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Savonarola falava contra a decadência, os excessos e o espírito humanístico do Renascimento.
Alguns anos após a tomada de posse, instigou as famosas Fogueiras das Vaidades. Os seus enviados iam de porta em porta, recolhendo objectos que Savonarola achava pecaminosos - espelhos, livros pagãos, produtos de cosmética, música secular e instrumentos musicais, tabuleiros de xadrez, cartas de jogar, roupas e pinturas. Todos estes objectos eram amontoados na Piazza della Signoria e queimados em grandes fogueiras. O artista Botticelli, que caiu sob a influência de Savonarola, ofereceu muitas das suas obras voluntariamente a estas fogueiras e pensa-se que alguns dos trabalhos de Michelangelo possam também ter perecido no fogo de Savonarola, juntamente com outras obras-primas do Renascimento, de valor incalculável.
Sob o governo de Savonarola, Florença afundou-se no declínio económico. Os Últimos Dias de que ele falava constantemente, nunca chegaram. Em vez de abençoar a cidade pela sua religiosidade descoberta, Deus parecia tê-la abandonado. O povo, especialmente a juventude, começou a desafiar os éditos de Savonarola. Em 1497, uma multidão de jovens rapazes explodiu durante um dos sermões de Savonarola; o motim espalhou-se e tornou-se uma revolta generalizada, as tabernas reabriram, o jogo foi retomado e a dança e a música podiam mais uma vez ser ouvidas, ecoando pelas travessas esguias de Florença.
Vendo o seu controlo desaparecer, Savonarola tornou-se ainda mais fanático nos seus sermões e cometeu um erro fatal - virou as críticas contra a própria igreja. O papa excomungou-o e ordenou a sua prisão e execução. Uma multidão enfurecida invadiu o mosteiro de San Marco, deitou as portas abaixo, matou alguns dos monges e arrastou-o para fora. Foi acusado de um rol de crimes, entre os quais "erro religioso". Depois de ter sido torturado durante várias semanas, foi pendurado em correntes numa cruz na Piazza della Signoria, no mesmo local onde tinha erguido as suas Fogueiras das Vaidades, e queimado vivo. O fogo foi alimentado durante horas e os seus restos mortais foram recolhidos e remisturados nas cinzas, para que não sobrasse nenhum pedaço seu, passível de ser usado como relíquia de veneração. As suas cinzas foram atiradas para o Arno.
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O Renascimento foi retomado. O Sangue e a beleza de Florença continuaram. Mas nada dura para sempre, e ao longo dos séculos, Florença perdeu gradualmente o seu lugar entre as principais cidades da Europa. Recuou para os bastidores, famosa pelo seu passado, mas invisível no presente, enquanto outras cidades italianas se tornaram mais proeminentes, sobretudo Roma, Nápoles e Milão.
Os florentinos actualmente são conhecidos pela sua clausura, considerados pelos outros italianos como arrogantes e presumidos, excessivamente formais, saudosistas e fossilizados pela tradição. Eles são sóbrios, pontuais e trabalhadores. No fundo, os Florentinos sabem que são mais civilizados do que os outros italianos. Eles deram ao mundo tudo o que é de excepção e de belo e fizeram mais do que suficiente. Agora podem fechar as suas portas e virarem-se para o interior.
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Quando o Monstro de Florença chegou, os Florentinos encararam os assassínios com incredulidade, desespero, terror e uma espécie de fascínio doentio. Eles pura e simplesmente não podiam aceitar que a sua lindíssima cidade, a expressão física do Renascimento, o próprio berço da civilização ocidental, como é apelidada, pudesse albergar um tal monstro.
Mas mais do que isso, eles não conseguiam aceitar a ideia de que o assassino pudesse ser um deles.
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retirado de "The Monster of Florence" - Douglas Preston e Mario Spezi
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