segunda-feira, 29 de outubro de 2012

PALAVRAS ESTÚPIDAS 161

O Destino Somos Nós Que? ... ou?

Comecei a pensar no destino. Situação complicada, sobretudo porque sou uma pessoa inteligente, não crente.
Existe ou não existe destino?
Vamos por partes.
Primeira reacção e aquela em que acreditei durante muitos anos: Não existe destino. O destino somos nós que o fazemos. Ponto final. Tudo o resto é conversa, balelas, tretas, whishfull thinking e coisas que tais.
Sou céptica, agnóstica, científica e muito desconfiada sobre tudo o que aparentemente provém de um qualquer mundo sobrenatural invisível, situado algures entre a imaginação, a esperança e o sonho.
Factos: O mundo é caótico, a natureza não é perfeita, mas uma sucessão de erros e tentativas e coisas que, às vezes, dão certo. O que dá certo fica, os erros não. Não existe bem nem mal. A única coisa que existe é a vida a querer viver e o instinto de sobrevivência das espécies, incluindo a humana. Tudo o que fazemos, fazêmo-lo para viver e continuar a viver.
Variantes: Mas cometemos erros, claro. Ou não. Fazemos coisas certas. Estamos às vezes nos sítios certos, às horas certas, nas alturas certas, com as pessoas certas. Acaso? Provavelmente.
Ou não?
E se ...?
E se pusermos a hipótese de que de facto existe destino? Talvez não sempre, mas em alguns casos, poucos, raros provavelmente.
Como explicar certas pessoas que conheci por meríssimo acaso e que foram das pessoas mais importantes da minha vida? Dou exemplos concretos: se o sítio onde eu estava a estagiar não estivesse em obras eu nunca teria conhecido um homem que foi até hoje o homem mais importante da minha vida; se eu não tivesse visto o anúncio a pedir uma copywriter no quadro da faculdade não teria conhecido um outro homem que foi praticamente a minha cara metade durante anos; se eu não tivesse desobedecido a um maluco que me avisou contra outro maluco e se esse segundo maluco não estivesse ali, naquele sítio, àquela hora precisa, eu não teria conhecido um dos homens mais inteligentes da minha vida; se eu não tivesse resolvido de um dia para o outro tirar um mestrado de uma coisa que eu nem sequer sabia o que era, nunca teria conhecido alguém a quem me "liguei" porque era óbvio que só podia ser assim. E como estes quatro casos, poderia dar muitos outros.
Porquê? Porque é que estas coisas acontecem? Ou, dito de outra forma, será que há outras potenciais coisas que poderiam ter acontecido, se eu tivesse virado para a esquerda naquele dia e que nunca aconteceram?
Esta última hipótese, que vai de encontro às ideias expressas no início deste texto, é, convenhamos, horrível de supor. Que existam infinitas possibilidades perdidas todos os dias, não apenas meras possibilidades mas possibilidades essenciais, cruciais, como as quatro que exemplifiquei, a perderem-se constantemente pura e simplesmente por acaso?
Mas, e voltando ao início deste texto, uma vez que sou uma pessoa inteligente, tenho de admitir que esta última hipótese seja tão válida quanto a alternativa mais agradável. Certo?
Claro, poderemos supor que, e regressando aos quatro casos exemplificados, as conclusões a que eu tenha chegado o sejam pura e simplesmente porque eu decidi que elas assim fossem. Ou seja, se calhar haverá pessoas que serão muito mais importantes na minha vida, mas como eu tenho de dar sentido à minha vida que já passou, classifico os acontecimentos onde os quatro exemplos se incluem como especialmente especiais, não porque eles sejam de facto especiais, comparados se calhar com outros, mas porque eu os quero especiais.
Talvez. Mas continua a ser horrível.
É bem mais agradável acreditar que nada acontece por acaso, que não há coincidências e que o destino está escrito nas estrelas.
Balelas ... Mas que as há ... há ...

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