sábado, 11 de agosto de 2007

OS LIVROS DE ANDRÓMEDA - PARTE I


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A Relíquia
Eça de Queiroz
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"Sob a nudez forte da verdade
- o manto diáfano da fantasia
de acordo com a 1ª Edição (1887)
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Decidi compor, nos vagares deste Verão, na minha Quinta do Mosteiro (antigo Solar dos Condes de Lindoso), as memórias da minha vida – que neste século, tão consumido pelas incertezas da Inteligência e tão angustiado pelos tormentos do dinheiro, encerra, penso eu e pensa meu cunhado Crispim, uma lição lúcida e forte.
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Em 1875, nas vésperas de Santo António, uma desilusão de incomparável amargura abalou o meu ser: por esse tempo minha tia, Dona Patrocínio das Neves, mandou-me do Campo de Santana, onde morávamos, em rumagem a Jerusalém: dentro dessas santas muralhas, num dia abrasado do mês de Nizam; sendo Pôncius Pilatus procurador da Judeia, Elius Lamma legado imperial da Síria e J. Kaiapha sumo pontífice, testemunhei, miraculosamente, escandalosos sucessos: depois voltei – e uma grande mudança se fez nos meus bens e na minha moral.”

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Um jovem solteiro vai, com o consentimento da sua titi de quem pretende herdar a choruda fortuna, a Jerusalém e esta pede-lhe que lhe traga uma recordação. Mas o que o jovem acaba por trazer, por engano, é a combinação de uma inglesa com quem se envolveu na viagem :) E mais não digo … :) Mas já se adivinha, não é? Vindo da pena de quem vem … :)
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Bem … que dizer deste senhor? Que é imprescindível, claro! Que a sua ironia é tão acutilante e deliciosa que não podemos passar sem ela. Que a sua escrita é tão actual que até faz confusão. Com Eça percebe-se que Camões estava completamente errado – qual mudam-se os tempos mudam-se as vontades, qual quê! O Portugal de Eça continua a ser o mesmo Portugal de agora, com uma única diferença – as hipocrisias são as mesmíssimas, a inveja do tuga é a mesmíssima, o fadinho do coitadinho é o mesmo, o culto da mediocridade é igual, as titias são as mesmas, só mudaram de cores e altura dos saltos, enfim, a única coisa que mudou foi que infelizmente já não existe Eça. Foi-se! Puf!
Ficou a escrita impecável, capaz de provocar as maiores gargalhadas, as maiores exclamações de espanto, as maiores indignações e os maiores choques. Eça é tão capaz de nos fazer rir com a incrível acutilância com que "apanha" os diversos tipos portugueses, como é capaz logo a seguir de nos cravar um estalo tremendo na cara, chocando-nos com a não menos acutilante forma como descreve as características mais abjectas do carácter humano.
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Os Maias, O Crime do Padre Amaro e o Primo Basílio são outras obras imprescindíveis, obviamente. Mas a Relíquia é uma deliciosa e menos falada trágico-comédia.
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Quando for grande, quero ser como tu, Eça :) Posso? Posso? Posso? Vá lá, deixa lá …

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1845-1900

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