Caminho Para Perdição
flkçldkf
flkçldkf
John Rooney (Paul Newman)
dºçlkdçl
Este foi o último filme do extraordinário Paul Newman. E as lições que se aprendem apenas a observar este senhor são insubstituíveis, valiosíssimas e talvez difíceis de explicar. Tentarei. O filme conta a história de uma família de assassinos, o crime organizado irlandês, nos EUA, há algumas décadas atrás. Tom Hanks foi o escolhido para representar o órfão recolhido pelo patriarca Paul Newman, forçado por gratidão e pela força dos laços familiares assim impostos a tornar-se num "hitman", um assassino por conta de outrém, vulgo o típico cobrador de dívidas que aparece para colectar, seja o dinheiro, seja a vida, caso aquele não apareça.
dçlkld
Posto isto, vamos ao que interessa. A cenografia do filme é soberba (ou não fosse o primoroso Sam Mendes o seu realizador), oferecendo a atmosfera negra, crua e misteriosa que o tema exigia. O enredo é extraordinariamente bem construído e a palavra de ordem é a economia. Economia de palavras, de movimentos de câmara, de história. Cada personagem é rigorosamente desenhado logo na primeira cena em que aparece, pelas acções ou pelo ambiente em que se move, de forma precisa como um traço de Dali. A escolha de Hanks (que não tem nada de "hitman"!) é no ponto - o seu rosto bondoso transmite na perfeição o assassino que assassina por dever, por gratidão, porque tem de alimentar a família, e não por vocação. E ver o anjo de Boticelli Jude Law no papel de um jornalista sem escrúpulos e sem dentes, é muito engraçado.
hgjh
Finalmente, no meio de toda esta precisão suíça, temos Paul Newman, o virtuoso da relojoaria da representação. Sabemos o que esperar dele. Sempre. A perfeição. E ele corresponde sempre. Com a perfeição. Existe uma elegância e uma economia de gestos e expressões, única. A sua imagem de marca, creio. Nada é desperdiçado, quando basta um olhar para transmitir um conjunto de emoções precisas. Paul Newman devia ser mostrado a todos os alunos de representação e de realização numa disciplina intitulada "Economia Expressiva". Sam Mendes compreende bem o diamante que tem em mãos e não faz muitos movimentos de câmara quando o filma. Não é preciso. O seu rosto, sobretudo os seus olhos, a sua presença coreografada até ao ínfimo detalhe, fazem todo o trabalho que a câmara tem muitas vezes de fazer com outros actores menos competentes. Paul Newman podia levar um filme às costas o tempo todo, que não cansaria nunca. O seu corpo, a sua voz, as suas mãos, os seus olhos, as suas emoções são um livro inteiro. E para entender isto, faça-se um exercício simples que costumo fazer de vez em quando - retire-se o som ao filme e observe-se apenas o rosto. É assim que se topam os bons actores. Sem som, continuam a transmitir milhentas coisas.
dºçfldºçl
A cena final é uma enciclopédia de cinema nos ombros de uma única pessoa e um momento belíssimo orquestrado por Sam Mendes. Sem o saber, Mendes acabou por oferecer a Newman uma digna "saída" de cena derradeira. E mais não digo para não estragar o final, para quem não viu.
I take my hat for you, Mr. Newman. And I already miss you so very much.
jldjg
jldjg
E o cheirinho do filme:
ççlgk
ççlgk
Sem comentários:
Enviar um comentário