sábado, 16 de outubro de 2010

MORMORIOS DI ROMA XI

O Tecto
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É, provavelmente, o tecto mais famoso do mundo. É sempre mais baixo e mais pequeno do que estávamos à espera. Mais acolhedor. Mais aconchegado. Mais deslumbrante e mais opulento. Mais simples, também. Mais puro.
Na impossibilidade de o fotografar (é proibido (com ou sem flash) e eu sou uma menina respeitadora de regras (ao contrário do meu irmão que o filmou à sucapa)), tentar-se-á aqui fazer o retrato textual do mesmo.
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Azul, muito, a envolver-nos, a abraçar-nos, a esmagar-nos.
Depois a profusão de cores belas, quentes, harmoniosas, onde nada choca e tudo se dilui suavemente das nossas íris aos nossos sensores nervosos, que respondem vibrando de emoção.
O famoso tocar de dedos entre Deus e Adão será o que os olhos procuram assim que o corpo entra dentro da sala. Será muito provavelmente a imagem, de todas, mais reconhecida pelas míriades de nacionalidade, credos, raças, idades e estratos sociais e culturais que desaguam todos os dias em cachos ávidos na Capela Sistina.
O Vaticano é sádico. Senão vejamos: somos obrigados a percorrer todos os muses, antes de conseguirmos chegar à Capela. Impossível adquirir bilhete apenas para a Capela. E a Capela está precisamente no fim da visita. Aliás, se repararmos, a Capela seria supostamente o início da visita, uma vez que as figuras dos tectos por onde passamos estão todas na direcção oposta à qual avançamos.
Esquina sim, esquina não lá está a setinha a apontar para a direita ou para a esquerda, como uma cenoura que nos acena - "Capela Sistina". E a malta atropela-se, galgando corredores e corredores e corredores atulhados de obras-primas que passarão, muitas, despercebidas à grande maioria das pessoas. Assim de repente, de memória, recordo apenas: os deslumbrantes quartos pintados por Rafael e o famoso "A Escola de Atenas", do mesmo Rafael. Sei que havia muito mais coisas. Não as recordo.
E tectos, tantos tectos, magníficos.
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Finalmente, a Capela Sistina.
Entramos, portanto, ao fim de quilómetros e quilómetros de relíquias com a língua de fora, salivando de expectativa. E a expectativa não é de forma alguma gorada.
Olhamos para cima e rodopiamos de boca aberta, um sorriso estupidificado nos lábios.
Tenho a certeza que pela maioria das cabecinhas passa um pensamento semelhante a este: "Sacana do gajo! Era doido varrido! Como é possível?"
Sim, foi possível. E imagina-mo-lo. Em cima de andaimes, as costas todas viradas, numa posição impossível, durante meses, os seus ajudantes espalhados pelos andaimes dando os retoques no traço do Mestre. Imagina-mo-lo, rugindo entredentes, soltando impropérios, olhando as paredes, pintando, pintando, pintando, numa loucura genial que séculos mais tarde continua a ser uma das maravilhas do mundo.
O Tecto da Capela Sistina.

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