quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Coisas que (ainda) nos fascinam

Nesta era em que quase tudo parece explicado, desconstruído e descodificado, ainda haverá coisas que nos fascinam, como as

Bruxas



Yo no creo en las brujas, pero que las hay, las hay.
Pois é. Pelo sim, pelo não, é sempre melhor admitir a sua existência, mesmo que não professemos tal fé.
As bruxas são más. E feias. Também podem ser belas, mas serão sempre terríveis.
A não ser que sejam bruxinhas. Aí já a coisa fica mais adoçada.
Na verdade, poder-se-ia dizer que as bruxas são todas as coisas que não conhecemos e, consequentemente, de que temos medo. E houve tanta caça às bruxas desde sempre ...
Tudo o que é diferente, anormal, desconhecido nos fascina, absorve e mete medo. Precisamente porque o fruto probido é mais apetecido. Lá sabia a bruxa má da Cinderela, quando lhe ofereceu uma bela, saborosa e vermelha maçã venenosa. A Cinderela, que devia ter uma data de traumas recalcados, trincou a maçã e adormeceu até o seu príncipe encantado a vir acordar de um longo sonho. Talvez fosse melhor tê-la deixado a dormir. Mas dessa subsequente história já não reza a história.
Ainda há bruxas disfarçadas. As verdadeiras perderam-se nos anais da história, ficaram criogenadas para a posteridade nos idos dias da Idade Média, queimadas, crucificadas e torturadas pelos padres, que também tinham a sua dose de recalcamentos.
Vem-me à memória um livro e um filme soberbos, que falam disso mesmo - de como o medo e a ignorância são os piores inimigos do amor, da verdade, da arte, da felicidade. Chama-se "O Nome da Rosa" de Umberto Eco. Nele uma bela campónia por quem o inocente noviço franciscano Adso se apaixona, é morta na fogueira porque a Igreja acha que a Mulher carrega em si o germe do desejo, da luxúria e, consequentemente, do pecado.
As bruxas continuam a assustar muito boa gente que ainda acredita em copos que se mexem sozinhos, aparições do além ou bocados de ossos deixados às portas de quem se quer mal. Mas as bruxas só podem, de facto, perturbar quem ainda acredita nelas. E nesses casos, são realmente capazes de tudo o que a imaginação puder conter.

Que o diga Jack Nicholson ...

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