Lá Vai a Maria
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A Maria entra no eléctrico e trepa para o primeiro banco do lado direito, logo depois do condutor. Vem vestida com calções curtos cinzentos, uma t-shirt cor-de-rosa desmaiado e sandálias de tiras. Traz uma bola de basquete do mesmo tamanho que a sua cabeça, que pousa em cima do colo, enquanto rasga o papel do chocolate que se dispõe a roer calmamente.
As pernas balançam no ar e a Maria vai compenetrada no chocolate. Nem repara que o eléctrico inteiro suspirou quando ela entrou. Em uníssono. É que a Maria parece um anjo, daqueles dos livros de catequese que toda a gente que vai no eléctrico teve quando era da idade da Maria.
A Maria é, pois, loira de olhos azuis, uns olhos que magoam só de olhar para eles - da cor do céu de Verão.
Não me lembro onde a Maria entrou. Sei onde saiu - no Largo das Portas do Sol. Sei que se chama Maria porque duas vizinhas um pouco mais velhas que ela a trataram assim.
"Olá Maria!"
"Olá"
"Tá tudo bem?"
A Maria não fez muito caso delas. Respondeu que sim com a cabeça e continuou a roer o chocolate, os olhos perdidos não se sabe onde. Já tem aquela superioridade natural das pessoas lindas.
O motorista do eléctrico, que tem mais uns 20 anos que ela, sonha todos os dias com a Maria. Não esta Maria, a de sete anos, mas a de dezassete. Quem sabe se ela continuará a subir para o eléctrico daqui a 10 anos, com mini-saias em vez de calções? Ele tem vontade de ficar a conduzir o eléctrico esse tempo todo, só para poder ver a Maria de dezassete.
Ela sai, a bola nos braços.
Lá vai a Maria, diz Lisboa, suspirando.
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