
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"May you get to Heaven an hour before the Devil knows you're dead "
John Rooney (Paul Newman)
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Este foi o último filme do extraordinário Paul Newman. E as lições que se aprendem apenas a observar este senhor são insubstituíveis, valiosíssimas e talvez difíceis de explicar. Tentarei. O filme conta a história de uma família de assassinos, o crime organizado irlandês, nos EUA, há algumas décadas atrás. Tom Hanks foi o escolhido para representar o órfão recolhido pelo patriarca Paul Newman, forçado por gratidão e pela força dos laços familiares assim impostos a tornar-se num "hitman", um assassino por conta de outrém, vulgo o típico cobrador de dívidas que aparece para colectar, seja o dinheiro, seja a vida, caso aquele não apareça.
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Posto isto, vamos ao que interessa. A cenografia do filme é soberba (ou não fosse o primoroso Sam Mendes o seu realizador), oferecendo a atmosfera negra, crua e misteriosa que o tema exigia. O enredo é extraordinariamente bem construído e a palavra de ordem é a economia. Economia de palavras, de movimentos de câmara, de história. Cada personagem é rigorosamente desenhado logo na primeira cena em que aparece, pelas acções ou pelo ambiente em que se move, de forma precisa como um traço de Dali. A escolha de Hanks (que não tem nada de "hitman"!) é no ponto - o seu rosto bondoso transmite na perfeição o assassino que assassina por dever, por gratidão, porque tem de alimentar a família, e não por vocação. E ver o anjo de Boticelli Jude Law no papel de um jornalista sem escrúpulos e sem dentes, é muito engraçado.
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Finalmente, no meio de toda esta precisão suíça, temos Paul Newman, o virtuoso da relojoaria da representação. Sabemos o que esperar dele. Sempre. A perfeição. E ele corresponde sempre. Com a perfeição. Existe uma elegância e uma economia de gestos e expressões, única. A sua imagem de marca, creio. Nada é desperdiçado, quando basta um olhar para transmitir um conjunto de emoções precisas. Paul Newman devia ser mostrado a todos os alunos de representação e de realização numa disciplina intitulada "Economia Expressiva". Sam Mendes compreende bem o diamante que tem em mãos e não faz muitos movimentos de câmara quando o filma. Não é preciso. O seu rosto, sobretudo os seus olhos, a sua presença coreografada até ao ínfimo detalhe, fazem todo o trabalho que a câmara tem muitas vezes de fazer com outros actores menos competentes. Paul Newman podia levar um filme às costas o tempo todo, que não cansaria nunca. O seu corpo, a sua voz, as suas mãos, os seus olhos, as suas emoções são um livro inteiro. E para entender isto, faça-se um exercício simples que costumo fazer de vez em quando - retire-se o som ao filme e observe-se apenas o rosto. É assim que se topam os bons actores. Sem som, continuam a transmitir milhentas coisas.
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A cena final é uma enciclopédia de cinema nos ombros de uma única pessoa e um momento belíssimo orquestrado por Sam Mendes. Sem o saber, Mendes acabou por oferecer a Newman uma digna "saída" de cena derradeira. E mais não digo para não estragar o final, para quem não viu.
I take my hat for you, Mr. Newman. And I already miss you so very much.
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E o cheirinho do filme:
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quarta-feira, 26 de novembro de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 38

I Wish I Was Steve McQueen
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Foram muitos os que o tentaram imitar, nenhum conseguiu. Porque a sua pose não era pose, era natural.
Nos filmes Steve McQueen não precisava sequer de abrir a boca (aliás, falava sempre pouco), e isso é absolutamente extraordinário. Ainda assim, há sempre certezas sobre os personagens que interpreta. Que, por exemplo, sempre que ele aparece haverá barraca da grossa para os maus. Que, por exemplo, haverá sempre muita acção, sejam quais forem as circunstâncias. Que, por exemplo, o bem vence sempre, nem que seja num filme do Steve McQueen ... valha-nos isso ...
Porque, como uma seta ligeira, como um cão de fila pequeno e arrebitado, como um mercúrio veloz e atlético, Steve não largará as suas presas até os deixar completamente k.o.'s
A prova de tudo isto é que passados 28 anos sobre a sua morte, Steve McQueen ainda vende produtos em campanhas publicitárias. E isso só muito poucos se podem gabar de conseguir.
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Porque é que eu gostava de ser como ele? Porque às vezes, só às vezes, apetecia-me arrear alguns alguéns e a seguir refastelar-me no sofá com um cigarro na boca e um sorriso descarado, sem um pingo de remorsos na consciência ... because justice would have been done ... Talvez faça como no aúncio que se segue, "if you build it, he will come", construa uma estrada e quem sabe ... ele não aparece para me ajudar? ...
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Ladies and gentlemen, the incomparable Steve McQueen:

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

NOTORIOUS NUMBERS

1001
O Número das Arábias
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Em árabe: Kitāb 'alf layla wa-layla. As Mil e Uma Noites. Trata-se de uma colecção de histórias recolhidas ao longo de muitos séculos por vários autores, tradutores e escolásticos pelo Médio Oriente, África do Norte e Índia. Esta colecção tem raízes na literatura antiga arábica, persa, indiana, egípcia e mesopotâmica. Pensa-se que as histórias mais antigas datem do século IX.
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Comum a todas as histórias presentes nesta colecção é a narrativa inicial do Rei Shahryar e a sua mulher Scheherazade, que consiste no seguinte: O rei, após descobrir a infidelidade da sua mulher, manda executá-la e depois declara que todas as mulheres são infiéis. Começa por casar com uma sucessão de virgens que executa todas as manhãs. Eventualmente, o vizir não consegue encontrar mais virgens para o rei e a sua filha, Scheherazade, oferece-se para ser a próxima noiva. Na noite do casamento, Scheherazade começa a contar ao rei uma história, mas não a termina. O rei é então forçado a adiar a sua execução, para poder ouvir a conclusão da história. Na noite seguinte, assim que termina a história, Scheherazade começa de imediato outra, mas sem a acabar. E assim faz durante 1001 noites.
Em todas as versões diferentes desta história, o rei acaba sempre por poupar a vida a Scheherazade, no fim.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

SUGESTÃO DA SEMANA


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Um paraíso de chocolate ao virar da esquina?
Sim, é já ali nas Amoreiras. E agora que ideias para presentes de Natal começam a tornar-se um problema, este pode ser a sua tábua de salvação para alguns casos.
Divinais. Digo eu, que já provei! Na Cacau Sampaka.




domingo, 23 de novembro de 2008

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Gárgula
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A Gárgula era o dragão do rio Sena. Dizia-se que a Gárgula havia destruído a cidade de Rouen e fora morta por St. Romans algures no século VII. Julgava-se que a Gárgula cuspia água e por isso o seu nome foi dado às monstruosas gárgulas através de cujas bocas a água da chuva se escoa nos topos dos edifícios. O termo tem origem no francês "gargouille" que significa "garganta", em latim "gurgulio", ambas derivando do termo "engolir".
As mais famosas gárgulas são, obviamente, as da Catedral de Notre Dame, em Paris.
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Short-Story: "Regard!", disse a Gárgula de boca escancarada. "Aproveita bem a tua estada em Paris. Amanhã já não haverá Paris.", e com um barulho ensurdecedor de pedra que se rasgava, a Gárgula libertou-se da parede da catedral e voou sobre o Sena até desaparecer no horizonte, antes que ela tivesse tempo de tirar sequer uma fotografia.
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Gnomo
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Gnomo é o nome que o filósofo Paracelsus criou para descrever os espíritos elementais da terra. O nome é uma contracção da palavra "genomus" ou "habitante da terra". Os gnomos são anões ou goblins, ocupados dos produtos e dos tesouros da terra.
Hoje em dia os gnomos são utilizados como ornamentos de jardins. Existe uma partida famosa, intitulada "Travelling gnome prank" (partida do gnomo viajante) que consiste em roubar gnomos de jardins, supostamente para os "libertar" da sua escravatura e fotografá-los junto de monumentos típicos por todo o mundo, enviando depois as fotografias ao seu anterior dono. Existem muitos clubes e associações dedicadas à execução desta partida e ela serviu de inspiração para Jean-Pierre Jeunet no filme "Amélie Poulain", onde Amélie faz o mesmo com o gnomo do jardim do seu pai, de forma a compensá-lo pelas viagens que ele nunca fez.
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Short-Story: O postal dizia apenas: "Gnomos unidos jamais serão vencidos." Pensou: "E Marx ficaria orgulhoso disto? ..."
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Grifo
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O grifo é um leão com cabeça de águia, cujo corpo costuma ser sarapintado, como o dos leopardos. A palavra grifo deriva do grego "gyphos", que significa "em forma de gancho" ou "curvo", uma alusão ao seu bico muito curvo. É uma das criaturas mágicas mais antigas, encontrada em gravuras do Crescente Fértil, o berço da civilização ocidental, e permanece hoje em dia como um protector poderoso de instituições civis modernas, como bancos, empresas automóveis ou cervejarias.
Na mitologia Suméria, o grifo é a montada do deus da meteorologia, Iskur, sendo representado vomitando caudais de água ou relâmpagos através da sua boca para a terra. Na arte Assíria, o grifo surge frequentemente a venerar e proteger a Árvore da Vida, bem como assistindo figuras divinas no combate ao mal. Na Grécia Antiga os grifos guardavam os mortos nos túmulos e acompanhavam as suas almas. O Império Romano utilizou-o como emblema para significar a justiça universal.
Os poderes mágicos do grifo incluem a protecção vigilante contra o mal, uma força poderosa para proteger e guardar objectos preciosos e o medo que inspira. A sua natureza indomável continua a ser a sua maior defesa.
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Short-Story: Saiu disparado a correr com o saco cheio de notas. Sabia que tinha cerca de um minuto, antes que disparassem o alarme. Mas antes de conseguir virar a esquina ouviu um rugido ensurdecedor atrás de si e uma sombra gigantesca projectou-se na calçada desenhada à sua frente. Virou-se devagar, a tremer, e deixou cair a pistola no chão. Ergeu a cabeça, mas nem sequer teve tempo de ver a criatura que lhe furou os olhos com garras afiadas.

sábado, 22 de novembro de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

RECEPTAR
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Azulejo na Quinta da Regaleira
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Arrecadar um beijo. Peter pensava que os beijos eram coisas que se trocavam e estendia a mão para os arrecadar. Wendy ensinou-lhe isto, porque teve medo de o ofender e assim Peter ficou a pensar que os beijos eram dedais e que os dedais eram beijos.
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Encobrir uma mentira. Com outras mentiras. Até não sabermos mais onde acaba a primeira mentira e começa a última. O melhor mentiroso, dizem os que sabem, é aquele que acredita na mentira que engendrou, como se fosse a verdade. Mas uma mentira traz sempre um rol de outras atrás, como um novelo em redor de cuja ponta se enrola uma extensão de lã bem apertada, idealmente sem espaço para incongruências.
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Esconder um segredo. Terrível ou não. Tapá-lo com terra e deixá-lo lá ficar mil anos ou gritá-lo para dentro de uma árvore, como se faz por terras da seda. Deixá-lo criar raízes dentro de nós e espalhar-se como arteríolos até nos envolver num abraço mortífero e sufocante como uma piton sedenta de sangue. O nosso. Segredo.
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Guardar um tesouro. De outro. Tomar conta dele como se toma conta do pelo sedoso de um gato persa e alimentá-lo com os murmúrios da saudade do seu dono. Ouves? Ouves o seu brilho nos meus olhos? Sentes o restolhar de cem vozes na tua pele, silabando devagar o seu nome. O nome do tesouro. Guardei-o para ti. Ninguém pode tocar nele. Nem eu.
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Recolher uma carta do correio. Para mim. Como já não se escrevem. Cheia das letras que já não se desenham. Perfumada com o cheiro secreto da tua transpiração. Rasgada pela ponta de tinta azul de um frasco de vidro minúsculo trazido de uma esquina de Veneza. Selada com a tua língua. Com a tua saliva. A mesma que soletra o meu nome sem que eu o possa ouvir. Ainda.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LXXVI

Identidade: Bourne
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Árvores "on the move" - Av. de Berlim
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À minha frente naquele dia ia sentado Jason Bourne. Nunca lhe vi a cara, mas tenho a certeza que era ele porque era as costas chapadas do Bourne (ou, mais concretamente do Matt Damon a fazer de Jason Bourne). Tronco imponente e sólido, camisola preta de gola alta e cabelo curto, aparado e da cor do cobre. Mesmo sem lhe ver o rosto percebia-se que era ele, quanto mais não fosse pela atitude. A mesma tensão no corpo, pronto para sair disparado caso fosse necessário, a mesma agitação no espírito, observando o caminho por onde o autocarro passava e consultando um mapa da cidade. O mesmo ar decidido, urgente, preparado. Bourne, nem mais.
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E perguntam vocês e perguntam muito bem, mas que raio andava o Bourne a fazer em Lisboa? E respondo-vos eu, e respondo-vos também muito bem, pois se precisam de fazer essa pergunta então é porque nunca viram a série Bourne, está visto. Está visto que não viram, portanto.
Para os que viram e conhecem a trilogia, saberão certamente que no último episódio Bourne escapa e é visto a nadar no East River, em Nova Iorque. A verdade é que veio cá parar, porque Bourne não pára quieto por esse mundo.
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Primeiro pensei que fosse sair no aeroporto. Depois, o aeroporto passou e eu pensei, claro que não, claro que o Bourne nunca iria fazer a estupidez de viajar de avião, claro que vai de comboio. Mas a estação também passou e ele nem sequer saiu na minha paragem. Foi então que amandei uma grande chapada de mão aberta na minha testa e pensei assim: que estúpida, até parece que nunca viste os filmes, claro que o Bourne nunca iria pelo caminho mais óbvio, o que excluiria de imediato quer o avião quer o comboio. Claro que o Bourne, esperto como só um agente da CIA perseguido por meio mundo pode aprender a ser, iria escolher o caminho mais difícil, mais esquivo, o caminho de que ninguém se lembraria jamais.
E lá seguiu ele no autocarro, em direcção a um destino insuspeito, secreto, urgente. Talvez se tenha molhado um pouco nesse dia, nas águas do Tejo, quem sabe ...
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 37

Caruso's Torcicolo - Parte II
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Caruso, my man! Afinal ... eu não estou doida, pá! Afinal ... o MUNDO inteiro goza contigo ... Já fico mais descansada.
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E o próprio, ele mesmo, the one and only, the unique, the one of a kind, the real, the authentic Caruso!! Enjoy ... (enquanto eu vou ali regurgitar de tanto rir e já venho)
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quarta-feira, 19 de novembro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 47

AVISO: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos ou a pessoas sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola.
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Não pensem que é só pegar na arma e andar por aí a atirar. Náááááá ....
Um assassino profissional ou, em inglês (gosto mais do termo) "hitman" tem de estudar afincadamente as seguintes matérias:
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* Jornais, livros, a lista telefónica, mapas, bibliotecas municipais
* Aviões, agências de viagens, mapas de estradas, estações de correios
* Leis
* Preparação física
* Treino de combate, se possível
* Habilidades de observação
* Mecânica
* Armas
* Acessórios básicos
* Extras
* Vestuário
* Disfarces
* Arrombamento
* Vigilância
* Silenciadores
* Explosivos
* Fogo
* Matar com as próprias mãos, com facas e com armas silenciosas
* Venenos
* Acidentes e Suicídios
* Técnicas para fazer falar vítimas
* Como ver-se livre do corpo
* Lidar com cães inesperados
* Ego, Mulheres e Associados
* Identificação
* Dinheiro
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Ufa! E ainda nem comecei ...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

NOTORIOUS NUMBERS

2.55
O Número Trendy
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Em Fevereiro de 1955, Mademoiselle Coco Chanel idealizou esta pequena mala, destinada a ser usada quer de dia quer de noite. O nome provém precisamente da data de criação - 2 (Fevereiro) e 55 (do ano). Karl Lagerfeld mantém a tradição, redesenhando-a todas as temporadas.
Hoje em dia este pequeno objecto de luxo é um dos modelos mais copiados em todo o mundo.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

SUGESTÃO DA SEMANA


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Never in my wildest dreams, pensei vir a postar esta sugestão em particular, mas aqui vai.
Nunca fui fã, por diversos motivos, entre os quais dois sobressaem: a total inverosimilhança (quando estamos fora da fantasia, gosto de coisas bem coerentes e lógicas) e o machismo absoluto da série (as mulheres são retratadas como meros acessórios decorativos, objectos sexuais de prazer, beleza e glamour e pouco mais - Bond nunca se apaixona por raparigas feias ... vá-se lá saber porquê ...). E, apesar de a minha ancestralidade quase tornar obrigatória uma aficcion pelo agente ao serviço de Sua Majestade (a minha mãe adora-o), essa aficcion é completamente inexistente.
Nos últimos anos tenho aplaudido de forma desinteressada um crescente aprofundamento dos papéis distribuídos pela prole feminina da série, certamente fruto da mudança dos tempos que assim o exigem (há cada vez mais compradoras femininas com massa para os artigos de luxo do product placement do marketing dos filmes). Mas fico-me por aí.
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Até que um belo dia, a pele do 007 começou a ser vestida por um tal Mr. Daniel Craig. E não é que o senhor tem algo? Certo é que já vi 2 filmes do Bond com ele e passei 20 anos sem ligar pevas aos outros todos.
Passo então a explicar.
Gosto daquele ar de rafeiro que ele tem. Gosto daquela ideia que ele passa que a gente dá-lhe um pontapé e o danado do rafeiro se agarra imediatamente ao nosso calcanhar e ferra os dentes até sentir o osso, e não larga por nada deste mundo.
Há algo de Steve McQueen nele (salvo as devidas abissais distâncias) e isso agrada-me. Aliás, ou me engano muito, ou o paralelismo é intencional - há dois momentos em duas cenas de perseguição que parecem cópias de dois momentos exactos em 2 filmes do McQueen (para os cinéfilos enciclopédicos: durante a perseguição automóvel no início do filme e durante a perseguição de mota lá mais para o meio).
Daniel Craig é um James Bond intenso, mais bruto, mais assolado por demónios internos e isso dá-lhe algo que na minha opinião, faltava a alguns dos outros recentes Bond. Desde o Sean e o Roger que a coisa andava um bocado insonsa para o meu gosto.
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Depois, pela primeira vez, adorei a Bond Girl. Para variar um bocado do estereótipo, é uma tomboy (maria-rapaz) também com ar selvagem, apesar de ser belíssima e dá um belo contraponto ao nosso Bond e, amazing! she can actually act! O cartaz do filme está super bem conseguido: os dois todos cobertos de poeira do deserto, avançam decididos, olhando cada um para seu lado, cada qual a braços com os seus fantasmas interiores.
Depois, não se descansa um segundo na cadeira do cinema. É divertido, repleto de acção até dizer chega (ele é carros, aviões, barcos a motor, motas, o diabo a cétera ...) e as cenas de acção, apesar de continuarem a ser completamente inverosímeis, estão tecnicamente do melhor que há por aí.
What's that again? Bond? James Bond?
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P. S. Nada é perfeito. Ao contrário dos filmes, sempre adorei as músicas. Esta é muito provavelmente a pior de sempre de toda a série ...

domingo, 16 de novembro de 2008

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Fada
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As fadas são uma raça de seres algures entre os humanos e os espíritos. São nossas vizinhas mas, uma vez que os humanos têm falhado frequentemente em cuidar da sua parte da Terra, raramente as encontramos, uma vez que nos consideram incumpridores de promessas. Mas, se se conseguir estabelecer uma boa relação com elas, normalmente sob a forma de oferendas, serão boas vizinhas. Porque os humanos agem de forma sobranceira e como as fadas raramente procriam, normalmente roubam crianças humanas.
A palavra fada deriva do latim "fatum" que significa fado ou destino. As fadas são, assim, tradicionalmente, os seres que conferem o destino individual de cada um, ou virtudes específicas. A Fada Madrinha é um exemplo.
Existem muitas espécies de fadas, como os Piskies, os irlandeses Tuatha de Danaan (Povo das Fadas), os elfos ou os goblins.
As fadas organizam-se como as colmeias de abelhas, possuindo uma rainha reinante. Mas qualquer que seja a sua espécie, normalmente as fadas têm como principal tarefa a protecção da natureza. A sua sabedoria e poderes de guardiãs existem para nos lembrar o respeito que devemos ter pelo nosso ambiente: vigilante, fiel e carinhoso.
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Feiticeiro
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O mais conhecido dos feiticeiros é Merlin, o mago da lenda Arturiana. A tradição diz que Merlin nasceu de uma mulher e de um incubo, do qual herdou os seus poderes e habilidades sobrenaturais.
Merlin engendrou o nascimento do Rei Artur através de magia e intriga, mais tarde, serviu-o como conselheiro até ser enfeitiçado ele próprio e aprisionado pela Senhora do Lago.
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Outro feiticeiro tornado famoso é Gandalf, da trilogia O Senhor dos Anéis, de J. R. R. Tolkien. Ele é retratado como o arquétipo do feiticeiro, um dos Maiar de Valinor. Em Valinor era conhecido como Olórin e dizia-se ser o mais sábio dos Maiar. Quando os Valar decidiram enviar a ordem dos Feiticeiros para a Terra-Média, de forma a servirem de conselheiros a todos os que se opusessem a Sauron, Olórin foi proposto. No início ele recusou, pois temia não possuir a força suficiente para enfrentar Sauron. Círdan, o grande Elfo construtor de navios, senhor dos Falas, achou que Olórin tinha a maior grandeza interior de todos os feiticeiros e ofereceu-lhe o seu anel, Narya, o Anel do Fogo.
A relação de Gandalf com Saruman, o líder da Ordem, era complicada. Os Feiticeiros deviam ajudar os Homens, os Elfos e os Anões, mas apenas através de aconselhamento; era proibido utilizar a força para os dominar - algo que Saruman desrespeitava.
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Fénix
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A Fénix grega de plumas douradas tem origem na Bennu egípcia, que se diz ter sido a primeira criatura a emergir da lama primordial. A Bennu, venerada como a manifestação do deus sol de Heliopolis, aparecia apenas uma vez de 500 em 500 anos. Voava então para outras paragens, reunindo uma bola de mirra com a qual fazia uma pira para se queimar até morrer. Após 3 dias, erguia-se novamente das cinzas.
Durante o Império Romano, a Fénix tornou-se o emblema do Império Eterno e figurava em moedas e mosaicos.
A tradição judaica fala da Fénix como a Milcham. Quando Eva comeu o fruto proibido da Árvore do Conhecimento, tornou-se invejosa da natureza não pecadora dos animais e incitou-os a comerem da Árvore também. Todos obedeceram, excepto a Milcham, cuja fortitude foi recompensada com a oferta da imortalidade. Foi-lhe permitido viver numa cidade muralhada, durante 1.000 anos. Quando os 1.000 anos passam, um fogo consome a Milcham deixando apenas um ovo que vive um novo ciclo de 1.000 anos.
Na mitologia Chinesa, a Fénix é conhecida como Feng Huang, uma das 4 criaturas das direcções. Partilha o equilíbrio entre o Yin e o Yang, representando os poderes solares do Yang e os lunares do Yin. Representa a Imperatriz, as qualidades da beleza e da paz e os 5 elementos.
Na mitologia Japonesa é conhecida como Ho-O, visitando a Terra em eras sucessivas para anunciar uma nova era, antes de regressar ao céu. Representa o sol, a justiça, a fidelidade e a obediência.
A Fénix possui um rufo de penas douradas em volta do pescoço e as suas asas e as longas penas esvoaçantes da cauda ostentam todas as cores do arco-íris. O bico parece de vidro, os olhos assemelham-se a pedras preciosas e no alto da cabeça ostenta uma crista cintilante. Apenas uma Fénix vive no mundo de cada vez. Diz-se que uma pena de Fénix confere a imortalidade ao seu portador.

sábado, 15 de novembro de 2008

MURMÚRIOS DE LISBOA LXXV

Spike
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Candeeiro de tecto no "City Bar" dos cinemas - Campo Pequeno
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"Don't think that because you haven't heard from me for a while that I went to sleep. I am still here, like a spirit roaming the night. Thirsty, hungry, seldom stopping to rest."
Spike Lee
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Ele está lá todas as manhãs. Na esquina da avenida onde trabalho. A distribuir jornais, encostado a uma parede, resguardando-se do vento e do frio, com um corta-vento encarnado e a banca portátil do Metro, ou Destak, nunca reparei. Usa um chapéu de pala enfiado até aos olhos, escondidos por trás de óculos redondos de miopia. Tem uma barbicha pequena, a pele de ébano chocolate de leite, é baixinho e magrinho. É, portanto, o Spike Lee.
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Spike distribui jornais, mas só aparentemente. O que ele na realidade distribui são sonhos. Só que ninguém sabe disto. As pessoas passam por ele às dezenas, todas as manhãs, sem se aperceberem deste furo importante. Escondidas naquelas páginas, por entre notícias sobre José Sócrates, a crise económica mundial, a trapalhada do BPN, a eleição de Obama, a guerra do Iraque e mais um submarino naufragado na Rússia, há sonhos pequeninos, colados às páginas com cuspo.
São frágeis, portanto, e as poucas pessoas que vão lá buscar um jornal, na maioria das vezes perdem os sonhos sem sequer lhes terem posto a vista em cima. Mas todos os sonhos são frágeis e Spike tem bem a noção disto. Por isso ele ali está, todas as manhãs, encostado à parede com o seu ar cínico e desencantado.
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Quem faz sonhos para vender é muito diferente de quem faz sonhos para distribuir, pensa Spike. Há toda uma diferença cuja extensão é um Spike da ponta dos pés à ponta do chapéu de pala multiplicada algumas centenas de vezes. Porque quem faz sonhos para vender acha que tudo tem um preço. Quem faz sonhos para distribuir conhece a periclitância dessa noção. E por isso Spike nem se dá ao trabalho de arranjar super cola 3. Um sonho tem que ser colado com cuspo e suspirar que alguém o agarre antes de se evaporar. Não pode ser vendido, trocado, ou sequer guardado. Muito menos colado com super cola 3, isso acabaria com qualquer possibilidade do sonho mesmo antes de ter começado.
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Não conheço os sonhos distribuídos por Spike, nunca lá fui buscar um jornal. Os jornais sujam-me as mãos e não gosto de os ler. Sou tonta e Spike seria o primeiro a avisar-me deste erro, se tivesse ou quisesse oportunidade para tal. Não quer. Limita-se a ficar ali encostado, a olhar para as formigas que por ele passam e a pensar "Se não queres sujar as mãos, não podes conhecer a eternidade de um sonho".

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

MAGIC MOMENTS 50

É no mínimo curioso que uma das vozes masculinas mais belas, poderosas e masculinas de sempre pertença a uma das "bichas" mais malucas de todos os tempos.
E uso o termo propositadamente porque, não tendo rigorosamente nenhum preconceito contra "bichas", julgo até que o dono dessa voz acharia graça ao substantivo.
Amo a voz de Elton John. E são muitas as maravilhosas canções que ele ofereceu ao mundo. Mas esta, uma das muitas escritas pelo seu letrista de sempre, Bernie Taupin, é certamente das mais bonitas que alguém alguma vez escreveu para outro alguém. E o próprio Elton John diz que nunca mais compôs uma canção de amor tão boa como esta.
fçlkdçlg


dklçldçkd
Ewan McGregor reinterpretou-a de forma mágica no filme Moulin Rouge, com a sua própria voz, e que voz maravilhosa que ele tem ...
kdjldj


quarta-feira, 12 de novembro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 46

Os Rapazes da Judite fçldçfl
fipodfpdp
flkdçlf
* Os rapazes da Judite fartam-se de improvisar
lfkdçl
* Os rapazes da Judite deitam-se às 4 da matina e levantam-se às 6 da mesma matina no decurso de uma investigação
lfkdçl
* Os rapazes da Judite têm 25 euros (!!!) de ajudas de custo quando têm de se deslocar para longe de casa no decurso de uma investigação e recebem 2 euros por cada hora extraordinária que trabalham (e são muitas)
flklfç
* Os rapazes da Judite tratam-se por "companheiro", "mano", "amigo", "seus caraças", "pessoal", "malta", "rapazes", "chefe", "elementos", "maganos", "bófia", "colegas", "irmão", "velha raposa", "cusco", "esmifra"
flkdlf
* Os rapazes da Judite não podem ver os AC's à frente nem pintados (AC's = Altos Crânios da Polícia, vulgo os que dissertam sobre grandes questões estratégicas sem levantarem o cu da cadeira e darem o corpo ao manifesto)
dfldjfk
* Os rapazes da Judite tratam os criminosos por "mânfio", "gajo", "magano", "mano", "peça", "personagem", "psicopata marado da pior espécie", "campónio", "chico-esperto", "tipo", "suspeito", "excelência", "arguido", "bandido"
fçkçlf
* Os rapazes da Judite exclamam muitas vezes no decurso de uma investigação "merda", "caralho", "caraças", "porra". (E é perfeitamente compreensível, porra!)
lfkfl
* Os rapazes da Judite não têm pachorra nenhuma para os circos de jornalistas que os obrigam a fazerem desvios de rota inacreditáveis apenas para conseguirem chegar ao local de trabalho sem serem vistos
kjfk
* Os rapazes da Judite usam termos complicados e misteriosos como "DCCB", "modus operandi", "estabelecer conexões", "produzir prova", "Empatia", "ordem de missão", "enquadramento psicológico", "ofício de requisição", "Fita do Tempo", "plasmada nos autos", "declarações complementares", "gestão do silêncio", "gestão de informação", "peça processual", "inquirição", "diligência", "croqui", "auto de busca", "proxémia", "pinceleiro", "estratégia de grupo", "bater muita calçada", "domínio do espaço", "despacho", "cartografar o terreno", "células activadas", "ofício", "mandado", "causídica"
mas também expressões não tão complicadas nem misteriosas como "cornos do toiro", "pica", "vai de avançar para o gajo", "temos aqui uma peça do caralho", "siga para bingo", "é para a desgraça", "vamos a eles", "sacar informação", "lixar esta merda toda", "desenvolve, caraças", "vamos de fininho", "ponta de um corno", "dar o chinelo"
slkdl
* Os rapazes da Judite, quando em pleno exercício de funções, têm o cuidado de olhar toda a gente olhos nos olhos, porque os olhos (e as mãos) não mentem
skdjs
* Os rapazes da Judite podem ter que passar umas 8 horas a fio enfiados numa sala de interrogatórios, sem comer nem beber, de mão dada com um "psicopata marado da pior espécie" lavado em lágrimas de crocodilo e trocar votos de amizade, para conseguir uma confissão
fdofid
* Os rapazes da Judite por vezes levam os filhos a passear enquanto estão a fazer reconhecimentos a locais de bandidos, porque é o único tempo que têm com eles
kjsklfj
* Os rapazes da Judite são confessores, polícias, psicólogos, cães de caça, amigos, mentirosos, detectores de mentiras, profilers, detectives, actores, heróis e carrascos e não há muita gente que faria o tanto que estes rapazes conseguem fazer com tão pouco, tão mal pago e tão criticado

terça-feira, 11 de novembro de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 36


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O filme é uma bodega absurda. Chama-se Proof of Life (nem me lembro do título em português e nem sequer tive pachorra para me dar ao trabalho de ir ver a tradução ...). A história é a seguinte: um gajo especialista em resgates perigosos de pessoas raptadas em selvas sul-americanas, asiáticas e afins vai tratar de salvar o maridinho de uma tipa que foi raptado por uns gajos quaisquer da Frente Liberal não sei das quantas, algures na América do Sul (também nem me lembro onde raio era aquilo, Panamá? Nicarágua? who cares ...). Vai daí, o expert em resgates e a mulherzinha do raptado apaixonam-se a meio da tentativa de resgate e pimbas! no fim vai cada um para seu lado, porque ela é fiel ao maridinho (are you out of your mind, woman????!!!!!) e ele é um gentleman como já não existem.
çlºrçlg
Acontece que ... quem faz de gajo bonzão salvador de raptados, com musculatura a condizer, voz de trovão e outros atributos que tais (ai mããããããããêêêêêêê!!!!!) é nem mais nem menos do que ... adivinharam ... o meu adónis Russell Crowe.
E ... e ... e ... como se isto não bastasse, DEUSES!!!!, descobri (depois de ter já visto o filme umas 10 vezes nunca tinha reparado neste facto CRUCIAL!!!!!) que o Russell diz uma palavra em russo logo no princípio do filme, quando está a tentar resgatar um pobre coitado raptado por uns tipos quaisquer tchechenos ou qualquer coisa do género. Só que eu não percebi o raio da palavra (e a tradução também não deve ter percebido porque devia ser uma gaja e ficou a babar-se a olhar para o Russell e escapou-lhe aquela - who can blame her? ...). Ou seja, vou ter que arranjar o DVD do filme e passar horas a rever a cena de trás para a frente ... e de frente para trás ... de trás para a frente ... e de frente para trás ... de trás para a frente ... e de frente para trás ... de trás para a frente ... e de frente para trás ... de trás para a frente ... e de frente para trás ... de trás para a frente ... e de frente para trás ... ahhh ... desculpem, agora de repente distraí-me a pensar nas vezes que ia ver a mesma cena ... para tentar perceber que doce russo sai daquela boca de pecado ...
fçlºçlgf
Pronto. Era só para partilhar isto com o mundo. Desculpem lá.
çºgklºçg





klgçlg
P.S.1 A maluca da Meg apaixonou-se perdidamente pelo Russell durante a rodagem deste filme. A coisa não durou muito tempo ... mas ... caraças, pá, ao menos provou não é?
P.S.2 Entra também o nosso amigo Caruso que aqui já evidenciava um certo princípio de inclinação pelo seu torcicolo, que mais tarde se haveria de tornar uma imagem de marca ...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

NOTORIOUS NUMBERS

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O Número da Lua
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Foi a 20 de Julho de 1969. A bordo viajavam Neil Armstrong, Edwin 'Buzz' Aldrin e Michael Collins. Era composta pelo módulo de comando Columbia, o módulo lunar Eagle e o módulo de serviço e foi lançada de Cabo Canaveral, na Flórida, às 13:32 UTC de 16 de Julho. Chamava-se Apollo 11 e era a quinta missão tripulada do Programa Apollo. O resto foi história.
difjjf

domingo, 9 de novembro de 2008

SUGESTÃO DA SEMANA


çdlºçd
Servem para comer a mais divinal iguaria à face do planeta (sushi, pois claro), mas também ...
* enfeitar um copo
* prender o cabelo
* servir de alfinete num casaco de malha
* marcar uma página num livro
* fazer espetadas elegantes
* suster uma planta num vaso
* picar hors d'oeuvre
* jogar ao mikado
* aterrorizar penetras de jantar indesejados ...
* arma de crime na máfia japonesa ...
dlkçl
Enfim, imagine o que dois pauzinhos podem fazer por si! E ainda por cima são leves, bonitos e fáceis de lavar. Que mais se pode desejar?
Shokuyoku ousei (Bom Apetite)! :)

sábado, 8 de novembro de 2008

A FANTÁSTICA FAUNA DE ANDRÓMEDA

Elfo
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Na tradição escandinava os elfos são seres altos, de uma beleza extraodinária e muito poderosos. Tolkien retirou influências de várias culturas para representar os elfos como seres quase angelicais. Já Shakespeare, embora os tivesse feito semelhantes aos humanos em aparência, também os fez pequenos, mais fiéis às tradições e folclore ingleses.
Pode-se descrever alguém como possuindo beleza élfica quando esse alguém possui uma estrutura óssea bem definida, cabelos claros e sedosos e olhos grandes.
As tradições Anglo-Saxónicas descrevem duas raças de elfos: os Liosalfa (Elfos da Luz) e os Svartalfa (Elfos da Escuridão), cada uma das quais possui os atributos relacionados com os seus nomes.
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Short-Story: O elfo apurou os seus ouvidos aguçados e escutou atentamente os sons da floresta. A sua visão poderosa conseguia alcançar todos os suspiros de todas as pequenas criaturas que rastejavam por ali num raio de alguns quilómetros. O seu coração bateu veloz no peito e depois parou repentinamente. Havia algo, uma criatura, diferente de todas as outras. Não era animal, não era planta e não era mineral. Muito menos elfo. E aproximava-se mais rápido do que qualquer criatura que ele jamais pressentira.
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Esfinge
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Para os egípcios, as estátuas que representavam reis e deuses com os seus "duplos" animais num único ser eram chamadas "shesep-ankh" (estátuas vivas); esta palavra foi traduzida pelos gregos como esfinge. As esfinges com variadas cabeças ou corpos de animais eram frequentemente alinhadas em filas duplas ao longo das entradas de templos, como guardiãs.
A esfinge egípcia era uma representação benigna masculina da realeza, enquanto que a esfinge grega costumava ser feminina e maligna ou antagonista.
A Esfinge Grega tinha uma cabeça de mulher e o corpo de uma leoa com seios de mulher, asas de águia, cauda de serpente e colocava enigmas aos viajantes na estrada para Tebas. A primeira desta espécie era um dos monstros filhos da ninfa-cobra Equidna, que também deu à luz Hidra de Lerna e a Quimera.
O seu mais famoso diálogo ocorreu com Édipo, o rei que matou inadvertidamente o seu pai e casou com a sua mãe. Fazendo-lhe a pergunta que fazia a todos os viajantes, colocou-lhe o seguinte enigma:
O que caminha com quatro pernas, depois duas e finalmente três
Mas quanto mais pernas tem, mais fraco se torna?
Os que não respondessem correctamente eram estrangulados e devorados.
Mas Édipo foi o único que adivinhou a resposta correcta - o Homem, pois este gatinha com as pernas e os braços enquanto bebé, caminha sobre duas pernas quando adulto e com as pernas e uma bengala quando atinje a terceira idade. Derrotada, a Esfinge lançou-se violentamente do rochedo abaixo e morreu.
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Short-Story: A Esfinge erguia-se diante dele, magnífica, poderosa, e então perguntou, numa voz rouca e levemente sissiada, arrepiante:
"Qual é a coisa que contempla todos e não favorece ninguém?"
Ele não podia adivinhar que a resposta que não sabia, estaria estampada no seu rosto dentro de momentos, quando a Esfinge decidisse o seu destino.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 45

Às vezes é chato, quando os personagens decidem ser "assado" e nós já tinhamos preparado o terreno para que eles fossem "assim". Muitas vezes a pesquisa determina essas mudanças de rumo, por motivos óbvios.
É a primeira vez que faço tanta pesquisa para uma história. Os temas a isso o obrigavam - morte, assassinos contratados, polícias, crime organizado, armas e outros tantos assuntos sobre os quais eu não tinha noção quase nenhuma, em alguns casos, nenhuma mesmo.
Mas também é certo que se é chato, por outro lado, também é extraordinariamente empolgante e, por vezes, surpreendente. Pequenos detalhes, mínimos, podem alterar completamente a personalidade de um personagem ou uma cena que já estava pensada e repensada.
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Como a pesquisa, também a música pode alterar determinadas noções que tinhamos à priori. E por isso gosto de a usar. Por vezes emperramos numa qualquer particularidade que não há maneira de se nos revelar. Algo está errado e não sabemos o que é. A música pode desemperrar, ajudando-nos a descobrir aquele pequeno "twist" que fará toda a diferença no personagem. E, por vezes, como é o caso num dos personagens, o morto, podem ser apenas determinados aspectos da música que nos obrigam a usá-la, mesmo que a letra possa não ter muito a ver com o tema.
lkgçlfkg
Faltava "ouvir" a alma de duas personagens, por sinal pai e filha. Assim que "ouvi" a filha, o pai acabou por aparecer por arrasto ... o sangue, ao que parece, fala sempre alto, mesmo em ficção. O outro foi o primeiro de todos a ser "ouvido" e o último é o morto, o único personagem que já deixou de existir quando a história começa, mas cuja alma paira ainda sobre a história determinando algumas acções e, por consequência, o desenrolar dos acontecimentos.
E assim se completa o ciclo.
çlgºçlfg
I'm a spoiled, jealous girl, I have a boyfriend ... and a knife ...

kfdçlkf
I own death

çlgkçlfd
I play with death

çlgkçlfg
I am dead

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

ENFEITIÇAR

DÇFKDÇLF

sºçlºsçls LF

çslçºd
Nascemos enfeitiçando e morremos enfeitiçados. Talvez assim se pudesse escrever a receita deste feitiço.
E do pouco que sabemos quando pela primeira vez o fazemos, o nosso corpo e o nosso instinto vão escrevinhando notas miúdas mentais na pele e nos sentidos, que ao longo do tempo vão ficando ou não mais conscientes.
Porque existem feiticeiros e enfeitiçados. E existem feiticeiros conscientes e feiticeiros naturais. Abomino os conscientes, sofro de encantamento instantâneo com aqueles que me enfeitiçam sem que disso tenham qualquer noção. Esses são maravilhosos.
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Da consciência do enfeitiçamento alheio nada sei. Apenas que já enfeiticei inconscientemente, porque os meus enfeitiçados mo disseram. Outros saberão melhor que eu que ingredientes utilizam para colocar no caldeirão dos feitiços.
Da consciência do enfeitiçado posso falar. Aconteceu inúmeras vezes. E nada existe que possa fazer com que sintamos a vida pulsar mais, do que as borboletas no estômago que certos encantamentos provocam.
Mas apenas num caso me deixei enfeitiçar sabendo que do outro lado estava um feiticeiro consciente, daqueles que abomino. Porque foi o homem mais inteligente que conheci até hoje. Porque no decurso do seu feitiço, este se virou contra o feiticeiro, sem que a sua enfeitiçada tivesse qualquer responsabilidade na matéria. O feiticeiro desapareceu, como é apanágio de todos os grandes feiticeiros, mas o feitiço perdura na enfeitiçada envolto na suave e translúcida nébula da saudade. Saudade do confronto diário com uma mente brilhante e do jogo do gato e do rato, no qual o rato tinha plena consciência de ser presa e o gato plena consciência de ser reconhecido como o predador.
Confuso? Mas todos os feitiços o são. E aí reside a sua indelével atracção.
lçjfçklsdj
Para ti, Carlos.
For you were the most remarkable Sith any Jedi could ever wish for.
May the dark side of the force be always with you ;)

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 35

Black Power
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Em 1968, nos Jogos Olímpicos do México, Tommy Smith e John Carlos, dois atletas americanos negros, levantaram o braço no pódio, durante o hino norte-americano, fazendo a saudação do Black Power (movimento que defendia o orgulho racial e a criação de instituições políticas e culturais que promovessem e apoiassem interesses colectivos negros, fizessem avançar os valores negros e assegurassem a autonomia dos negros). Foram apupados pela multidão.
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Precisamente quarenta anos mais tarde, Barack Obama ganha as eleições e torna-se o primeiro presidente negro num país maioritariamente branco.
É certo que Barack é dos negros mais "brancos" que já conheci.
É certo que Barack corria contra dois adversários "fáceis" - um velho herói de guerra caquético e o pior presidente que a América e o mundo conheceram nas últimas décadas.
É certo que Barack não será muito diferente de todos os outros que por lá passaram porque, bem vistas as coisas, preto, branco, amarelo, azul ou cor-de-rosa às bolinhas, em chegando ao poder, é tudo da mesma cepa ou, se não é, cedo a cepa é dobrada pelos abutres que os rodeiam (e daí a ridicularidade do racismo na sua essência ... somos todos iguais, when the time comes to collect ...)
É certo que Barack não é, nem por sombras, Martin Luther King ou Malcom X.
É certo que Barack também não é, nem por sombras, um Kennedy negro.
Tudo isto é certo.
Mas é simbólico e ainda bem, como foram aqueles punhos levantados há muitos anos atrás, que chocaram metade do mundo e maravilharam a outra metade.
Black Power is here. Are you ready? You better be ... cause the world is changing and it will never be the same again.
dklçld
Congratulations, Obama ;)
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