domingo, 7 de abril de 2013

OS CINEASTAS DE ANDRÓMEDA

Terrence
Malick



 The Poet of Images

Marcos: O trabalho de Malick pode ser caracterizado como reavaliações radicais dos conceitos cinematográficos correntes, tais como a imagem, o som, as personagens e a narrativa. Os seus filmes são intensamente visuais, apresentam um imaginário muito rico constituído por imagens da natureza de grande beleza e evitam qualquer espécie de explicação, no sentido de que não tentam reduzir qualquer fenómeno (por exemplo, o comprtamento de uma personagem) a causas variadas (psiocológicas ou sociológicas), favorecendo em vez disso expressões de carácter. Ou pelo menos é assim que parece. A explicação para isto pode residir no facto de Malick ter estudado filosofia e de os trabalhos de Heidegger e Wittgenstein terem constituído uma grande influência nos seus filmes. Também a pintura realista e não abstracta de pintores modernos como Hopper e Wyeth e os filmes mudos, bem como a cinematografia de Murnau parecem exercer influências sobre a sua obra. Na base do facto de Malick parecer não se importar em dar razões para os comportamentos que narra, parece estar esta ideia fundamental - que tentar determinar as causas das acções humanas ilude o facto de o mundo e os seus valores serem por vezes insuficientes para lidar com certas possibilidades humanas. Uma outra característica de Malick é a evocação de vários tipos de mitos nos seus trabalhos.

O que gosto: As cadeias de pensamentos (tal e qual as que as personagens do seu filme A Thin Red Line vão desfiando) que os seus filmes induzem no espectador. Ver Malick é prepararmo-nos para pensar, reflectir e sermos desafiados a usar o nosso cérebro de formas complexas. Malick não é fácil, nem é divertido, nem é para qualquer tarde cinéfila. Mas para isso já existem tantos outros ... Gosto da beleza absoluta e poética das suas imagens da natureza que interrompem frequentemente a narrativa, como se ele nos estivesse a dizer algo do género: "olhem, enquanto este drama se passa, o mundo continua a existir impávido e sereno", ou então "olhem como aquilo que se está a passar não passa de uma extensão de algo mais antigo, mais profundo e mais duradouro do que os meros ilusórios, passageiros problemas humanos". Se eu fosse cineasta, queria ser algo do género deste senhor, embora saiba que nunca teria as capacidades para tal.

O que não gosto: Não existem, com efeito, explicações. O trabalho de Malick é aberto a todas e quaisquer interpretações, não porque ele não as tenha ou não esteja interessado em tâ-las (como acontece com Lynch, por exemplo), mas porque não se importa que nós tenhamos explicações diferentes ou porque não quer tornar as suas tão claras que isso deturpe ou influencie ou anule as nossas. E isso torna-se, a maioria das vezes, algo frustrante para quem gosta de princípios, meios e fins claros.

Os Filmes de Referência: Badlands, The Thin Red Line, The New World, The Tree of Life

Os meus Preferidos: The Thin Red Line, The New World, The Tree of Life

Alguns planos do mestre:



"My attitude is always let it keep rolling."

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