James Cagney
“A James Cagney love scene is one where he lets the other guy live.”
Bob Hope
X marks the spot.
Com giz branco traça-se uma linha em redor do corpo da vítima
no chão de asfalto negro, filmado num preto-e-branco cru,
cheio de linhas de pó marcadas no rolo do filme.
E depois aparece James Cagney, escondido atrás duma esquina,
debaixo duma gabardine escura, fugindo por becos e ruelas
iluminadas apenas por lâmpadas ténues que lançam sombras
fantasmagóricas compridas e esguias nas paredes, desaparecendo
no nevoeiro da humidade de noites frias e sinistras.
Estão a ver aquele truque do dedo dentro do bolso da gabardine
a fingir de pistola mortífera apontada às costas do rival?
Pois é. Foi James Cagney quem o inventou.
E, se não foi, foi dele que o aprendemos e não se fala mais nisso.
James Cagney foi o gangster por excelência.
Reles, mesquinho, cínico, batoteiro, mortífero,
escorregadio e desconfiado. Nele não se pode confiar nunca,
ou arriscamo-nos a apanhar valentes sustos que nos farão
saltar na cadeira, no escuro do Cinema.
Eu sou suspeita. Adoro-o.
Porque ele é bestialmente insuportável.
Apanhou-me com o cinismo. E depois há aquela deixa genial:
“Se me pedires a Brooklyn Bridge, compro-a.
E se não puder comprá-la, roubo-a.”
Opá, James, e eu se nunca mais puder ver nenhum filme teu,
compro-os todos e se não os puder comprar, roubo-os da Fnac.
Assalto a loja, de dedo metido na gabardine e peço
ao empregado embasbacado “Passa para cá todos os filmes
do Cagney que tiveres aí e já agora mete no saco
também os do Bogart e do Brando, de bónus.”
Quero ver se ele tem lata para chamar a polícia.
É que eu vou treinar o teu olhar de gangster até à exaustão
ao espelho e ele não vai ter outro remédio senão
acatar com as minhas exigências.
Aliás, à mera menção do teu nome, se for um gajo esperto e culto,
tremerá como varas verdes e suplicará que eu leve
todos os teus filmes, não vás aparecer-lhe numa esquina
de alguma estante da secção de Cinema Clássico,
com o teu delicioso sorriso diabólico e
bang! bang! fazê-lo ir desta para melhor.
Por tua causa, eu ainda me pergunto se o crime não compensará …
Três bangs a Cagney !
Bang! Bang! Bang!
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