segunda-feira, 26 de novembro de 2012

MURMÚRIOS DE MANHATTAN XIV

Skyline





É uma obra de arte fascinante.
É uma obra de arte viva, que se renova todos os dias.
Foi projectada, construída e edificada por diversos arquitectos, engenheiros, operários e construtores, entre os quais se contam muitos índios Mohawk, que não têm medo de alturas.
É predominantemente castanha e cinzenta. Brilhante de noite.
Contrasta com o céu mais azul de que há memória.
Sobe. Sobe. Sobe.
Não tem medo, não tem vergonha, não tem humildade.
Só tem descaramento. E ambição. E lata.
É elegante, afunilado, esguio, requintado, com classe e com estilo.
Não será por acaso que os seus habitantes também têm montes de estilo.
Atinge-nos como um soco e nunca mais nos larga.
Lembro-me perfeitamente da primeira vez que o vi, ao vivo, vinda do aeroporto JFK, no longínquo ano de 1988.
Lembro-me de o ver quando me ia embora e espreitei para trás, pelo vidro traseiro do táxi.
Lembro-me quando o vi novamente, 12 anos mais tarde, vinda de Queens.
E lembro-me de o olhar novamente pelo vidro traseiro da nossa boleia, quando deixei a cidade pela última vez, em Março de 2001. Lembro-me de pensar que tão cedo provavelmente não o voltaria a ver.
Tenho saudades. Imensas.
E nunca mais o verei da mesma maneira. Porque as torres já lá não estão.

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