sábado, 29 de dezembro de 2007

EM BUSCA DE PALAVRAS 4

AVISO: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos ou a pessoas sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola
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A Melhor Amiga de Um Sniper – Parte III
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Nas mãos do meu amigo, que é entroncado e pratica exercício para poder segurar numa arma com o braço em ângulo recto relativamente ao corpo durante bastante tempo numa carreira de tiro, a Kalashnikov parecia leve como uma pluma.
Fiquei a olhar admirada para a versão modernizada da AK 47, a lendária espingarda soviética, e a primeira reacção que tive foi “É tão levezinha!?”
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Ele não disse nada. Limitou-se a mostrar-me como se encaixava o carregador curvo (característica típica e exclusiva desta espingarda) na base, a dizer-me que ali era a corrediça, aqui o gatilho, acolá a segurança, tens aqui a mira e o regulador, etc, etc, etc. Levantou-a com toda a displicência, encaixou a coronha na parte interna do ombro, içou o cotovelo direito em ângulo recto, com o indicador direito enganchado no gatilho, o cotovelo esquerdo em ângulo recto com a mão a levantar a espingarda sensivelmente a meio do cano e a olhar pela mira, para me mostrar como se fazia. Depois passou-ma para as mãos.
É claro que assim que peguei nela percebi quão enganador o seu aspecto elegante e aerodinâmico podia ser. Os dois braços foram imediatamente abaixo e desatei a rir. “Chiça! Isto é pesado como ó caraças!” E é pesada - são cerca de 4 quilos.
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Primeira conclusão: já tinha pensado que o meu sniper tinha que fazer exercício para conseguir manter-se quieto e preparado durante horas no mesmo local e na mesma posição; agora tinha a certeza que ele tinha mesmo que fazer exercício para conseguir carregar com uma “menina” semelhante nos braços.
Segunda conclusão: tinha nas mãos uma obra-de-arte mortífera e elegante, quase mística.
Terceira conclusão: uma espingarda oferece sensações totalmente diferentes de uma simples pistola, ainda para mais uma espingarda deste tipo – é outro mundo, é outra pessoa, é outra “cena” tout court.
Quarta conclusão: se uma pistola pode servir para qualquer um manusear, uma espingarda deve ser manuseada por um “artista”, seja o que for que se queira entender por "artista" - alguém que compreende e respeita o que tem nas mãos.
Quinta conclusão: a relação que se estabelece com este tipo de espingarda é completamente diferente da que a pistola permite de imediato – a espingarda é como um gato, não se deixa conquistar imediatamente, não se deixa conhecer assim sem mais nem menos, é quase como se nos dissesse: “podes ver, tocar, sentir, manejar-me, até disparar-me, porventura poderás até desmontar-me e examinar as minhas entranhas cirurgicamente, mas passará muito tempo até que eu te deixe sentires-me parte de ti”.
Estarei louca? Serei absurda? Não, estou a incorporar um personagem. O que me leva à
Sexta Conclusão: ...
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Mas para conhecê-la, não perca o próximo episódio de “A Melhor Amiga de Um Sniper” ;)
Hasta la vista, baby.

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