sexta-feira, 7 de setembro de 2012

MURMÚRIOS DE MANHATTAN V

Miss Liberty




Miss Liberty, é como os nova-iorquinos a chamam. A estátua oferecida pela França aos EUA era a primeira visão que os imigrantes tinham da Terra dos Livres quando lá chegavam.

The land of the free and the home of the brave, como canta o hino.
Miss Liberty carrega uma tocha na mão direita e na mão esquerda segura uma tábua onde está inscrita a data da Independência dos EUA - 4 de Julho de 1776.

Existe um poema afixado no interior do seu pedestal, que também é associado à estátua:

"Give me your tired, your poor, 

Your huddled masses, yearning to breath free, 
The wretched refuse of your teeming shore, 
Send these, the homeless, tempest tost to me,
I lift my lamp beside the golden door."


"Dêem-me as vossas cansadas, as vossas pobres,
As vossas amontoadas massas, ansiosas por respirarem livremente.
O refugo miserável das vossas margens abundantes,
Enviem-nos, os sem abrigo, atirados pela tempestade
Eu ergo a minha lanterna perto da porta dourada."

Vai-se a Miss Liberty de ferry, a partir de Manhattan. Enquanto se aguarda na fila, um grupo de break-dancers entretém a multidão. Quando se chega lá, nova multidão nos aguarda - nunca consegui subir lá acima porque à minha frente estão sempre umas 3 horas de turistas japoneses, seja no Verão seja na Primavera. Terei de experimentar o Outono, já que no Inverno estará demasiado frio e o Natal certamente que atrairá novas hordas nipónicas de camâras high-tech prontas a disparar.
Tira-se sermpre uma fotografia com Miss Liberty em fundo, levantando o mesmo braço em que ela segura a tocha - é da praxe.
Miss Liberty não é imponente, mas acolhedora. Não é ameaçadora, mas maternal. Apesar da altura, como tem muito que calcorrear até chegar a outras alturas, não fere a vista nem intimida. É agradável. Sentimo-nos atraídos para ela como moscas a um pote de mel perfeitamente inofensivo. Ninguém nos fará mal enquanto estivermos nas suas imediações, termos a certeza.
Há uma fotografia impressionante publicada pela revista Time na contra-capa do número que saiu logo após o 11 de Setembro. Miss Liberty segura a sua tocha, impávida e serena, enquanto atrás de si Manhattan se esvai em fumo, fogo, lágrimas de desespero e gritos de terror, que imaginamos. A fotografia não impressiona pela aparente inércia ou apatia da senhora, antes pelo contrário. Quase que a conseguimos sentir, sofrer, sem nada poder fazer enquanto o Inferno se desenrola e atinge a alma da cidade que ciceroneia. E quase que a podemos sentir dizer "não conseguirão destruir-nos". We will endure.

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