terça-feira, 3 de outubro de 2006
O ESTADO DO PLANETA
Que o estado do mundo é preocupante, não é novidade para ninguém.
Que sempre tenha sido assim, talvez constitua motivo de surpresa para muitos.
O facto de estarmos mergulhados na actual era, sem a perspectiva que a distância temporal e até geográfico-política conferem, leva-nos a julgar-nos únicos actores trágicos de uma peça demasiado turbulenta, para poder ser comparável a qualquer outro momento histórico jamais vivido por incontáveis gerações anteriores.
* O planeta está a morrer lentamente - a vida de milhares de espécies animais e vegetais assim o confirma.
* O planeta está a aquecer assustadoramente - o efeito de estufa, a camada do ozono, o degelo das calotes glaciares, o aquecimento global assim o confirmam.
* O planeta está a matar-se rapidamente - as vidas de milhares de seres humanos cruelmente assassinados às mãos de déspotas senhores do poder assim o confirmam.
* O planeta está a engordar perigosamente - as vidas de milhares de novos seres humanos que desabrocham diaria e incontrolavelmente e as vidas cada vez mais prolongadas de outros tantos milhões de seres humanos assim o confirmam.
* O planeta está a enlouquecer - as opções "inacreditáveis" (dizem as velhas gerações) das gerações actuais por práticas, valores (ou sua ausência) e estilos de vida assim o confirmam.
Mas tudo isto é recorrente. Porquê a paranóia?
* Sim, não somos os únicos senhores do mundo - somos mais uma espécie de "formigas" inteligentes, sujeitas a serem espezinhadas.
* Sim, a era planetária que estamos a viver é apenas uma excepção à regra - as eras glaciares são a norma e aproxima-se uma delas.
* Sim, sempre houve guerras, tão ou mais sanguinárias do que as actuais.
* Sim, sempre houve e continuará a haver sede de poder, dinheiro, armas e sexo. São esses os elementos fundamentais da "massa" das emoções humanas.
* Sim, o desenvolvimento tecnológico acarretou sempre drásticas desvantagens, a par das maravilhosas vantagens que proporciona.
* E sim, sempre houve e sempre haverá incredulidade por parte das gerações anteriores face às opções das novas gerações - e a consequente e inevitável massificação das mesmas, ainda que isso constitua motivo de feroz e, a longo prazo, absurda resistência de muitos.
De Andrómeda, onde me encontro, observo e constato um problema muito mais preocupante do que todos estes: O estado de ignorância do planeta - esse sim, um estado verdadeiramente aterrorizador.
Somos a mais afortunada de todas as gerações que nos precederam - dispomos de um manancial de informação e cultura à distância de um segundo e de um dedo, a qualquer momento que desejemos. E, no entanto, nós os mais afortunados (brancos, ocidentais, desenvolvidos e civilizados) persistimos cegamente na procura de culpas e justificações exteriores, ignorando ostensivamente a oportunidade incrível que nos calhou em sorte de podermos evoluir diariamente exercitando o cérebro. Em vez disso, persistimos na acumulação de bens materiais (mais um carro, mais uma casa, mais um vestido, mais um portátil, mais uma play station ........).
Para que querem salvar as criancinhas do terceiro mundo,ao enviarem incontáveis sms's para mais uma causa justa, quando persistem em continuar a produzi-las aqui no primeiro mundo e enfardá-las de comida, brinquedos, ideias e ideais absurdos e perpetuadores de violência, racismo, intolerância, inveja, incompreensão e ignorância?
Em Andrómeda, isso está completamente out, sabiam?
Em vez disso, deixámos de produzir crianças e começámos a adoptar as que já existem, fruto da ignorância de anteriores gerações. Acreditamos que esta medida facilitará a resolução dos outros problemas preocupantes.
Pelo menos, é algo totalmente inovador....
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