quarta-feira, 9 de outubro de 2013

SONHO #2

THE DREAMCATCHER



Londres. 25 de Setembro de 2013. O2 Arena. O meu segundo sonho estava prestes a concretizar-se. Cerca das 20h20, com 20 minutos de atraso porque aos deuses são permitidas estas coisas, os Fleetwood Mac subiram ao palco. A 18 filas de distância, levantei-me juntamente com o resto dos milhares de pessoas que aguardavam comigo, e nunca mais me sentei durante as cerca de duas horas e meia que durou o concerto memorável.
Posso nunca mais ver ninguém ao vivo na vida, que fico contente. Acabei de ver 4 deuses em palco, no seu melhor, maduros e exímios. Aliás 5, porque no fim do concerto havia uma surpresa - Christine McVie veio cantar uma canção com os seus ex-companheiros - Don't Stop.
Os Fleetwood Mac cumpriram e superaram todas as minhas expectativas. Cometi uma loucura, paguei uma barbaridade para ir vê-los e aproveitei para regressar a Londres e por lá ficar 4 dias, mas sabia que se não os visse agora poderia nunca mais vê-los. Estão velhos, mas não cansados. De todo.
Stevie Nicks tem, aos sessenta e tal anos, uma voz dourada, encorpada, que amadureceu como só os melhores vinhos podem fazê-lo. Não esperava. Confirma-se, ela não é uma mulher, é uma deusa deslumbrante, um animal de palco sem precisar sequer de se mexer muito. A sua personalidade, as suas roupas de cigana e a sua voz enchem a alma como pouca gente consegue.
Lindsey Buckingham presenteou-nos com vários solos estarrecedores, parecendo ainda ter literalmente vinte e tal anos. Soberbo.
John McVie agraciou-nos com a sua sobriedade discreta e genial.
Mick Fleetwood foi verdadeiramente bombástico, parecia um pequeno gnomo em fúria sentado por trás da sua bateria. Gritava "Are you with me?", numa voz rouca de avô do rock e nós gritávamos a plenos pulmões "YESSSSSSS!!!!!"
Depois de 3 encores, Stevie veio ao palco dizer umas palavras. Disse que ao fim destes anos todos reflectia sobre nós, o público, e percebeu que éramos como aqueles dreamcatchers dos índios americanos. Apanhávamos os sonhos que eles produziam e devolvíamo-los. Foi muito bonito. Outra coisa não se esperava de uma das maiores poetisas que o rock já conheceu.
Regressei feliz e plena. Tive o privilégio de ser uma vez na vida uma dreamcatcher dos Fleetwood Mac.

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