sábado, 13 de novembro de 2010

Where The Streets Have No Name

Bor XIV
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Macro Écran TV
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A máquina estaria portanto a pedir-lhe que se definisse a si próprio? Seria algum truque?
Piscou os olhos.
“Ser humano.”
“Resposta incompleta. Desenvolva, por favor.”
Desenvolva … desenvolva …
Quem era ele, afinal? Assim de repente, apanhado completamente de surpresa … mas que raio … que raio de testes de controlo eram aqueles? assim de repente …
“Bor Jug, nascido a 22 de Maio do ano 127 da Nova Era. Por concepção normal. Chefe de Departamento de Inventariação de Alimentos para a Colónia de Alimentação da Europa. 43 anos …”
“Resposta incorrecta. Reformule, por favor.”
“Resposta incorrecta?!”
Resposta incorrecta? …
“Resposta incorrecta. Reformule, por favor.”, repetiu a máquina, exactamente no mesmo tom.
Mas o que é que … mas que raio é que …
Piscou os olhos novamente e cofiou a barba.
“Ahhhh …”
“Resposta incorrecta. Reformule, por favor.”
Raios!
A máquina emitiu um som agudo e contínuo e depois proferiu:
“Bor Jug, não é possível avaliá-lo através da entrevista de controlo standard. Accionada entrevista de controlo periférica. Aguarde, por favor.”
Entrevista de controlo periférica? …
A passadeira reencetou o andamento e Bor foi conduzido para a esquerda, através de outra divisória, desta vez para um cubículo de paredes transparentes, com uma mesa e uma cadeira de metal.
“Bor Jug, sente-se por favor.”
Sentou-se.
A divisória fechou-se com uma porta de vidro. Surgiu um plasma gigante à sua frente e nele o rosto de um homem novo, moreno, com óculos de hastes cor-de-laranja e um sorriso amarelo.
“Boa dia, Bor Jug.”
“Bom dia …”
“Vamos dar início à entrevista de controlo periférica. O meu nome é Cilac. Como está?”
Os pequeninos olhos azuis de Bor deambularam pela sala, sem mexer a cabeça. Fixou o homem no plasma.
“Bem, obrigado …”
“Estou aqui para o ajudar a responder correctamente às questões do teste.”
Sorriso amarelo.
Tinha de responder? …
“Defina quem é Bor Jug.”
“Não compreendo.”, aventurou. Perdido por cem, perdido por mil …
“Que parte da pergunta é que não compreende, Bor Jug?”
Nenhuma …
“Que quer que responda?”
“Bor Jug, a entrevista de controlo não tem respostas preparadas. Apenas respostas plausíveis.”
“Mas …”, deixou cair os ombros em sinal de desânimo.
“Quem é Bor Jug, os seus pensamentos, os seus desejos, as suas emoções.”
Como? …
“Mas … mas isso é …”
“Difícil? Estou aqui para o ajudar. Temos tempo. Todo o tempo que precisar.”
“Qual é a finalidade?”
“Avaliar o seu estado mental.”
Revirou os olhos novamente. Era óbvio que havia ali um qualquer truque que ele ainda não conseguira compreender. Decidiu-se pela cautela.
“Bom … Sou um membro da comunidade calmo, tranquilo, pacífico, honesto e cumpridor. Penso na melhor forma de realizar o meu trabalho e contribuir para o bom funcionamento da Cúpula a que pertenço. Gostaria de um dia poder integrar o Programa de Descendência. É tudo.”
“Tem a certeza de que é tudo?”
“Tenho …”
“Pondere, Bor Jug. Não ficou nada por acrescentar?
“Penso que não … Não.”
“Muito bem. Passemos à segunda questão, nesse caso.”
Respirou fundo. Que se seguiria?
“Que pensa Bor Jug do sistema de Mães-Observadoras e Mães-Inspectoras? Tem alguma crítica a realizar? Queremos sempre melhorar o desempenho. Todas as contribuições são levadas em conta.”
Porra!
“O sistema parece-me muitíssimo bem.”
Sorriso amarelo no plasma.
“Parece-lhe bem?”
“Sim.”
“Se lhe parece bem porque tenta boicotá-lo?”
Boicotá-lo?!!! …
“Não compreendo.”
O homem no plasma desapareceu do plano e regressou alguns momentos mais tarde com uma fotografia na mão. Mostrou-lha.
Porra!
“Reconhece este indivíduo?”
Porra!
“Sim. Foi meu companheiro durante … até ao ano passado. 42 anos.”

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