Old Friends
Apareceram todos este ano, como
se tivessem combinado alguma coisa especial.
O senhor de barba branca e
cadeira branca, que se senta a tomar sol sem ser deselegante com as senhoras
que passam.
O amigo alemão, com os seus
livros e os seus cigarros e as suas banhas tostadas de sol.
A senhora que não se despe, e que
se senta sempre num promontório criado pelas marés vivas, a ler a tarde toda,
sem quase tirar os olhos do seu livro.
A rapariga que já não é rapariga,
mas que ainda se acha uma rapariga, com a sua sombrinha e a sua toalha, a sua
música, as suas revistas e livros, os seus blocos de escrita e os seus banhos
magníficos.
E o delfim ... deus do céu ... o
delfim que fez a sua primeira e única aparição há precisamente dois anos e
deixou de ser visto. Que apareceu subitamente na praia, com o mesmo andar
poético, uma t-shirt laranja, os mesmos óculos escuros espelhados, o mesmo boné
e a mesma linguagem corporal, sem saber o que fazer às pernas e aos braços
enquanto olha para ela subrrepticiamente de quando em vez, alternando com
miradas para o lado oposto, para disfarçar.
O delfim voltou a aparecer ... e
deixou-lhe uma nostalgia magoada no olhar quando abandonou a praia nesse dia.
Uma coisa que ela não consegue explicar nem encontrar explicação nas revistas ou
nos livros ou nos escritos dos seus blocos.
Old friends ...
Lonely friends ...
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