segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MURMÚRIOS DE AVALON XXIV

A Leitora em Apuros
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Que interessante ... Acho que começo a perceber onde quer chegar ...
A menina? Ouça, eu estou capaz de ... sei lá o quê!
Então?
Quem a mandou intrometer-se na minha história? Que história é essa de inventar um personagem e influenciar o meu inconsciente? Já chegámos à Madeira?
Calma. Achei que seria um exercício interessante. Mais nada.
Exercício interessante?? Exercício interessante??!! Ouça ... vou estabelecer já aqui uma coisa pela primeira e última vez, ouviu?
Diga.
Pode maçar-me quando lhe apetecer com perguntas idiotas, pode interromper-me os pensamentos quando bem lhe aprouver, pode pensar e achar o que quiser, mas há uma coisa que eu não lhe permito, ouviu bem? JAMAIS TENTE INTERFERIR NA MINHA ESCRITA OUTRA VEZ!
Mas ...
Não há mas nem meio mas. Não há discussão possível sobre esta matéria. Considere-se avisada. Se tentar outra gracinha do género, acabou-se o acordo. Pode ir experimentar chatear outro escritor qualquer, porque comigo acabou-se. Entendeu?
Não entendi, mas respeito. E gostava que não gritasse comigo. Não sou um dos seus pobres personagens que você explora até ao tutano.
O quê????? Mas você é mesmo impertinente, irritante e infantil. E ridícula. E ignorante.
Já acabou o chorrilho de insultos?
Se me lembrar de mais algum, fique descansada que lho comunicarei imediatamente.
Óptimo. Porque você é arrogante, teimoso que nem uma mula e abslutamente intragável. Nunca imaginei que um dos meus escritores preferidos se revelasse uma tão grande desilusão.
Lamento tê-la desapontado. Em todo o caso, ninguém lhe pediu que me lesse, mas sim aos meus livros. Entende a diferença, ao menos? Se há coisa mais irritante para um escritor, ou qualquer artista, presumo, é que confundam a sua obra com a sua pessoa. Consegue compreender que uma coisa não tem necessariamente que estar relacionada com a outra de forma tão directa? Aliás, porque terá de concordar que isso seria, no mínimo, um aborrecimento tremendo.
Talvez ... nunca tinha pensado nisso. De qualquer modo, isso não o isenta dos defeitos de que o acusei. O facto de não ser parecido com a sua obra, não implica que seja por consequência intragável. Ou a beleza da arte é directamente proporcional à fealdade do autor?
Não, menina. Não seja obtusa. Claro que depende. E você só me acha isso tudo porque ainda não se dispôs a tentar compreender a forma como trabalho. Continua a persistir num verdadeiro exercício de espionagem, completamente descabido.
Não me pode censurar por ser curiosa. Ou pode?
Claro que não. Censuro-a por persistir em ideias pré-concebidas, não querendo dar oportunidade a uma nova perspectiva. E por desrespeitar o meu trabalho. Ou gostava que alguém lesse por si, por cima do seu ombro, em voz alta, enquanto está a tentar concentrar-se no seu próprio ritmo de leitura?
Bom, tem razão. Tem toda a razão. Apenas achei que talvez fosse interessante. Desculpe.
Está desculpada.

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