domingo, 19 de outubro de 2014

Paradise - Day 14


Old Friends
Apareceram todos este ano, como se tivessem combinado alguma coisa especial.
O senhor de barba branca e cadeira branca, que se senta a tomar sol sem ser deselegante com as senhoras que passam.
O amigo alemão, com os seus livros e os seus cigarros e as suas banhas tostadas de sol.
A senhora que não se despe, e que se senta sempre num promontório criado pelas marés vivas, a ler a tarde toda, sem quase tirar os olhos do seu livro.
A rapariga que já não é rapariga, mas que ainda se acha uma rapariga, com a sua sombrinha e a sua toalha, a sua música, as suas revistas e livros, os seus blocos de escrita e os seus banhos magníficos.
E o delfim ... deus do céu ... o delfim que fez a sua primeira e única aparição há precisamente dois anos e deixou de ser visto. Que apareceu subitamente na praia, com o mesmo andar poético, uma t-shirt laranja, os mesmos óculos escuros espelhados, o mesmo boné e a mesma linguagem corporal, sem saber o que fazer às pernas e aos braços enquanto olha para ela subrrepticiamente de quando em vez, alternando com miradas para o lado oposto, para disfarçar.
O delfim voltou a aparecer ... e deixou-lhe uma nostalgia magoada no olhar quando abandonou a praia nesse dia. Uma coisa que ela não consegue explicar nem encontrar explicação nas revistas ou nos livros ou nos escritos dos seus blocos.
Old friends ...
Lonely friends ...

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