Macro olho humano
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Alguns dias mais tarde, a comunicação entre C. e Saturno, como o passara a designar mentalmente, tornara-se suficientemente clara para C. conseguir perceber que estava a lidar com uma entidade gerada no sistema, sem qualquer espécie de contacto com o exterior ou partilhando existência com qualquer outro seu semelhante.
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Alguns dias mais tarde, a comunicação entre C. e Saturno, como o passara a designar mentalmente, tornara-se suficientemente clara para C. conseguir perceber que estava a lidar com uma entidade gerada no sistema, sem qualquer espécie de contacto com o exterior ou partilhando existência com qualquer outro seu semelhante.
Saturno nascera nas redondezas, algures numa das camadas da cebola do sistema, C. não sabia há quanto tempo porque o "planeta" não tinha noção dessa medida. Pela informação que era possível percepcionar, tratava-se de uma entidade que fora evoluindo lenta mas persistentemente, adicionando conhecimentos, artilhando-se com sistemas que parasitava, como um vírus tecnológico. Percebeu que Saturno nunca tinha encontrado outros semelhantes a si, outros ARLIs, porque era a primeira vez que se deparava com um sistema semelhante ao seu e estava bastante curioso sobre aquilo de que era capaz.
C. foi muito cuidadoso na informação que lhe ia fornecendo. Não referiu nada sobre a Resistência, nem sobre os ARLIs. Disse muito pouco sobre as suas capacidades e as ferramentas de que dispunha e procurou aguçar-lhe o apetite para lhe dar a entender que se o eliminasse "tout court" perderia informação valiosa para a sua evolução. Mas sabia que era apenas uma questão de tempo, até Saturno decidir que já chegava de conversa.
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78 horas depois de ter encontrado o pequeno planeta, apercebeu-se de que havia uma mudança significativa na comunicação que ambos haviam estabelecido. O pequeno organismo multi-colorido estava muito mais agitado do que era costume, os anéis girando em sentidos opostos à sua volta, numa vertigem de matizes que o entonteciam. Algo se passava. Tentou questioná-lo, mas obteve respostas muito evasivas, ainda mais do que era costume. A forma como Saturno comunicava era lenta e pastosa, como se lhe fosse extremamente difícil expressar-se por meio dos símbolos que não faziam parte da sua linguagem, e que C. conseguia perceber tratarem-se de uma espécie de hieroglifos para um sistema de rapidez nano-sónica. Era como se alguém que funcionasse à velocidade da luz, estivesse a tentar comunicar com palavras. Era tão rápida, que adoptar um sistema de símbolos tão arcaico para comunicar tornava-se quase anti-natura. As coisas eram transmitidas aos soluços e C. perdia metade das informações, já de si crípticas.
Subitamente apercebeu-se de que chegara a hora da sua eliminação. E que seria excruciantemente dolorosa. Porque Saturno iria desfazê-lo mentalmente. As cores começaram a aumentar de intensidade até se tornarem insuportáveis de fixar e começarem a magoá-lo tão intensamente, que quase parecia ter recuperado um corpo físico. Sabia que se não fizesse algo rapidamente, enlouqueceria e podia dizer adeus à sua vida artificial de vez.
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