quinta-feira, 1 de julho de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE XIX

Il Vero Mostro - Parte VI
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"A palavra italiana para 'mal' e 'doença' é a mesma - 'male'. E a palavra italiana para 'linguagem' e 'estudo' é também a mesma - 'discorso'.
A palavra 'Patologia' pode ser definida em italiano como 'discorso sul male' (estudo da doença ou do mal). Prefiro defini-la como 'male che parla' (mal ou doença que fala). O mesmo se passa com 'psicologia', que é definida como o 'estudo da psique'. Mas eu prefiro 'o estudo da psique lutando para falar através dos seus distúrbios neuróticos'.
Já não existe verdadeira comunicação entre nós, porque a nossa própria linguagem está doente, e a doença do nosso discurso conduz inevitavelmente à doença nos nossos corpos, à neurose, se não mesmo à doença mental.
Quando já não consigo comunicar através do discurso, falarei com a doença. Os meus sintomas serão trazidos à vida. Estes sintomas expressam a necessidade da minha alma em se fazer ouvir, sem o conseguir, porque eu não tenho as palavras para tal e porque aqueles que deveriam ouvir-me não conseguem ouvir para além do som das suas próprias vozes. A linguagem da doença é a mais difícil de interpretar. É uma forma extrema de chantagem que desafia todos os nossos esforços para a apagar e evitar. É uma tentativa derradeira de comunicação.
A doença mental reside no fim desta luta para se ser ouvido. É o último refúgio de uma alma desesperada que compreendeu finalmente que ninguém está a ouvir ou que alguma vez ouvirá. A loucura é a renúncia de todos os esforços para se ser compreendido. É um grito de dor e necessidade sem fim, através do absoluto silêncio e indiferença da sociedade. É um grito sem eco.
É esta a natureza do Monstro de Florença. E é esta a natureza do mal em todos e cada um de nós. Todos temos um Monstro no nosso interior; a diferença está no grau, não na natureza."
Irmão Galileo - monge franciscano e psicanalista a quem Mario Spezi, o jornalista mais proeminente do caso Monstro de Florença, recorreu quando os horrores do caso começaram a interferir com a sua estabilidade emocional
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Entre Agosto de 1968 e Setembro de 1985, o Monstro de Florença assassinou 16 pessoas, 8 casais nos arredores de Florença:
* 21 Agosto 1968 - O casal Antonio Lo Bianco (29) e Barbara Locci (32) foram assassinados com tiros de uma pistola Beretta .22 em Signa, uma pequena vila a oeste de Florença, enquanto o filho de Locci dormia no banco de trás do carro. Locci tinha vários amantes e o marido acabou por ser considerado suspeito do assassínio e preso durante 6 anos. Mas outros casais continuaram a ser mortos, enquanto ele estava na prisão.
* 15 Setembro 1974 - Pasquale Gentilcore (19) e Stefania Pettini (18), um casal de adolescentes, foram mortos a tiro perto de Borgo San Lorenzo, enquanto praticavam sexo no interior de um carro. O corpo de Pettini foi violado com um tronco de vinha e desfigurado com 97 facadas.
* 6 Junho 1981 - Giovanni Foggi (30) e Carmela Di Nuccio (21), noivos, foram mortos a tiro e esfaqueados perto de Scandicci. O corpo de Di Nuccio foi arrastado para fora do carro e o assassino cortou a sua zona púbica com uma faca.
* 23 Outubro 1981 - Stefano Baldi (26) e Susanna Cambi (24), noivos, foram mortos a tiro e esfaqueados num parque perto de Calenzano. A zona púbica de Cambi foi cortada da mesma forma que a de Carmela Di Nuccio.
* 19 Junho 1982 - Paolo Mainardi (22) e Antonella Migliorini (20), noivos, foram mortos a tiro num carro estacionado numa estrada rural em Montespertoli. Desta vez o assassino não mutilou a vítima feminina. Mainardi foi encontrado vivo, mas morreu poucas horas depois.
* 9 Setembro 1983 - Horst Wilhelm Meyer (24) e Jens Uwe Rüsch (24), dois turistas alemães, foram mortos a tiro dentro de um carro. Pensa-se que o cabelo loiro comprido de Jens e a sua pequena estatura possam ter levado o assassino a pensar que se tratava de uma mulher. A polícia supôs que se tratasse de um casal homossexual, mas isso nunca foi provado.
* 29 Julho 1984 - Claudio Stefanacci (21) e Pia gilda Rontini (18), casal de adolescentes, foram mortos a tiro e esfaqueados dentro de um carro estacionado no bosque perto de Vicchio di Mugello. O assassino voltou a cortar a zona púbica da rapariga e também o seu seio esquerdo.
* 7-8 Setembro 1985 - Jean Michel Kraveichvili (25) e Nadine Mauriot (36), turistas franceses e campistas. Nadine foi morta a tiro e esfaqueada enquanto dormia na tenda que tinham montado perto de San Casciano. Jean Michel foi morto perto da tenda, enquanto tentava fugir. O corpo de Nadine foi mutilado. O assassino enviou uma carta e um pedaço de um seio de Nadine à procuradora-geral, desafiando as autoridades a tentarem encontrar as vítimas, antes dos corpos terem sido descobertos.
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Várias pessoas foram acusadas ao longo dos anos de serem o Monstro de Florença, incluindo o jornalista Mario Spezi, co-autor de um livro sobre um dos casos de assassinato em série mais terríveis do mundo. Thomas Harris viajou até Itália e assistiu a diversas audiências dos julgamentos que decorriam, tirando inspiração para o personagem Hannibal Lecter.
O Monstro de Florença nunca foi encontrado.
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FIM

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