segunda-feira, 31 de dezembro de 2007
domingo, 30 de dezembro de 2007
PALAVRAS EMPRESTADAS 32
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sábado, 29 de dezembro de 2007
EM BUSCA DE PALAVRAS 4
Fiquei a olhar admirada para a versão modernizada da AK 47, a lendária espingarda soviética, e a primeira reacção que tive foi “É tão levezinha!?”
É claro que assim que peguei nela percebi quão enganador o seu aspecto elegante e aerodinâmico podia ser. Os dois braços foram imediatamente abaixo e desatei a rir. “Chiça! Isto é pesado como ó caraças!” E é pesada - são cerca de 4 quilos.
Primeira conclusão: já tinha pensado que o meu sniper tinha que fazer exercício para conseguir manter-se quieto e preparado durante horas no mesmo local e na mesma posição; agora tinha a certeza que ele tinha mesmo que fazer exercício para conseguir carregar com uma “menina” semelhante nos braços.
Segunda conclusão: tinha nas mãos uma obra-de-arte mortífera e elegante, quase mística.
Terceira conclusão: uma espingarda oferece sensações totalmente diferentes de uma simples pistola, ainda para mais uma espingarda deste tipo – é outro mundo, é outra pessoa, é outra “cena” tout court.
Quarta conclusão: se uma pistola pode servir para qualquer um manusear, uma espingarda deve ser manuseada por um “artista”, seja o que for que se queira entender por "artista" - alguém que compreende e respeita o que tem nas mãos.
Quinta conclusão: a relação que se estabelece com este tipo de espingarda é completamente diferente da que a pistola permite de imediato – a espingarda é como um gato, não se deixa conquistar imediatamente, não se deixa conhecer assim sem mais nem menos, é quase como se nos dissesse: “podes ver, tocar, sentir, manejar-me, até disparar-me, porventura poderás até desmontar-me e examinar as minhas entranhas cirurgicamente, mas passará muito tempo até que eu te deixe sentires-me parte de ti”.
Estarei louca? Serei absurda? Não, estou a incorporar um personagem. O que me leva à
Sexta Conclusão: ...
Hasta la vista, baby.
sexta-feira, 28 de dezembro de 2007
OS ANIMAIS DE ANDRÓMEDA
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quinta-feira, 27 de dezembro de 2007
PLIM! XII (Palavras Loucamente IluMinadas)
quarta-feira, 26 de dezembro de 2007
EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 16 (cont.)
Emily ficou a olhar para ele durante uns momentos. Depois uma dúvida absurda assaltou-lhe o espírito. Baixou os olhos. Por brevíssimos segundos teve a certeza que a sua dúvida não era um absurdo, mas uma realidade. Ele conseguia vê-la. A bola de pêlo lambeu-lhe a mão. Ele conseguia vê-la por trás dos óculos escuros e aquela história da cegueira não passava de um estratagema qualquer. Provavelmente também se podia mexer …
"Emily … Eu sou mesmo cego, não se preocupe. Escusado será dizer que também sou paralítico, caso esteja a duvidar disso também. Se quiser peça à Clara para lhe mostrar a minha ficha médica."
Os olhos de Emily começaram a abrir-se muito.
"Mas como …", assim que proferiu estas palavras arrependeu-se imediatamente. Estúpida! Estúpida! Assim ele vai perceber que acertou em cheio.
"É simples. Experimente fechar os olhos durante um dia inteiro e fazer a sua vida normal. Vai perceber muita coisa que esses lindos olhinhos (não duvido que sejam lindos) não conseguem.", apesar do discurso que acabara de ser proferido ser perfeitamente lógico e coerente, perpassava pelas suas palavras um subtil tom irónico que a deixava desconfortável e desconfiada.
Abriu a boca, não sabia se para dizer alguma coisa, se para respirar, porque de súbito apercebeu-se que se esquecera de respirar desde o instante em que ele começara a falar.
"Por exemplo", continuou ele, "mais um pouco e você ficava sem fôlego agora mesmo. Percebe? Eu ouço-a. Eu ouço-a muito bem. Se eu lhe dissesse o que é que já consegui ouvir-lhe, você provavelmente assustava-se. Ou pensa que só porque não vejo não a consigo 'ver'?"
Emily continuou calada. A respiração suspensa, sem saber o que pensar ou sentir. Pensou se não estaria a enlouquecer e sentiu um alívio tremendo ao mesmo tempo. Ironicamente, ficou aliviada com o facto de ter a sensação estranha que não precisava de lhe explicar nada porque ele percebia tudo, mesmo aquilo que ela não conseguia, não queria ou não sabia dizer. Como por que motivo esse preciso pensamento lhe parecia tão lógico, apesar de o conhecer há apenas dois dias e de não fazer a mínima ideia com que espécie de pessoa estava a lidar.
"Continue. E lembre-se - eu não estou cá. Saí. Fui dar uma volta no meu carro.", foi a resposta.
A bola de pêlo lambeu-a novamente. E interpretando isso como um incentivo, retomou a leitura, desta vez um pouco mais segura.
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"uns modos mais atractivos e agradáveis - algo mais leve, mais franco, mais natural - até lá teria realmente de me excluir dos privilégios destinados a crianças felizes e satisfeitas.'
Ao princípio foi difícil. Mas bastava ele pronunciar o seu nome para ela perceber a chamada de atenção. Lentamente foi-se soltando. No final da semana já conseguia ler uma página inteira sem se lembrar constantemente de que ele estava lá. John contribuía para isso permanencendo absolutamente silencioso no seu canto escuro. E as lambidelas de Wolf encorajavam-na. Parecia-lhe que o cão lhe dizia "Continua, Emily. Estamos a gostar."
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“Um novo capítulo num romance assemelha-se a uma nova cena numa peça; e quando, leitor, eu levantar a cortina desta vez - deve imaginar que observa uma sala na Estalagem George em Millcote, com o mesmo papel de parede decorado com figuras grandes, que as estalagens costumam ter; com uma carpete semelhante, mobília semelhante, bibelots e quadros semelhantes - incluindo um retrato de Jorge III e um outro do Príncipe de Gales, e uma representação da morte, de Wolfe. Tudo isto é-lhe visível através da luz de uma lamparina de óleo pendurada do tecto e de um excelente lume, perto de cuja lareira eu estou sentada, embrulhada na minha capa e no meu gorro; o meu regalo e guarda-chuva repousam sobre a mesa e estou a aquecer o frio e a dormência contraídos durante dezasseis horas de exposição às intempéries de um dia de Outubro: abandonei Lowton às quatro da madrugada e o relógio da vila de Millcote está neste momento a bater as oito da noite.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Feliz Natal
Happy Xmas
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domingo, 23 de dezembro de 2007
PALAVRAS EMPRESTADAS 31
sábado, 22 de dezembro de 2007
PALAVRAS ESTÚPIDAS 6
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Não consigo esconder mais este segredo horrível que cresce dentro de mim de dia para dia e que ameaça invadir-me as células todas do meu corpo, do meu cérebro e do meu coração. Caraaaaaaaaaaaaaaças! Não posso esconder mais isto! Não aguento maaaaaaaaaaaais! Vou confessar! Pronto! Eu gosto do Tony Carreira!
Uffffff!!!!! Pronto. Fuiuuuuuuu!!!!!
Agora sim, estou aliviada. Libertei este segredo terrível que vivia dentro de mim há meses. E agora que libertei este grito de amor, agora sim posso dissecar esta terrível paixão, com os neurónios que me restam e que ainda não foram atacados pela febre Tony.
ºfgçlf
O homem é foleiro? Sim, é! E eu não gosto de coisas foleiras, caraças!
O homem é lindo de morrer? Não, até nem é! E até tem assim um bocado cara de parvo!
O homem tem uma voz fantástica? Não, a voz dele não é nada de especial!
O homem veste bem? Não, caraças, que até nem isso é nada de extraordinário!
O homem tem um corpo musculado que faça calores? Não, caramba, que aquilo é uma pileca!
As letras das canções pimba do homem são poemas extraordinários? Não, raios parta que não são, é vira o disco e toca o mesmo Marco Paulo de sempre!
Então, senhores! expliquem-me porquêêêêêêêêêê????!!!!!
Expliquem-me porque é que cada vez que ouço alguém dizer o nome dele na televisão, páro tudo o que estou a fazer e fico feita estúpida, a olhar para o Tony, com meio sorriso na cara e um pingo de baba a escorrer-me pela beiça abaixo?
Hããããããnnnnn????!!!! Porquê, carago????!!!! Mas porquêêêêêêê???!!!!!!
(suspiroooooooooooooooooo enorme desconsolado)
çflgºçflg
Toc Toc Toc Posso?
Sim? Quem é você?
Sou a tua parte emocional.
E o que queres?
Quero explicar-te o Mistério Tony.
Faxavor de dizer. Porque eu tou em branco ...
A menina gosta do Tony por 3 motivos. O Tony tem algo.
Algo?
Sim, algo, algo que a atrai.
E que é?
Sinceridade, humildade e amor pelo que faz.
Isso explica a baba a escorrer da boca?
Explica. Há algo de muito sexy nessas três características, caso não saiba.
Ah pronto. Muito agradecida.
Não tem de quê. E outra coisa.
Sim?
Não se preocupe, minha cara. Não é a única mulher neste país a ser afectada pela Febre Tony. 99,9% das mulheres já apanharam a febre. E até os homens já estão a ser afectados também.
Fico mais descansada.
E agora vá lá ouvir o Tony.
Mas baixinho ... para os vizinhos não perceberem que eu gosto dele ...
Não se preocupe, já lhe disse. Os vizinhos também o adoram.
Pois é! Que felicidade! Posso ouvir Tony Carreira em altos berros!!!!!!
g3ºf+3g
Toc Toc Toc
Sim, quem é agora?
Somos a sua parte racional, erudita, intelectual e de bom gosto.
E o que querem?
Também não abuse, se faz favor ... Contenha-se! Tony assim de vez em quando, como quem não quer a coisa, muito bem. Agora uma decisão consciente de ouvir Tony???!!!!!
Pronto, pronto, tá bem ... já cá não está quem falou ...
(suspiro...........................)
sexta-feira, 21 de dezembro de 2007
EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 15 (cont.)
Capítulo 5. CORRESTE POR MINHA CASA DE MADEIRA
ldkçlkg
"Por mim vai-se à cidade que é dolente,
por mim se vai até à eterna dor,
por mim se vai entre a perdida gente.
Moveu justiça o meu supremo autor:
Divina potestade fez-me e tais
A suma sapiência, o primo amor.
Antes de mim não houve cousas mais
do que as eternas e eu eterna duro.
Deixei toda a esperança, vós que entrais.
Estas palavras em letreiro escuro
Escritas vi por cima de uma porta;
E disse: 'Mestre, o seu sentido é duro.' " (22)
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Emily voltou, claro. Pensou no pai, no namorado e nos amigos, tão distantes do que queria para a sua vida. Pensou em Amanda, lambuzada todos os dias por decadentes catedráticos babados e arrogantes universitários entezados. E concluiu que valia a pena sofrer todas as humilhações, se isso lhe permitisse percorrer os corredores da biblioteca com a cabeça bem levantada e um sorriso nos lábios.
"Ouvi dizer que é leitora particular do milionário Johann Strat.", pigarreou o vetusto professor de Literatura por cima do seu ombro, uma tarde.
Emily confirmou com o silêncio de um aceno de cabeça e de um par de sobrancelhas arqueadas, por trás dos óculos que comprara para fingir uma miopia inexistente, mas sedutora.
"Pobre coitado. Com tanto dinheiro e atirado para um canto, sem esperança alguma de recuperação. Se quiser …", pigarreou novamente, e Emily notou que ele desviara os olhos por um segundo para o seu decote, "… posso sugerir-lhe algumas leituras."
Compôs o seu melhor sorriso e atirou-lhe uma bofetada de luva branca:
"Não é necessário, professor. Ele aprovou integralmente o programa de leituras que lhe propus. Mas, de qualquer das maneiras, muito obrigada."
E afastou-se lentamente, fingindo consultar o seu bloco, enquanto se dava ao luxo de bambolear as ancas que não tinha na tromba do outro.
Começava a constatar que o poder atraía. E que gostava dessa sensação.
Hoje a Nº 5 trazia um tailleur verde claro aos quadrados. Aquela mulher devia ter uma comissão na Chanel.
"Boa tarde, Sra. Sutherland."
Assim que entrou na sala e depois de ter sido anunciada, Emily balbuciou:
"Queria-lhe pedir desculpa pelo que lhe disse ontem …"
Ele estava junto à janela, como das outras vezes. A bola de pêlo saltitou na sua direcção e empoleirou-se nas suas pernas, como no dia anterior. Emily afagou-lhe o cocuruto, procurando algum conforto e empatia para si própria nesse gesto de carinho oferecido e o animal enlouqueceu. Começou a arfar com a língua de fora e a cauda a abanar freneticamente, o que lhe deu vontade de rir, mas conteve-se. Não era de bom tom soltar uma gargalhada naquele momento, com toda a certeza.
Ele farejou-a e apontou com o queixo para um livro pousado em cima da mesa, ignorando o seu pedido de desculpas.
"Quando quiser, pode começar. Do início."
Emily não soube como reagir. Se insistisse, poderia parecer que o seu pedido de desculpas se destinava apenas a provocar nele uma reacção qualquer e isso soaria a hipocrisia. Decidiu não acrescentar mais nada.
Aproximou-se lentamente e leu em voz alta, como se isso pudesse constituir uma estratégia de defesa:
"Jane Eyre – Charlotte Brontë"
Suspirou fundo, sem se preocupar se o suspiro fora audível. Adorava aquele livro. Pegou nele e sentou-se. A bola de pêlo saltou-lhe para o colo.
"Wolf!", John bateu na varinha mágica com a mão duas vezes. Mas a bola de pêlo hesitou.
"Ele não me incomoda. Se é por causa disso …"
John permaneceu silencioso, como se acentisse e ela abriu o livro sobre o dorso do setter. Começou a ler:
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"Capítulo I
Não havia possibilidade alguma de dar um passeio naquele dia. Tinhamos vagueado, de facto, no pomar despido durante uma hora nessa manhã; mas desde o jantar (Mrs. Reed, quando não havia convidados, jantava cedo) que o frio inverno trouxera consigo nuvens tão sombrias e uma chuva tão penetrante, que qualquer actividade física no exterior estava agora fora de questão.
Isso agradava-me; nunca apreciei longos passeios, especialmente em tardes frias: temia regressar a casa no crepúsculo cru, com dedos das mãos e dos pés enregelados e um coração entristecido pelos ralhetes de Bessie, a ama, e tornado humilde pela consciência da minha inferioridade física em comparação com Eliza, John e Georgiana Reed. Os ditos Eliza, John e Georgiana estavam agora reunidos em redor da sua mãezinha na sala de desenho: ela encontrava-se recostada num sofá perto da lareira e os seus queridos (de momento sem brigarem ou chorarem) pareciam perfeitamente felizes. A mim, ela tinha dispensado a minha companhia, dizendo que, “Lamentava ver-se forçada a manter-me à distância; mas que, até ter notícias de Bessie, e pudesse constatar por si própria que eu me estava a esforçar genuinamente por adquirir modos mais sociáveis e mais próprios de uma criança, ...” (23)
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Lia lenta e pausadamente. Procurou controlar a respiração e, apesar de saber que se ele não fosse cego teria feito muito pior, também sabia que podia fazer muito melhor.
"Emily …"
Parou bruscamente. Pronto, é agora. Agora é que ele viu o erro que cometeu. Estou tramada.
(22) A Divina Comédia - Dante Alighieri; (23) Jane Eyre – Charlotte Brontë
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
MURMÚRIOS DE LISBOA LI
Árvores despidas - Jardim Gulbenkian
quarta-feira, 19 de dezembro de 2007
EM BUSCA DE PALAVRAS 3
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A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte II
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É simples. Uma pistola nas mãos solta o “monstro” violento que existe dentro de todos nós. Comecei logo a fantasiar entrar no autocarro de manhã, apontar a pistola assim como quem não quer a coisa, à penca do motorista da Carris e dizer com o ar mais displicente deste mundo – “olha lá, não disseste bom dia à velhinha? hãããã?! não ouvi bem! como é que é?!” e coisas assim deste género, tipo na perfumaria com as empregadas de nariz empinado – “Are you talkin’ to me?” e ... etc. Tão a ver o filme, não tão? Uma parvalheira absoluta.
Quando aprendi a carregar as munições, destravar a segurança, puxar o cão para trás e a corrediça para que a primeira munição entre na câmara (já consigo fazer isto tudo em menos de 10 segundos), sentia-me com vontade de sair disparada e a disparar porta fora, a deslizar por paredes e escadas, qual Clarice Starling em busca de seu Hannibal.
Depois lembrei-me dum pequeno pormenor – eu agora não faço parte dos que estão do lado da lei, tenho que pensar como o mau da fita. E este meu mau da fita tem muito que se lhe diga.
Portanto, peguei na pistola e fartei-me de puxar o gatilho, disparando tiros imaginários para a parede, tentando imaginar o que sente uma pessoa quando tem um objecto mortífero nas mãos e total controlo sobre ele.
Gosto do som das munições a entrarem no carregador, do click do cão a ser puxado para trás e sobretudo da corrediça a deslizar pelo cano para trás e para a frente com brusquidão. Tchk Crq Tchk Tchk. Sou uma pessoa que não consegue viver sem música e “ouve” ritmos em qualquer objecto (até na máquina de lavar roupa), por isso a pistola para mim também tem um ritmo e eu gostei dele.
O peso também é importante. Se bem que o meu conselheiro de armas me tenha informado que existem hoje em dia pistolas que pesam muito menos do que aquela, nunca tinha pensado neste pequeno pormenor deveras importante – uma arma é pesada e só o seu peso chega para nos “lembrar” que o que temos nas mãos não é nenhuma brincadeira.
Por outro lado, uma arma pode ser a nossa melhor amiga, para um sniper uma arma (neste caso a espingarda) é a sua “menina”, como a guitarra para um guitarrista ou a Harley para um motard.
Encostei, por isso, a Baikal ao rosto (sim, parece uma idiotice, mas o personagem a isso me obriga), senti o cheiro e a pressão fria do aço na minha pele e tentei pensar como ele. Uma arma protege-me (lhe) o coiro, quando meio mundo tem a minha (dele) cabeça a prémio. E, por isso, ela faz parte da minha (dele) identidade, como a mão e o dedo que pressiona o gatilho. A arma passa a ser uma extensão do próprio corpo, faz parte da mão, como um sexto dedo muito especial.
No final da semana fiquei um tudo nada viciada na Baikal. Sentia-lhe a falta quando não a tinha nas mãos, coisa estranha e completamente nova para mim. Gosto do seu peso e gosto de a preparar para disparar. Gosto da sensação do metal frio na pele e gosto do seu ronronar metálico, agressivo e seguro. Gosto da sensação de poder que me dá. Ma também sei que esta sensação é profundamente enganadora e perigosa, nas mãos erradas e com uma arma carregada.
Depois foi a vez da Kalashnikov AK 74 ... e bem ... o que posso adiantar é que ter uma espingarda que pesa quase 5 kilos nas mãos é outra história bem diferente ... :)
Por isso, não perca o próximo episódio de “A Melhor Amiga de um Sniper”.
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
OS ANIMAIS DE ANDRÓMEDA
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As joaninhas põem centenas de ovos nas colónias destes insectos, e assim que as larvas nascem começam imediatamente a alimentar-se deles. No final da sua curta vida de 3 a 6 semanas uma joaninha consegue comer cerca de 5.000 insectos.
Existem cerca de 5.000 espécies diferentes de joaninhas e nem todas se alimentam de insectos – algumas também comem plantas, podendo prejudicar algumas culturas.
As pintas pretas e cor encarnada destinam-se a afastar predadores, avisando-os que não possuem um sabor agradável. Este sabor é consequência de um fluído segregado pelas articulações das pernas. Se ameaçada, uma joaninha pode fingir-se morta e/ou segregar essa substância para se proteger.
domingo, 16 de dezembro de 2007
EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 14 (cont.)
"Clara!", o seu tom imperativo fê-la estacar a milímetros da porta.
"Não te esqueças de lhe dar o recado. E leva as coisas dela. Não a quero ver mais hoje."
Ouviu-a regressar.
"Nem hoje, nem nunca.", murmurou.
Clara pegou nas coisas da rapariga e saiu, carregando-as à distância de meio braço, como se estivessem infestadas de pulgas.
Deixou-o só e atarantado. Pensou se aquele último comentário teria sido propositado. Clara era a mulher mais dura que conhecera em toda a sua vida, mas aquele comentário fora feito com o intuito de magoar até à medula, e ele não lhe conhecera nunca crueldade, muito menos depois do acidente.
Ciúmes? Talvez … Isso significava que ela devia ser bonita, pelo menos.
Regulou a luz para o mínimo com o comando e ficou sentado no escuro até ouvir baterem à porta.
Clara nem lhe deu tempo para falar.
Ouviu a sua voz doce.
"Até amanhã, então."
KGÇLFK
"Shall I compare thee to a summer's day?
Thou art more lovely and more temperate.
Rough winds do shake the darling buds of May,
And summer's lease hath all too short a date:
Sometime too hot the eye of heaven shines,
And often is his gold complexion dimm'd;
And every fair from fair some time declines,
By chance, or nature's changing course, untrimm'd;
But thy eternal summer shall not fade
Nor lose possession of that fair thou ow'st;
LGKÇLFKG
Virou-se na direcção da janela e ficou ali a tentar imaginar se a doçura da sua voz se estendia ao seu físico.
Wolf veio lamber-lhe a mão, como se pressentisse as preocupações do dono.
"Wolfy … Eu sei que tu gostaste dela. Mas ela vai voltar, não te preocupes."
sábado, 15 de dezembro de 2007
DDT - Deambulações DeMentes Teóricas 7
Mas havia a sua leitora que metia o bedelho em tudo o que fazia, interrompendo-o constantemente com dúvidas existencialistas sobre o rumo que os acontecimentos tomavam e sobre a lógica ou incoerência das suas decisões narrativas. “Mas porquê?” e “Tenho uma dúvida.” Oh senhora! estava farto dos seus porquês! Havia 2 tipos de leitores – os que se deixavam levar pela mão e os que viviam na eterna idade dos porquês, analisando à lupa cada pormenor. Em ambos os casos, não passavam de crianças. Para ler com prazer, é preciso ser-se criança. Mas enquanto os primeiros eram crianças doces e confiáveis, os segundos eram crianças embirrentas e inseguras. “Mas porquê? porquê? porquê? porquê???!!!” Talvez a Palavra que a definisse fosse “Porquê”.
Mas não encontrava a sua. Estava na segunda metade da sua vida e não conseguia encontrar a sua. E o inconsciente não parava de lhe azucrinar a paciência com os seus insights profundos certeiros e sádicos. Armado em chico esperto. “Eu sei por que escreveste isso dessa forma.” e “Só tu é que não vês o que andas a fazer.”
Deixem-me trabalhar!!! Em tempos um líder odiado havia proferido aquelas 2 palavras que ficaram inscritas no imaginário colectivo de anedotas recorrentes. Como o entendia ... Deixassem-no trabalhar, irra!!!
Depois havia também o personagem que queria entrar à viva força na história, já! para ontem! “Não, ainda não estás preparado”, repetira-lhe vezes e vezes sem conta. Mas a pobre criatura queria escapulir-se por entre os seus dedos e desenhar-se furiosamente nas linhas da ponta do seu lápis, para ficar ali espalmado eternamente. “Não tenhas medo, não te vou deixar morrer.”, mas o pobre tinha medo de passar por este mundo apenas como uma névoa de pensamento.
E ela, a a bailarina do 2º andar, cujos passos leves seguia avidamente com um ouvido atento. A bailarina que flutuava no tecto por cima da sua vida, que flutuava no seu olhar, quando se cruzava com ela no vestíbulo, que flutuava no seu pensamento constantemente. Queria escrevê-la, mas não sabia como. Sempre que segurava o lápis entre os dedos e se decidia a escrever uma palavra que fosse, qualquer palavra sobre ela, os dedos pairavam congelados a escassos milímetros da derradeira folha branca e não saía nada. Absolutamente nada.
“Queres aprender a dançar?”, martelava-lhe o inconsciente dentro da cabeça, enquanto o personagem berrava “Nããããããooooo!!! Escreve-me a mim, não a escrevas a ela!!!” e a leitora lhe perguntava pela enésima vez “Mas, tenho uma dúvida. Tem medo de quê?”
Flutuar - verbo intransitivo, 1. sustentar-se à superfície de um líquido; boiar; 2. manter-se no ar; pairar; 3. tremular ao vento; ondular; 4. estar indeciso; vacilar; 5. agitar-se; revolver-se.
sexta-feira, 14 de dezembro de 2007
MAGIC MOMENTS 21
kçlkg
Look, if you had, one shot, or one opportunity
To seize everything you ever wanted-One moment
Would you capture it, or just let it slip?
JKLDJF
Yo, His palms are sweaty, knees weak, arms are heavy
There's vomit on his sweater already, mom's spaghetti
He's nervous, but on the surface he looks calm and ready
To drop bombs, but he keeps on forgetting
What he wrote down, the whole crowd goes so loud
He opens his mouth, but the words won't come out
He's chokin, how everybody's jokin now
The clock's run out, time's up, over bloah
Snap back to reality, Oh there goes gravity
Oh, there goes rabbit, he choked
He's so mad, but he won't give up that
No, he won't have it , he knows his whole back city ropes
It don't matter, he's dope
He knows that, but he's broke
He's so stacked that he knows
When he goes back to his mobile home, that's when it's
Back to the lab again yo
This whole rap shit
Better go capture this moment and hope it don't pass him
[Chorus:]
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime yo,
DGKLÇLFDKG
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime you better,
FKJGLFKJG
His soul's escaping, through this hole that is gaping
This world is mine for the taking
Make me king, as we move toward a, new world order
A normal life is borin, but superstardom's close to post mortom
It only grows harder, only grows hotter
He blows us all over these hoes is all on him
Coast to coast shows, he's know as the globetrotter
Lonely roads, God only knows
He's grown farther from home, he's no father
He goes home and barely knows his own daughter
But hold your nose cause here goes the cold water
These ho's don't want him no mo, he's cold product
They moved on to the next schmoe who flows
He nose dove and sold nada
So the soap opera is told and unfolds
I suppose its old partner, but the beat goes on
Da da dum da dum da da
KJFKLDG
[Chorus:]
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go-o
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime yo
LHGKÇLG
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime yo, you better
GHKLÇGH
No more games, I'ma change what you call rage
Tear this motherfuckin' roof off like 2 dogs caged
I was playin in the beginnin, the mood all changed
I been chewed up and spit out and booed off stage
But I kept rhymin and stepwritin the next cypher
Best believe somebody's payin the pied piper
All the pain inside amplified by the fact
That I can't get by with my 9 to 5
And I can't provide the right type of life for my family
Cause man, these godam food stamps don't buy diapers
And it's no movie, there's no Makai Pheiffer, this is my life
And these times are so hard and it's getting even harder
Tryin to feed and water my seed, plus
Teeter-totter caught up between bein a father and a pre-madonna
Baby mama drama's screamin on and
Too much for me to wanna
Stay in one spot, another day of monotony
Has gotten me to the point, I'm like a snail
I've got to formulate a plot or I end up in jail or shot
Success is my only motherfuckin' option, failure's not
Mom, I love you, but this trailer's got to go
I cannot grow old in Salem's lot
So here I go is my shot.
Feet fail me not this may be the only opportunity that I got
KHGKLJH
[Chorus:]
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime yo
KGJKLFJ
You better lose yourself in the music, the moment
You own it, you better never let it go
You only get one shot, do not miss your chance to blow
This opportunity comes once in a lifetime you better,G
LKÇKLHG
You can do anything you set your mind to, man
fjgklfg
Eminem - Loose Yourself
quarta-feira, 12 de dezembro de 2007
EM BUSCA DE PALAVRAS 2
lºçlºçF+3º+F3
A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte I
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Um assassino contratado usa armas. O assassino contratado que me pediu que o escrevesse usa armas de fogo, mata à distância, é um sniper, usa espingardas. Quem escreve sobre um assassino tem, em princípio e sobretudo se for como eu picuinhas e perfeccionista nestas coisas (e tiver personagens exigentes dentro da cabeça), que pelo menos pegar numa arma, senão mesmo aprender a manejá-la.
Felizmente (até porque a nova lei de armas está cada vez mais restritiva e eu não tenho nenhuma pretensão de iniciar carreira no mundo do crime – estou velha e cansada ...), tenho a sorte de conhecer alguém muito próximo que é completamente maluco por armas e suficientemente maluco ponto final para me disponibilizar nada mais do que uma pistola Baikal russa de calibre 9mm e uma metralhadora Kalashnikov.
Feita a ressalva, prossigamos com as maravilhosas sensações e descobertas que este mundo das armas proporciona a uma leiga como eu, que sempre se cagou de medo delas. Isto enquanto a loucura ainda não me deu para ir tirar um curso de manejo de armas de fogo que me possibilitaria a licença e porte de uma para desporto, ou lata para pedir uma licença de porte de arma de alarme colocando nos motivos do requerimento “exigência de um personagem” (já estou a imaginar o agente da PSP a olhar para mim com cara de poucos amigos, de caneta congelada no ar por cima da folha de papel, enquanto eu lhe explico que preciso de uma pistola e de uma espingarda porque vou escrever uma história onde o personagem principal é um sniper contratado para matar pessoas ... “a menina bai eshscreber uma hichtória ...” “sim, senhor agente” “Shobre um shniper?” – sobrancelha levantada até ao princípio do couro cabeludo “sim, senhor agente ...” “e prechija de shentir a arma nas mãoje ...” “sim, senhor agente ...” enfim ... como explicar a um agente da PSP que tenho mesmo que sentir a arma na mão, que tenho se possível de acordar e adormecer a pensar em armas, que tenho de saber preparar uma arma para ser disparada como se fosse uma profissional, que tenho de conhecer uma arma o mais possível como conheço a palma da minha mão, mas que isto tudo é a fingir, que não preciso de balas e que o objectivo é tão somente começar a pensar como um tipo que está habituado a lidar com armas todos os dias desde a adolescência? como explicar?!! é simples ... não se explica ... nem sequer se tenta porque há coisas que não se conseguem explicar ...)
ºçdºçf
De modos que, felizmente, por vezes a vida tem destas coisas e tenho o tal maluco que se prontificou voluntariamente a ajudar-me na pesquisa, quando abri a boca e disse que estava a pensar escrever uma história sobre um sniper citadino. “Amanhã trago-te uma das minhas. E p’rá semana trago-te a Kalashnikov”. “A Ka...quê??!!!” “A Kalashnikov.” “Mas tu tens uma Kalashnikov???!!!” “Tenho.” Epá, adoro-te, pá!, mas mantive a compostura “E como é que vais trazer a Kalash...nikov?” “Desmontada.” “Ahhh ... claro ... pois claro ... desmontada ... que cabeça a minha.” Como é que se anda com uma Kalashnikov no meio da cidade? Desmontada. Duhhhh ...
De modo que lá me trouxe a Baikal russa e me ensinou a meter-lhe munições, carregá-la e disparar. Ora bem, ter nas mãos uma arma que dispara munições de 9mm e pesa mais de 1 kg, é uma sensação ...
Há! Achava que eu ia revelar tudo logo duma vez? Na na na na na ... Leia o próximo episódio de “A Melhor Amiga de um Sniper” ;) e descubra.
Hasta la vista, baby.
terça-feira, 11 de dezembro de 2007
EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 13 (cont.)
Retrocedeu seiscentos e quarenta e três passos. Era verdade que a besta lhe pregara uma partida. Se fizesse um esforço, conseguia até imaginá-lo na expectativa do resultado final. O tipo era esperto. No entanto, o que a magoara, percebia agora, não fora a partida em si, mas sim o facto de ele ter presumido (e ter acertado na sua presunção) que ela não estava familiarizada com o maldito Joyce. Das duas uma, ou a besta era mais perspicaz do que ela pudera imaginar, ou então subestimava tudo e todos. Emily inclinava-se mais para esta segunda hipótese, mas apenas porque não fazia ideia do teor do livro que acabara de tentar decifrar.
Não duvidava que previamente ao acidente ele não passara de um menino rico e mimado, habituado a ter tudo o que queria provavelmente, quando, onde e como queria. Se Emily fosse um pouco mais culta, ou se vivesse há mais tempo ali, teria chegado rapidamente à conclusão que a sua criatura pertencia à classe mais alta da sociedade, aquela para quem ter um apartamento nas avenidas era sinónimo de mau gosto, ao contrário do que a maioria dos novos ricos pensava. Mas Emily vivia ainda no mundo dos clichés.
Quando voltou a subir os degraus da casa branca estava mais calma. E claro que não sabia o que a esperava. Provavelmente devolver-lhe-iam a mala, acompanhada de um "Lamentamos, mas o Sr. Strat dispensa os seus serviços por falta de fair play." Era até compreensível, ela tinha que admitir pelo menos isso. Comportara-se como uma adolescente nervosa e a sua reacção não tinha desculpa. Corou ao lembrar-se do que lhe chamara. Meu deus … Como é que fora capaz de dizer uma coisa daquelas? Que idiota …
Ou bates à porta ou vais-te embora duma vez por todas. Como é?
Subiu as escadas de pedra e fez soar o batente. Concluiu que não tinha nada a perder, fosse como fosse e que o pior que lhe podia acontecer era nunca mais ter de lá voltar.
A porta abriu-se quase no mesmo instante e Emily teve a certeza que Clara provavelmente teria estado a observá-la do interior. Trazia a sua mala e o casaco na mão e um recado monocórdico na boca estreita:
"O Sr. Strat espera que este pequeno contratempo não tenha comprometido a sua permanência como leitora. Ele lamenta o sucedido."
A sua surpresa foi tal que só conseguiu pronunciar:
"Até amanha, então."
Clara fechou-lhe a porta no nariz, sem retorquir.
Emily ficou especada a olhar para a porta, antes de dar meia volta e se afastar. Olhou para trás. A silhueta dele desenhava-se na janela, e ela teve a sensação que, de algum modo, ele a conseguia observar.
fkldkfç
Não esperara aquela reacção. Esperara tudo menos aquilo. Esperara até um ataque de choro, mas não aquilo.
"Você não passa de um aleijadinho mimado."
As lágrimas de riso transformaram-se em lágrimas de raiva. Como é que aquela pindérica se atrevia … como é que aquela idiota … mas antes que o pensamento se formulasse na totalidade, ele sabia a resposta e a raiva foi-se num ápice.
Aquela pindérica tinha duas pernas. Podia dizer o que lhe apetecesse porque tinha duas pernas. Era tão simples quanto isso. E mais simples ainda do que isso, porque era por causa dessas duas perninhas que ele precisava dela.
Então porque fizera aquilo?
Mas ela também não teria sentido de humor? Seria assim tão susceptível?
Exagerara …
Johann chegou finalmente a um concenso consigo próprio. Ela não tinha sentido de humor, mas ele precisava dela, com ou sem sentido de humor. E agora tudo poderia estar irremediavelmente perdido, porque a idiota não sabia encarar uma piada com desportivismo.
Johann chamou Clara.
"Clara, se ela telefonar diz-lhe que lamento o sucedido e que espero que isto não comprometa a sua posição como leitora."
"Ela não vai telefonar."
"Mas se telefonar …"
"Vai voltar."
"Provavelmente não …"
"Ela vai voltar. Deixou a mala e o casaco aqui."
Johann parou de falar. Nem queria acreditar na sua sorte. Soltou uma gargalhada. Para além de não ter sentido de humor e ter pavio curto, ainda por cima era distraída. Começava a gostar desta Emily. Como é que ela seria quando estava irritada? Punha a mão na cintura e ai de quem não tivesse tampões à mão.
"O que é que lhe fizeste?"
"Um pequeno teste.", não se apercebeu do tom de desconfiança na voz de Clara.
"Espero que esse pequeno teste não resulte numa acção em tribunal."
Johann olhou o vazio, incrédulo. Depois compreendeu. A raiva voltou.
"Mas tu és doida?!", berrou, "Tu não vês que eu nem sequer me posso mexer?!!"
Silêncio. Aqueles silêncios carregados de acusações e desconfianças em que Clara era especialista.
"Estás a ficar velha, querida Clara.", voltou a rir, "Olha para o livro caído no chão."
Clara prescrutou a sala em busca do livro e descobriu-o ao lado da secretária, de capa voltada para cima e páginas abertas e amarrotadas. Uma breve vistoria à capa fê-la largá-lo com repugnância em cima da mesa.
"Idiota.", murmurou.
"Resulta sempre, querida Clara. Lembras-te? O sacana do Joyce nunca falha.”
segunda-feira, 10 de dezembro de 2007
PALAVRAS EMPRESTADAS 30
domingo, 9 de dezembro de 2007
MURMÚRIOS DE LISBOA L
KJLKFJ
Praça de Touros - Campo Pequeno
çlgºçflg
Iggy Pop veio a Lisboa incógnito. Apanhei-o no outro dia no autocarro. Entrou na paragem do aeroporto.
Tinha cara de índio, longos cabelos lisos alourados e uma pele muito morena.
Não me lembro da cor da t-shirt, mas as calças eram de ganga, azuis e os ténis eram All-Star, pretos e brancos. Tinha os dois braços cobertos de tatuagens e três unhas da mão direita pintadas de preto - a do mindinho, a do anelar e a do outro dedo que vem a seguir (nunca sei o nome e tive preguiça de ir ver à wikipédia). Vinha acompanhado de uma morena gorducha vestida de preto e com as unhas pintadas de cinza metalizado. Só que as dela estavam todas pintadas.
Ele percebeu que eu o tinha reconhecido, por isso foi bastante difícil observá-lo. Ainda tentei perceber qual era o tema das tatuagens, mas não consegui. De qualquer modo, era daquelas pessoas com traços e guarda-roupa tão definidos e fora do vulgar, que era fácil fixá-los em pouco tempo.
Depois percebi que afinal aquele não era o Iggy Pop que a gente conhece e que canta e dá concertos e parte os microfones e as guitarras em palco e se atira para banhos de multidão com a perícia de poucos (com ele as ondas de pessoas nunca se afastam de repente - presumo que a ele também não lhe fizesse muita diferença se elas se afastassem ou não, Iggy vive à beira do abismo e não tem medo nenhum de cair por ele abaixo). Não ... Este não era esse Iggy. Até porque vinha do aeroporto ... e como já sabemos, este aeroporto é muito especial e tem o condão de expelir cá para fora ou engolir lá para dentro seres de outras paragens longínquas.
Este era o outro Iggy. Aquele que não perdeu a Candy e que deixou tudo por ela. Porque aquela era a Candy da canção.
Suponho que este Iggy é mais feliz que o outro, apesar de já não cantar para multidões. Pelo menos tinha ar disso, ao lado da sua Candy …
Quanto ao outro, aquele que todos conhecemos, bem esse ainda continua a cantar para ela, só que ela parece que deixou de o ouvir …
kjlkfjd
Iggy Pop - Candy.m... |
çlgºçlg
It's a rainy afternoon In 1990
The big city...geez, it's been 20 years!
Candy,
You were so fine
Beautiful, beautiful Girl from the north
You burned my heart with a flickering torch
I had a dream that no one else could see
You gave me love for free
jkjljh
Candy Candy Candy
I can't let you go
All my life you're haunting me
I loved you so
Candy Candy Candy I can't let you go
Life is crazy
Candy baby
jgklfjg
Yeah, well it hurt me real bad when you left
I'm glad you got out
But I miss you I've had a hole in my heart
For so long
I've learned to take it and Just smile along
Down on the street
Those men are all the same
I need a lovee
Not games
Not games
jgklfjlgh
Candy Candy Candy
I can't let you goo
All my life you're haunting me
I loved you so
Candy Candy Candy
I can't let you go
Life is crazy
I Know baby
Candy baby
jgklfjg
Candy Candy Candy
I can't let you go
All my life you're haunting me
I loved you so
Candy candy candy
life is crazy
candy baby (x2)
Candy Candy
Candy Candy Candy I can't let you go...
gkjlfçg
Iggy Pop (Candy)
sábado, 8 de dezembro de 2007
WINGS OF WILL XXVI......................................... Quem disse que o homem não consegue voar?
jljlk
Por favor, aperte o cinto e ... sorria :) çlkçlk
lkkl
quinta-feira, 6 de dezembro de 2007
EM MINHA CASA, NA PONTA DOS PÉS 12 (cont.)
Johann percebeu o que lhe ia na alma pelo tom de voz e foi ficando cada vez mais divertido, tanto que não conseguiu conter mais o riso. Os seus ombros começaram a abanar, primeiro devagarinho, depois mais depressa, sem se conseguir controlar e começou a inclinar-se no vazio do desequilíbrio da cegueira em direcção à janela, até tocar com a cabeça no vidro.
Emily, que estava completamente absorta na tentativa de decifrar o sacana do Joyce, só reparou quando ouviu o som da cabeça de John a tocar no vidro e a bola de pêlo a esquivar-se do seu colo para o chão.
Imediatamente julgou que algo de errado se estava a passar e entrou em pânico. Estaria a ter um ataque de qualquer espécie? Teria desmaiado? Por momentos teve sérias dúvidas sobre se ele teria adormecido com a sua leitura desastrosa e perdeu o controlo.
Levantou-se com brusquidão e a cadeira balançou periclitantemente nas pernas traseiras, quase tombando de lado. Apertou o livro nas mãos. A bola de pêlo retrocedeu uns passos e depois correu para ela, as suas patas arrastando rapidamente pelo chão. Emily nem reparou.
Que estúpida! Claro que ele não tinha adormecido. Se tivesse adormecido teria caído para trás ou para o lado, pensou, sem se deter para racionalizar a falta de lógica da sua conclusão. E se a Nº 5 entrasse naquele preciso momento? Provavelmente pensaria que ela lhe tinha feito alguma coisa. Começou a ficar assustada. Poderia ter alguma espécie de ataques epilépticos? Mas se assim fosse, deveriam ter-lhe dito alguma coisa, caramba!
Não sabia o que fazer.
A bola de pêlo saltitou nas patas traseiras e apoiou-se nas suas pernas. Ficou ali especada a olhar para o cão e finalmente decidiu aproximar-se. Lentamente, rodeou a mesa e contornou a cadeira. A bola de pêlo seguiu-a, farejando-lhe os tornozelos.
Lá fora a escuridão já inundava a rua. Não tinha pensado que sairia sempre àquela hora e que a rua era praticamente deserta. Era um pouco perigoso, mas agora não havia nada a fazer. A não ser que ele lhe disponibilizasse o motorista.
Emily, pára com essas piadas idiotas! O assunto é sério. Fixou-o. Ele mexia-se levemente. Os ombros tremiam e um som saía-lhe da boca. Devia ser um ataque de qualquer espécie, caramba ….
Entretanto a bola de pêlo soltou um latido, o que a assustou. E agora o que é que eu faço? Chamo a Nº 5 ou dou meia volta e, enquanto fujo, chamo a Nº 5?
Mas enquanto estava entretida nestas cogitações, foi surpreendida por uma estrondosa gargalhada. John levantara a cabeça e foi então que ela percebeu o que se passava.
Afastou-se e deixou cair o livro. A bola de pêlo assustou-se, rodopiou uns instantes sobre si próprio e depois parou e fixou-a como se estivesse magoado com a sua reacção.
Se não fosse o objecto da anedota, teria rido com ele, porque as suas gargalhadas, ao contrário da sua restante postura, eram contagiantes. Percebeu tudo. Percebeu o esquema. Fixou-o, mas lembrou-se, com raiva, que ele não podia ver o seu olhar fulminante.
John conseguiu dizer por entre as gargalhadas:
"Deixou cair o livro …"
A última gota de água foram as lágrimas que ele começou a limpar dos olhos.
"Você não passa de um aleijadinho mimado.", sussurrou.
E saiu porta fora, sem se deter para pensar no que estava a fazer. Atravessou o hall de entrada e abandonou a casa.
Clara afastou os cortinados suavemente com as costas da mão e ficou a observá-la caminhar pela rua fora com passo determinado. Mas não sorriu.
lºçfdlgºçflg
"Besta quadrada! BESTA QUADRADA!"
B … E … S … T … A …Prosseguiu determinadamente pela rua fora, repetindo o insulto como se se tratasse de uma oração secreta para esconjurar uma maldição. Quando chegou ao metro procurou automaticamente a carteira para tirar o bilhete, mas ficou paralisada de frustração e mais raiva. Esquecera-se da mala. Caramba!! Esquecera-se da porcaria da mala. Como é que se podia ter esquecido da porcaria da mala? Olhou à sua volta. A estação estava vazia e silenciosa, à excepção do som distante de uma carruagem que se afastava num dos inúmeros túneis subterrâneos. Depois caiu em si. Como é que fora capaz de sair assim, daquela maneira? Deviam ter pensado que ela não jogava com todos os parafusos. E que raio lhe dera para ter saído assim daquela maneira?
quarta-feira, 5 de dezembro de 2007
PALAVRAS ESTÚPIDAS 5
Maybe because it’s the only thing that keeps me alive. If I stop writing, I won’t have any other reason to live. Writing is the only thing I never quit. I never quit a book, although they take more than 2 years to finish and although I hate almost everything that takes ages to complete. I always have to finish my books. It’s almost a sacred thing. Sometimes it’s really hard to finish them, but I never quit.
I know exactly what he meant.
And then she said:
terça-feira, 4 de dezembro de 2007
OS ANIMAIS DE ANDRÓMEDA
klfld
,m,.m,..nn,mnm,
fkjlfkj
Os humanos adoptam uma postura erecta que possibilita a libertação dos membros anteriores para a manipulação de objectos, possuem um cérebro bem desenvolvido que lhes proporciona as capacidades de raciocínio abstracto, linguagem e introspecção.
A mente humana tem vários atributos distintos. É responsável pela complexidade do comportamento humano, especialmente a linguagem. A curiosidade e a observação científica levaram ao aparecimento de uma variedade de explicações para a consciência e a relação entre o corpo e a mente. A Psicologia (especialmente a Neuropsicologia) tenta estudar estas manifestações e relações sob o ponto de vista científico. As perspectivas religiosas geralmente enfatizam a existência de uma alma como sendo a essência do ser, normalmente associada à crença e adoração de Deus, deuses ou espíritos. A Filosofia tenta sondar as profundezas de cada uma destas perspectivas. As Artes, como a Música, a Literatura, a Pintura, entre muitas outras, são muitas vezes usadas como forma de expressão deste conceitos e sentimentos.
O ser humano é uma espécie eminentemente social. Criam estruturas sociais complexas, compostas de muitos grupos cooperantes e competidores. Estas estruturas variam desde as nações até ao nível da família, desde a comunidade até ao eu. A tentativa de compreender e manipular o mundo à sua volta, possibilitou aos humanos desenvolverem tecnologia e ciência como um projecto comum e não individual. Estas instituições levaram ao aparecimento de artefactos partilhados, crenças, mitos, rituais, valores e normas sociais que, no conjunto, formam uma cultura de grupo.
Tendo em conta que existe vida na Terra há mais de 3,5 bilhões de anos, pode dizer-se que esta espécie é muito recente. Para uma avaliação mais clara, poderia fazer-se o seguinte paralelo: Se existisse vida há 10 dias, o homem teria aparecido no último minuto em África, há um segundo na Eurásia e Oceania, e apenas há 1/4 de segundo nas Américas.
O Homo sapiens ocupou o lugar do Homo neanderthalensis, do Homo floresiensis e de outras espécies descendentes do Homo erectus (que colonizou a Eurasia há já 2 milhões de anos) devido à sua superior capacidade de reprodução e maior competitividade pelos recursos naturais.