quinta-feira, 30 de agosto de 2007

PSICANÁLISE XXXVI

Assumir o Pneu
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Charlie, estou com pneu. Não tinha pneu há anos. Mas agora tenho. Sou falsa magra, percebes? Por fora pareço um palito, mas se me levantarem a camisola descobrirão uma bela lomba a saltar para fora das calças. Eu bem tento explicar isto às pessoas. Mas elas riem-se de mim … Acreditas nisto? Riem-se, na minha cara! Fartam-se de rir e dizem-me: “Tu??? Com barriga???? Ai tás com uma barriga enooooorme!!! Então não se vê logo? Tás nada com barriga! Deixa-te de seres parva. Quantos copos bebeste ao almoço?”
Charlie … como explicar-lhes? Só mesmo mostrando. Mas não sou exibicionista. Não posso andar por aí a levantar a camisola assim em qualquer lado, tipo aquelas velhas badalhocas que perdem as estribeiras no futebol quando o Benfica marca golo, não é? Quer dizer, já cheguei àquela idade parva dos 35 em que as mulheres se tornam umas malucas e começam a querer mostrar tudo antes que seja tarde demais (Kylie Minogue diz-vos alguma coisa?), mas também não exageremos.
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Eu sinto-o, Charlie. Comecei a senti-lo há coisa de um mês atrás, percebes? E como não estou grávida nem sou a Sigourney Weaver … enfim, percebi que só podia ser uma coisa – se não era um bebé, nem um alien a nascer dentro de mim, então só podia ser outra coisa ainda pior – um … P N E U!!! Aaaaaarghhhh!!!!!!
Primeiro comecei a senti-lo quando estava sentada à secretária. A desculpa das calças terem sido lavadas e estarem apertadas não funcionava mais. E agora aparece-me também, horror dos horrores!!!!, no meio da rua, em pé, quando vou a andar e o sinto e, pior que isso, quando visto blusas leves que voam com o vento e mo deixam à mostra precisamente na altura em que vou a atravessar uma rua com uma plateia de motoristas parados potencialmente atentos (espero sinceramente que não) ao meu perfil.
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E pronto. Felizmente que tenho 35 anos. Porque com os 35 anos não vêm só horrores, vêm outras coisas mais assustadoras ainda como por exemplo, começares a estar literalmente a cagar-te para o que as pessoas pensam de ti.
Resolvi, por isso, assumir o pneu. E não só. Assumir outras coisas (como que estou definitivamente a pirar), mas isso é outra história. Vai daí, tudo se tornou muito mais simples. Descobri algo verdadeiramente maravilhoso. Em vez de tentar esconder o pneu, eu ajusto a camisola e ASSUMO O PNEU! SIM, TENHO PNEU E DEPOIS? OLHEM PARA ELE, VERIFIQUEM BEM, TENHO UM PNEU MARAVILHOSO A REBENTAR PELAS COSTURAS DAS CALÇAS!
Charlie, digo-te, foi a melhor coisa que podia ter feito. É um alívio. Em vez de andar aí pela rua feita parva a tentar parecer uma modelo de 1,71 e 55 quilos a tropeçar por todos os lados, assumi os meus 3 quilos de pneu a mais e ando dengosamente ao meu ritmo, ou seja, a tropeçar por todos os lados mas nas calmas. E a minha vida tornou-se muito mais feliz … e balofa …
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