domingo, 9 de agosto de 2009

PALAVRAS ESTÚPIDAS 70

Clowns
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Os artistas são palhaços.
Palhaços para nos divertirem. Palhaços para nos entreterem, nos intervalos da vida.
Palhaços pobres.
Palhaços ricos.
Mas apenas Palhaços.
Alguns sabem disto. Alguns, como Brando, que dizia ter a profissão mais inútil do mundo. Sabia ele que não passava de um palhaço, um intermezzo olhado com curiosidade, às vezes interesse, às vezes emoção, raras vezes devoção.
Outros não sabem isto. São muitos, cada vez mais. Que se fazem mais do que o que representam, mais do que o que cantam, mais do que o que dizem. Que se esquecem que são veículos de arte, com um corpo e uma voz e um rosto ao serviço de uma mensagem, de uma história, de uma fantasia. Não mais que isso. Não mais do que o que entregam.
Estes últimos, quando a cortina cai, os aplausos cessam, as luzes se apagam, o público sai, são talvez as pessoas mais solitárias do mundo. Porque não entenderam o seu papel.
Palhaços. Queridos, maravilhosos, esforçados palhaços. Tristes, incompreendidos palhaços. Que entregam a sua alma em cinco minutos de palco, estilhaçando-a à nossa frente. Que se esventram em ensaios intermináveis, treino que dura uma vida, para oferecerem à marabunta gananciosa, egoísta, fútil, desinteressada, cinco minutos de deslumbrante fôlego contido.
Mas palhaços. Não mais do que palhaços. Não passam de palhaços nos intervalos das nossas vidas.
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Send in the clowns.
Send in those clowns.
Send in the wonderful clowns.
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P.S. Este texto não foi pensado por causa de Raul Solnado, mas curiosamente calhou sair no dia do seu enterro. Por isso, e porque foste um dos maiores "clowns" deste país, este texto acaba por ser para ti, Raul.

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