sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 97

KillShot
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Um filme sobre um assassino profissional, protagonizado pelo Mickey Rourke?
É que é já a seguir, mesmo que seja a maior bodega deste mundo, pensei eu.
Mickey Rourke sempre teve um grave defeito - é aquele tipo de actor que, ou tem a sorte de aterrar num argumento sólido e com um realizador que sabe dirigir actores e então é capaz de milagres; ou então escolhe porcarias só para ganhar uns trocos (e aí é muito parecido com Brando) e abeira-se do precipício. Ele nunca é mau, note-se, mas às vezes balança periclitantemente na corda bamba entre o génio e o mau gosto absoluto.
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Este filme é uma bodega, confirma-se, MAS é comestível e o seu assassino (já com algumas plásticas em cima - os homens quando fazem plásticas ficam verdadeiras aberrações, ainda mais que as mulheres) é sofrível. Confirma-se, MR nunca é mau.
O único problema é que neste filme o Botox já era tanto que ele nem sequer consegue ter expressões faciais o que, verdade seja dita, até calha bem num rosto de assassino frio e calculista, mas também é demais!
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O que aprendi com este assassino Rourkiano?
* Num serviço temos de saber o que fazemos. Temos de ter tudo planeado. São essas as regras do jogo. Saber como entramos e como saímos, quantos tiros temos de disparar. Temos de saber onde estão os alvos e certificar-nos que ninguém nos vê. Não nos devemos demorar ou interessar-nos. Assim não há erros.
* Um homem com medo nem sempre é previsível
* Não deves falar demasiado, nem dizer-lhe o que tens em mente (quando ameaças alguém). O ideal é apanhá-lo de surpresa
* A única altura em que deves sacar da arma é quando vais matar alguém. É o mesmo que com os caçadores. Um gajo que sabe o que faz não dispara se acha que pode falhar. Depois temos de ir atrás do animal e acabar com ele (se o ferirmos)
* Nunca se deve deixar pontas soltas. Nunca deves achar que não se lembrarão de ti (caso haja testemunhas)
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E aqui vai o cheirinho do Mickey Mau:
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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MURMÚRIOS DO PARAÍSO XI

O Guadiana
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O Guadiana separa duas tribos que se conhecem desde tempos imemoriais, mas que são muito diferentes.
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O Guadiana é o rio mais próximo do Paraíso e, por isso, nas suas águas todas as mulheres são sereias, todos os cavalos são marinhos, todas as alforrecas são medusas encantadas, todos os botes de pescadores são naus aventureiras de tempos idos, todas as algas são tesouros esquecidos, todos os peixes são neptunos dançarinos e todos os pescadores príncipes aquáticos.
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O Guadiana é manso, como tão bem disse Lutegarda Guimarães de Caires, a poetisa da Vila Real:
“É que não há um céu de tal ‘splendor
Nem rio azul tão belo e prateado
Como o Guadiana, o meu rio encantado
De mansas águas suspirando amor!”
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Mas quando tempesta, o Guadiana transforma-se num manto cinzento de agitação, escondendo histórias turbulentas nas suas profundezas. Como a daquele navio que lá ficou encalhado durante anos a enferrujar, sem que ninguém quisesse saber dos seus segredos. Como as histórias dos namorados que à sua beira passeiam e lhe segredam interdições. Como a dos botes que pela calada da noite trocam substâncias proibidas entre uma margem e outra. Ou como o lamento irado e antigo dos etarras que lutam pela sua independência do outro lado da margem.
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O Guadiana atravessa-se no ferry, agora em passeio turístico descansado e espaçado, porque a ponte lá ao fundo aliviou a concentração de gentes. Mas a autora destas linhas ainda se lembra de quando, menina, se tinha que esperar em filas intermináveis para atravessar o rio e de como até havia quem saltasse lá para dentro já as comportas estavam fechadas, na ânsia dos caramelos além-fronteira.
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O Guadiana é muito mais calmo que o mar onde desagua, mas não menos prolífico em histórias de embalar.
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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 84

James - Parte II
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Esperei duas semanas e voltei a atacar a fera. Mas desta vez, pensei eu (ah que ingenuidade ...), estaria mais bem armada. Back to page 1. Pois é. Engoli o orgulho (mas qual orgulho? ... diante de James Joyce sou um cão com o rabo entre as pernas ...), meti o rabo ainda mais entre as pernas e fui recambiada para o início do livro, para ler a introdução ...
Entusiasmada, descobri por exemplo que apesar do livro estar dividido em capítulos que fazem referência directa à Odisseia de Homero, a maioria dos estudiosos Joyceanos garante que sem os títulos para ajudar, ninguém conseguiria fazer tal associação (cobardolas! a ficar entusiasmada com a ignorância alheia ...)
Marta to Marta Note: Não seria melhor ler a Odisseia originária primeiro? ... (opá ... não tenho pachorra ...)
Quando cheguei ao fim da introdução descobri que a metade que eu tinha achado que tinha percebido, afinal tinha percebido quase tudo mal. Por exemplo, tinha percebido que havia 3 rapazes no início que eram soldados. Ó santa ignorância! Não eram nada soldados ... Por exemplo, tinha percebido que um dos protagonistas se tinha dirigido a uma escola e falado com um professor. Ó santa ignorância! Ele era professor nessa escola e tinha falado era com o director ...
Pelo meio temos acesso a uma série de pensamentos indecifráveis do protagonista, Stephen Dedalus. São muitos. Consegui perceber que ele tinha estado em França (não faço ideia a fazer o quê) e que se recordava da morte da mãe. Em ... não sei bem ... cento e tal pensamentos, conseguir perceber dois ... não está mal ...
E perguntam vocês e perguntam muito bem, mas então ó tu! tu não sabes inglês e vais ler um livro em inglês?
Opá. Eu sei inglês. Quase fluente. Até escrevo nessa língua. Só que ... é digamos ... como explicar? é como dar Shakespeare a ler a alguém que nunca passou do nível primário do inglês. I ... like ... the ... beach ... e depois de repente ... Now is the winter of our discontent, made glorious summer by this sun of York ... percebem? Não dá. É assustador.
Ou seja, estamos a falar de inglês Joyceano, que está para o inglês avançado como o tio Shakes para o inglês para iniciados. Porquê? Porque Joyce ... e nem sequer sei se vou conseguir explicar bem ... digamos que Joyce inventou uma nova gramática. Ele não se limita a inventar palavras (essa parte ainda é capaz de ser a mais fácil, dentro da complicação toda ...), ele inventou um novo sistema linguístico, que não é regulado pelas mesmas leis do sistema a que estamos habituados. Por exemplo, num único parágrafo podem-se misturar acções e pensamentos do personagem de forma contínua, sem que exista nenhum tipo de elemento sinalizador comum pelo qual nos possamos guiar.
Depois, seria provavelmente necessário ter PELO MENOS um conhecimento aprofundado da história da Irlanda e da Literatura Ocidental
Marta to Marta Note: há séculos que ando para comprar uma História da Literatura decente
para conseguir perceber metade das alusões que Joyce faz a uma série de coisas em cada frase que escreve. Ou seja, cada acção e cada pensamento do personagem nunca são apenas isso, mas estão sempre impregnados de um segundo sentido histórico ou social ou político, etc.
Dito por outras palavras, quando Stephen caga, por exemplo (sim, ele descreve o personagem a cagar, razão pela qual o livro foi na altura da publicação - 1922 - proibido em Inglaterra e nos EUA), Stephen não está apenas a cagar.
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P.S. James, you motherfucker, don't you even dream I'm going to quit on you!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

AS TRIBOS DE ANDRÓMEDA

Mojave
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Antes do aparecimento dos Europeus no século XV, os Mojave eram a maior população humana que habitava o Sudoeste do Continente Americano, estando divididos em 3 grupos: os Maya Lyathum do Norte, os Hutto Pah do Centro e os Kavi Lyathum do Sul. Todos ocupavam um território que se estendia desde Black Canyon até ao vale Mojave e as montanhas Picacho.
Eram chamados Aha Macav (aha = água; macav = ao longo de), ou Pipa Aha Macav (o povo ao longo do rio) e consideravam o rio como a fonte de todas as coisas vivas, como vem relatado no seu mito da criação.
Não foi assinado nenhum tratado com os Mojave relativamente ao seu território originário. Os EUA assumiram simplesmente a propriedade das terras.
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Eram um povo profundamente espiritual, tendo os sonhos (su' mach) uma importância enorme, tanto que praticamente todos os aspectos das suas vidas, incluindo o amor, as canções, a guerra, a política e a medicina eram governados pelos sonhos: acreditavam que os sonhos lhes permitiam regressar ao início dos tempos e adquirir a sabedoria de Mastamho, o Grande Espírito e Criador, que tinha ensinado à tribo os seus modos de vida e os nomes para todas as coisas, incluindo os nomes dos clãs - estes últimos tinham nomes derivados do Sol, das nuvens e outros elementos da terra e do céu. Os Mojave também acreditavam que através dos sonhos adquiriam poderes individuais ou talentos especiais, que os ajudariam a tornarem-se melhores pessoas.
Embora a sua estrutura social fosse patrilinear, ou seja, a sua linhagem provinha dos nomes dos pais dos clãs, apenas as mulheres usavam o nome do clã. A lideranla Mojave era dividida entre os líderes dos 3 grupos e um Chefe hereditário ou "Aha Macav Pina Ta’ahon".

Os Mojave praticavam agricultura, sobretudo de feijão, milho e abóboras. Dominavam a técnica da irrigação, conduzindo a água desde o rio para os seus jardins. Também praticavam pesca usando redes e caçavam animais de pequeno porte montando armadilhas. Embora sedentários, aventuravam-se frequentemente para longe dos seus povoados para realizarem trocas de bens com outras tribos da Costa do Pacífico.
Os Mojave utilizavam tatuagens na pele do rosto.
Quando alguém morria, era cremado juntamente com os seus bens pessoais e outras oferendas dos familiares.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

MAGIC MOMENTS 94

DVD 1 - Dedicatórias Verdadeiramente Dedicadas
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Aqui se inaugura um espaço de dedicatórias.
Esta é a melhor música jamais feita para Nova Iorque. O som "é" a cidade. Só quem lá esteve pode entender. Por isso, here's to you Manhattan. I really miss you.
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domingo, 31 de janeiro de 2010

Fetiche #10

Fetiche
Nome masculino > 1. Objecto a que se presta culto por se lhe atribuir poder mágico ou sobrenatural > 2. figurado. aquilo a que se dedica um interesse obssessivo ou irracional > psicologia. objecto gerador de atracção ou excitação sexual compulsiva.
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“There's nothing better than good sex. But bad sex? A peanut butter and jelly sandwich is better than bad sex.” - Billy Joel
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[Peanut Butter]
1. Parelha substantiva deliciosa > 2. Faz mal como o caraças, but who gives a damn? > 3. Transforma qualquer pedaço sensaborão de pão de forma numa iguaria gourmet > 4. De manhã, ao almoço, ao lanche, ao jantar ou à ceia > 5. Em creme, nunca com pedaços e sempre da mesma marca, que é secreta (não quero que ninguém me açambarque os frascos no supermercado) > 6. No Inverno, com uma chávena de chá quente; na Primavera, com groselha; no Verão com sumo de laranja gelado; no Outono, com leite com chocolate > 7. Nunca experimentei com doce, mas os gringos dizem que é bom ... > 8. Peanut butter rules!

sábado, 30 de janeiro de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 10
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28/11/2030
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Guardian-Angel
The sky here is so blue it hurts. Do you remember the sky that afternoon when we first met? I still can't describe it. It still puzzles me. I'm no writer. I can't find the words to paint the colors I saw or to draw what I felt. You were always so much better with words than me. I'm a photographer. Or I was. I stole from reality but I gave it right back with the exact same elements I saw. But even if I had had a camera with me that day, I would not have been able to steal that sky for eternity. It was different, like you said it would be. As if it belonged in a strange movie, the kind of movie we both enjoyed. Only what was going on was our own movie, in which we were co-directors.
The funny thing is that movie ended the way we like - it didn't have a soppy happy ending. We both belong to that weird group of people that likes weird movies with weird endings, but deep down we're more romantic than those who call themselves romantics. Are you following me? Of course you are.
When you were a child, you told me, you thought you were the only normal person in the whole world. How strange to think that when I was a child I thought I was not normal. How strange to think that the only possible thing that could have happened to us was that eventually we'd find eachother. How so very plain it would have been if we'd ended together, don't you think?
I think both our weird systems told us it wasn't a good ending and we rewrote it. You know what? I think if it hadn't been me to screw up, you'd have done the job just as well.
Tuesday
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30/11/2030
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Guardian-Angel
I miss you. I told myself I wasn't going to be sentimental but I can't help myself. I miss you. I miss your voice whispering foolishnesses in my ear. I miss the way you looked at me and the way I saw all there was to know in your eyes. I miss your hand on my shoulder and the way it seemed to belong there. I miss our hands dancing together a strange, solitary, beautiful dance whose meaning only they seemed to hold the secret of. I miss the way we fitted together and the way we belonged to eachother. But most of all, I miss your mind and your face, your dear, frightened face trying to make some sense of what had no sense at all. And trying to find that sense in the nearness of me.
I'm sorry. I'm sorry I didn't love you as much as you deserved. I'm sorry I didn't understand you the way you wanted someone to understand you. I'm sorry I feared the happiness you promissed me. I'm sorry I didn't follow my instinct instead of my reason. I'm sorry.
Tuesday
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2200, Inverno, 13.30 GMT
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Enquanto esperava pelo fim da CM, lembrou-se que podia aproveitar o tempo e a oportunidade para passar finalmente pela Dheli de Cascais, que lhe andava a atazanar a paciência e os bytes há semanas. Para além disso, se não fosse agora não sabia quando poderia ser, uma vez que se cruzara com J. e este lhe conseguira enviar um Button de Alerta Laranja. Isto significava que, pelos vistos, a informação que o Krueg estava a tentar passar trazia água no bico. O que queria dizer que provavelmente não haveria tempo para mais brincadeiras nos próximos dias, ou mesmo semanas.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Macro Secrets 25

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You're the only one who really knew me at all

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE IV

Os Tectos de Florença
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Florença partilha uma característica em comum com Nova Iorque.
O que tem a Grande Maçã dos desfiladeiros de pedra e aço em comum com a pequena e preciosa Città Bela? Bom, é que ambas forçam os seus visitantes a ganhar torcicolos no pescoço de tanto olharem para cima.
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Na verdade elas partilham mais uma coisa - ambas são maravilhas do Ocidente.
Mas enquanto a maravilha do Novo Mundo nos força o olhar para cima cá fora, a maravilha do Velho Mundo fá-lo no interior das suas igrejas e palácios sumptuosos.
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Em Florença há provavelmente tantos tectos obrigatórios como há estátuas em todos os recantos.
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E eles existem para todos os gostos.
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De todas as cores.
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Formatos.
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Contando mil e uma histórias.
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Em muitos materiais.
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E de muitas famílias diferentes.
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É só olhar para cima.
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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 96

Violência
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Que mecanismos despertam a nossa agressividade?
O sociólogo norte-americano Erich Fromm, no seu livro "Anatomia da destrutividade humana" define dois tipos de violência, uma esquematização apoiada pela maioria dos estudiosos:
1. Violência Compulsiva - o nosso corpo está geneticamente programado para ela; é a que compartilhamos com os animais; um impulso instintivo de atacar que surge quando sentimos que a nossa sobrevivência está em perigo
2. Violência Humana - exclusiva das pessoas; não tem base genética e a sua única finalidade é sentir satisfação; a este tipo de violência devem-se a maioria dos actos criminais e de vandalismo que acontecem
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Maioritariamente, os protagonistas de episódios violentos, como assassínios, violações e maus-tratos, são pessoas com perturbações mentais. Mas isto não significa que todas as situações de perturbação mental sejam associadas à violência. Há pessoas que têm episódios de violência associados a situações de tensão extrema, que habitualmente são pacíficos e sem nenhuma perturbação mental específica.
A agressão maligna não é instintiva mas adquirida, é o que pensam a maioria dos estudiosos. As sementes da violência semeiam-se nos primeiros anos de vida, cultivam-se e desenvolvem-se durante a infância e começam a dar frutos malignos na adolescência.
No entanto, estudos recentes com animais outorgam uma possível origem biológica aos comportamentos agressivos:
* Lesões no lóbulo frontal do cérebro
* Lesões no lóbulo temporal
* Diminuição do óxido nítrico
* Carências enzimáticas
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Apesar de deixarem os cientistas cépticos, uma vez que defendem que a conduta humana é decisivamente influenciada pela aprendizagem cultural, não obstante, estes estudos são interessantes e poderão explicar alguns comportamentos desviantes que a ciência ainda não consegue deslindar, como é o caso das características muito próprias dos assassinos em série. Existem teorias que defendem que, assim como há casos raros de pessoas que nascem sem o sentido do tacto, por exemplo, também há casos em que as pessoas nascem sem conseguirem sentir qualquer tipo de emoção. Desta forma, a única maneira que encontram para conseguir sentir algo são experiências extremas, como provocar a morte a animais ou pessoas. Por sua vez, este tipo de comportamento torna-se um ciclo vicioso porque, exactamente como uma droga, uma vez praticado o primeiro crime, o organismo pede mais e mais intenso.
Esta é uma das explicações possíveis para o comportamento obssessivo e psicótico dos assassinos em série, que vão progredindo e refinando os seus crimes ao longo do tempo.
Outra teoria interessante defende precisamente que poderão existir indivíduos que nascem com determinadas áreas cerebrais defeituosas e, por isso mesmo, estarão mais propensos a actos violentos contra os quais não possuem qualquer tipo de consciência moral.
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A violência constitui uma das três fontes principais de poder humano; as outras 2 são o conhecimento e o dinheiro. Mas a violência cruel é a forma mais baixa e primitiva de poder e ao mesmo tempo a mais acessível a todos.
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baseado n' "Os Filhos da Ira" - Revista Quo

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

MURMÚRIOS DO PARAÍSO X

As Marés Vivas
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As Marés Vivas são as Deusas do areal.
Recordemos a hierarquia aqui estabelecida: as Gaivotas são as Magníficas Imperatrizes, os Pescadores os Nobres Donos e Guardiões, os Conquilheiros os Atrevidos e Carismáticos Ladrões.
Nas Marés Vivas apenas a Lua tem interferência e, por isso, elas elevam-se (literal e metaforicamente) acima de todos estes protagonistas. São secretas e enigmáticas. Claro que há quem as estude e lhes conheça os segredos mais insignificantes, mas para o mero observador permanecem um mistério insondável e fascinante.
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De onde vêm? Para onde regressam? Que tanto as revolta? Que pretendem arrebatar?
Nada há que imponha mais respeito do que a presença de uma Maré Viva à nossa frente ou à nossa volta. Os habitantes de qualquer selva, o portador do veneno mais mortífero, os abismos mais periclitantes empalidecem em comparação. O coração da Maré Viva provoca arritmias perigosas no coração de um pobre homem. Piedade para aquele que nela for apanhado desprevenido. A Maré Viva recompensá-lo-á pela sua audácia com um rol de monstros marinhos aterrorisadores: remoinhos vertiginosos, ondas titânicas, espuma sufocante, correntes imparáveis.
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As Marés Vivas chegam devagar, ciclicamente, progressivamente e fazem-se anunciar em detalhes que podem passar despercebidos ao mais incauto. A autora destas linhas conhece-as bem. É correcto dizer que as conhece melhor que a palma das suas próprias mãos, pois que as contemplou, e aos seus sinais, embevecida, mais vezes, claramente mais vezes do que contemplou as suas próprias mãos. E então: uma tonalidade do lençol aquático ligeiramente diferente, uma brisa milimetricamente desviada da costumeira direcção, um padrão de vagas progressivamente crescente e adquirindo um desenho típico, o rugido assustador das vagas durante a calada da noite precedente. E assim se adivinha, no suave frémito dos sentidos, a aproximação das marés mais entusiasmantes.
E quando chegam, elas arrebatam a praia e transformam o areal. Como um pincel gigante, pertencente a um artista excessivo e determinado, as deusas jackson pollockam as dunas, lançando jactos trepidantes de água e sal e areia contra a tela do areal, esculpindo montes e vales,
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fendendo crateras lunares, rasgando paisagens alienígenas,
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colorindo o horizonte com manchas intensas e a sua própria superfície de listas contrastantes. As águas assemelham-se a abismos assustadores, povoados pela multiplicidade da vida esquiva.
As Marés Vivas roubam, transformam, reorganizam. Mas também são generosas, deixam oferendas na praia - feixes emaranhados de sargaços tubulares, escorregadios e brilhantes, como esparguetes acabados de cozer al dente na espuma marinha; tufos perfumados de algas, que temperam a areia de tonalidades verdes, castanhas, douradas; medusas gelatinosas e transparentes, que se esvaem à beira mar;
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bouquets chocalhantes de conchas coloridas,
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búzios por alugar, estrelas do mar decapitadas e caranguejos desorientados.
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E subitamente, elas desaparecem de novo, como por magia, largando a bonança quieta no lençol marítimo e deixando sempre um rasto de destruição à sua passagem e a saudade de assistir ao seu desenrolar trepidante.
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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 83

He's Back!
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Sim! Estás de volta.
Leaner, meaner and stronger!
Russell, baby, agora sim, voltaste à tua forma habitual, musculado como se quer, no ponto, como Robin Hood. Cá te espero ansiosamente, por volta de Maio, I hope ...
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P.S. E Russell, baby, espero bem que não me desiludas, porque tens concorrência feroz. E é lá da tua terra também. Acho que vou ter que emigrar para a Austrália ... (aguarda próximos posts para ficares a conhecer o teu rival)

domingo, 24 de janeiro de 2010

AS TRIBOS DE ANDRÓMEDA

Iroquois
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"You shouldn't slaughter more than you can salt."
Provérbio Iroquês
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O território original dos Iroqueses foi a parte norte do estado de Nova Iorque, entre as montanhas Adirondack e as Cataratas do Niagara. Através de conquistas e migrações, ganharam controlo da maior parte do Nordeste dos EUA e do Leste do Canadá. No seu apogeu, em 1680, o império dos Iroqueses estendia-se para Oeste, desde a margem norte da Baía de
Chesapeake, através do Kentucky, até à união entre os rios Ohio e Mississippi; pelo norte, seguindo o rio Illinois, até ao sul do Lago Michigan; para este, através do sul do Michigan, sul do Ontario e partes adjacentes do sudoeste do Quebec; e finalmente pelo sul através do norte de New England, a oeste do rio Connecticut, através dos vales Hudson e norte do Delaware, Pennsylvania e de volta a Chesapeake.
Durante os 100 anos que precederam a Revolução Americana, guerras com as tribos Algonquin aliadas dos franceses e a colonização britânica, empurraram os Iroqueses de regresso às suas fronteiras originais. A sua decisão de apoiarem os Ingleses durante a Guerra Revolucionária, revelou-se um desastre. A invasão americana ao seu território em 1779 empurrou muitos dos Iroqueses para o sul do Ontário, onde têm permanecido desde então. Com grandes comunidades Iroquesas localizadas ao longo do norte de St. Lawrence no Quebec, quase metade da população Iroquesa tem habitado o Canadá desde então.
Nos EUA, grande parte do território Iroquês foi adquirido por especuladores de terras em Nova Iorque, numa série de tratados que se seguiram à Revolução. Apesar disto, a maioria dos Seneca, Tuscarora e Onondaga evitaram a extradição durante a década de 1830 e permaneceram em Nova Iorque. Permanecem de igual modo a habitar este estado grupos significativos de Mohawk, Oneida, Cayuga e Caughnawaga.
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O mundo sobrenatural dos Iroqueses incluía numerosas divindades, a mais importante das quais era Grande Espírito, responsável pela criação dos seres humanos, plantas e animais e as forças do bem na natureza. Os Iroqueses acreditavam que Grande Espírito guiava indirectamente as vidas do comum dos mortais.
Outras divindades importantes eram Thunderer (Trovejador) a as Três Irmãs, os espíritos de Maize, Beans e Squash.
Em oposição a Grande Espírito e outras forças benéficas, encontravam-se Espírito Maléfico e outros espíritos menores, responsáveis pelas doenças e outras más-fortunas.
De acordo com as lendas Iroquesas, os seres humanos comuns não conseguiam comunicar directamente com Grande Espírito, mas podiam fazê-lo indirectamente queimando tabaco, que carregava as suas preces até aos espíritos menores benévolos. Os Iroqueses consideravam os sonhos como sinais sobrenaturais importantes e era dada grande importância à sua interpretação. Acreditavam que os sonhos expressavam os desejos da alma e como resultado, o cumprimento de um sonho assumia uma enorme importância para o seu protagonista.
Não havia especialistas religiosos. No entanto, existiam especialistas femininas em part-time, conhecidas como as guardadoras da fé e cuja principal responsabilidade era organizar e conduzir as principais cerimónias religiosas. Estas guardiãs da fé eram nomeadas pelos anciãos e tinham enorme prestígio.
Em tempos históricos, os Iroqueses enterravam os seus mortos na posição sentada, na direcção leste. Após o enterro, um pássaro capturado era libertado, acreditando-se que carregaria o espírito do defunto. Os Iroqueses acreditavam que após a morte, a alma embarcava numa viagem e numa série de aventuras que terminavam na terra dos mortos, no mundo do céu.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Fetiche #9

Fetiche
Nome masculino > 1. Objecto a que se presta culto por se lhe atribuir poder mágico ou sobrenatural > 2. figurado. aquilo a que se dedica um interesse obssessivo ou irracional > psicologia. objecto gerador de atracção ou excitação sexual compulsiva.

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"I don't trust or love anyone. Because people are so creepy. Creepy creepy creeps. Creeping around. Creeping here and creeping there. Creeping everywhere. Crippity crappity creepies." - Vincent Gallo
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[Vincent Gallo]
1. Nome de ser politicamente incorrecto > 2. Polémico, directo, louco > 3. Paradoxal e, por isso, intensamente humano > 4. Modelo da Calvin Klein meets realizador independente sui generis > 5. Buffalo '66 - um filme impossivelmente hilariante, com o próprio e alguns senhores em estado de graça - Christina Ricci, Anjelica Huston, Ben Gazzara, Mickey Rourke e Rosanna Arquette. Billy Brown saiu da prisão e tem dois problemas imediatos - mijar (que não há maneira de conseguir porque não encontra nenhum sítio para o fazer) e ganhar coragem para enfrentar os seus pais que são, no mínimo, um par de aves raras > 6. Rosto que atrai a atenção do observador, não sendo especial em particular, provavelmente porque o seu portador é dono de personalidade em quantidades obscenas > 7. Tem o condão de me fazer rir até às lágrimas com as expressões do seu rosto e a entoação da sua voz > 8. Com ele temos sempre a certeza de sermos surpreendidos, sempre de uma forma deliciosa
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sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 9
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2200, Inverno, 13.07 GMT
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O seu relatório estava a ser distribuído aleatoriamente por todos os pontos por onde saltitava. De PacMaster em PacMaster, os dez resistentes dançavam como se estivessem a atravessar um lago, pulando de nenúfar em nenúfar. Não havia diálogo, apenas troca de informação. Por vezes cruzavam-se a velocidades vertiginosas e deixavam um rasto de bytes coloridos, como um arco-íris virtual. Um deles era designado à vez para ficar quieto num determinado local, para avisar os outros de qualquer movimento suspeito de detecção. A única forma de escapar era se essa detecção fosse avistada ao nanosegundo, possibilitando uma reacção imediata. Tudo estava a correr bem e, se algum dia corresse mal, era o fim das CM's. Não se podiam dar a esse luxo.
Mas desde há algumas décadas que o Circuito de Vigilância andava atrás deles. Desde que J. tinha conseguido escapar, passara a existir um ficheiro negro na Fonte sobre J. ou sobre aquilo que elas tinham conseguido sobre J., que era quase nada. Mas a suspeita ficara lá e era o suficiente para as colocar de sobreaviso. Elas sabiam que havia algo, algo que infectava o sistema e que precisava de ser eliminado. Mas como todas as máquinas, faltava-lhes o poder de dedução lógica não programada. Apenas podiam estar atentas e esperar pela próxima falha. E eles apenas tinham que ter cuidado para não criar um novo precedente susceptível de ser programado no Circuito de Vigilância.
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Conseguiu enviar todo o relatório com sucesso. Mas a informação que precisava de receber ainda ia demorar. Krueg, o Chefe da América, tinha uma quantidade obscena de dados que aparentemente pretendia partilhar sem delongas. O gajo quererá debitar o romance da vida dele, mais o Antigo Testamento, mais a lista telefónica completa do século XX? Não morria de amores pelo Krueg, aka Vincent. O tipo era arrogante, mas o que mais o irritava era que tinha razões para isso - de todos os ARLIs, era o que tinha mais conhecimentos técnicos sobre o Sistema e J. considerava-o uma espécie de braço direito. De mais a mais, havia que admirar a sua persistência e paciência para estudar as máquinas como se se tratasse de um pit-bull. Se elas pensassem, poder-se-ia afirmar que ele lhes poderia adivinhar o pensamento.
Que merda! Queria acabar com aquilo o mais depressa possível. Hoje não estava com pachorra nenhuma para o raio da CM. Era curioso como ainda conseguia ser invadido por sentimentos, como esta melancolia que lhe assaltava os bytes nesse preciso momento. E nem sequer se podia dar ao luxo de se entreter com desenhos. O facto de estar a pensar já lhe estava a atrasar o raio do processamento da informação. Lembrou-se que estava parado já faziam mais de 2 segundos e disparou em direcção aleatória. Foi parar à América. Percebeu isso quando foi rodeado por caracteres anglo-saxónicos de todos os lados.
Os poucos humanos livres que ainda sobreviviam fora das Colónias de Alimentação e Combustível eram os Privilegiados, mais concretamente os Traidores, na gíria os Colaboradores ou pura e simplesmente, como C. lhes chamava, os Merdosos. J. era o único que condescendia.
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«Le0pard» tiveram sorte, apenas isso
«Júpiter» sorte uma porra daaaa-se
«Le0pard» há gajos que nascem c o rabo virado pa lua
«Júpiter» há gajos q n merecem o ar que respiram, isso sim
«Le0pard» são eles que um dia vão fundar o Novo Mundo
«Júpiter» só por cima dos meus bytes
«Le0pard» hás-de precisar dum corpo p voltares
«Júpiter» naaaaa, prefiro continuar por aqui
ldkld
E preferia. Já se habituara. Não se queria lembrar das
fklçldf
VANTAGENS DA VIDA NATURAL
* sentir o corpo, o cheiro, a respiração duma gaja boa
* ver as cores do arco-íris sem ser a 24-bits True Color resolution
* beber uma bica capaz de lhe rebentar o estômago
* fumar 50 cigarros de seguida
* amar ...
dlfk
Disparou novamente. Merda para ti, Krueg. Espero que essa PORRA valha a pena.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Love's Vessel


dskflçd
Long ago, in days past
A simple vessel you gave me
You filled it with love to last
And then you set me free
dfklçd
Out into the world I flew
From love's secret castle
Far, far away did I fly from you
And with me I took that vessel
dlfldk
Life offered me gifts plenty
I loved, laughed and cried
I learned to fall and rise mighty
As I left you behind
lçdkflçd
But that vessel remained with me
And though often forgotten
It never ceased to be
Your love's magic begotten
lçdskflçd
Treasures, a few, it saves
Inside its frail, clear glass
One tiny drop is all it takes
And I am whisked back to the past
lçdkfçklf
To the smell of your skin
As of sweet red wine
To a beating deep within
To your lips on mine
lkfçlf
To hands soft as velvet
On arms strong as vine
From a voice where clouds would melt
To that shiver down my spine
dlçsfkçdf
And it never crossed my mind
I was too distracted to feel
That so frail a vessel could find
Such powerful, lasting will
dslçfklçdf
No, it never was so clear
That your simple, candid vessel
Kept you close all these years
Kept alive love's secret castle
dlçfklçsd
Of wizardry you had no notion
But somehow you conceived
A magical, powerful potion
That in me always lived
dslçfkçlds
Long ago, in days past
"With much love" you wrote to me
Knowing that it would forever last
Far beyond my blind flee
çdlsfkçld
For those words you wrote to me
Are the vessel I kept from thee
And that vessel was meant to be
Your arms wrapped tight around me
dçslfkçds
Long ago, in days past
A simple man offered me
A tiny vessel, a precious flask
Filled with love and dreams to be
çdlfkçdlsf
Fairer words others might woo
Richer, cleverer or wiser
How could they ever compare to you?
They could not, never, ever
dflkçd
For in your vessel, my love, I know
Love will last a thousand years
There your love will for ever grow
And wipe away all my tears

Para ti, P.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Macro Secrets 24

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The secret of life is in the details

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE III

O Encontro das Estátuas
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A Estátua abriu caminho por entre a multidão que se aglomerava próximo da entrada da Galleria dell'Accademia. Era jovem e inexperiente. Não calculou bem a distância que separava o seu pé do degrau mais próximo e caiu estatelada no meio do chão. Só não empalideceu porque fora esculpida em mármore de carrara e já era pálida por natureza. Esbracejou sem dignidade nenhuma na pedra fria e ergueu-se de novo, um moinho de braços e pernas descoordenados girando no ar.
º~çdº~d
dçdºç
Sentiu um arrepio. Aquele contacto súbito com a pedra dura do chão fê-la encolher-se de asco e franzir o sobrolho.
Imaginemos por momentos que esbarramos contra alguém imundo, um vagabundo que deambula pelas ruas sem nunca conhecer um banho reparador, e que a nossa pele toca na pele desse alguém. Que faríamos? Que sentiríamos? Nojo. E fugiriamos rapidamente desse contacto, resguardando-nos no interior dessa esfera invisível que todos transportamos connosco e que constitui o nosso Eu.
fdkçfdlk
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Pois, assim sucedeu com esta Estátua, quando tombou no chão e sentiu a pedra, suja por milhares de solas de sapatos, e gasta pelo peso de milhares de corpos ao longo dos anos, contra o seu mármore nobre e polido, quase aveludado.
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Ninguém reparou, claro. Em Florença existem tantas estátuas espalhadas por todo o lado que, se uma delas começar a caminhar sozinha pelas ruelas medievais, ninguém se apercebe disso.
ºç~dºdç
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Talvez a menina encostada à porta da loja de chocolates tenha puxado a saia da mãe e falhado a direcção da barra de chocolate negro que segurava na mão, e que foi embater no nariz em vez de entrar na boca, sujando-lhe o pequenino apêndice de cacau derretido. Talvez ela fosse a única testemunha, mas enfim, não importa.
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E para onde se dirigia a Estátua? Para um encontro secreto na Piazza Della Republica, mais concretamente no Caffé Le Giubbe Rosse.
Lá esperava-a outra estátua, impaciente.
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Esta era bem mais pequena que a primeira e o seu semblante encontrava-se ainda mais franzido do que era costume. Havia duas razões para isto: Michelangelo detestava atrasos de qualquer espécie (a não ser os dele próprio, claro está) e, pior ainda, vivia transtornado com a ideia de não ter sido ele próprio a esculpir-se. Era frequente ouvi-lo murmurar entredentes "porca miseria!", referindo-se ao estado deplorável de alguns pormenores do seu corpo.
ºçlfdºç
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No entanto, quando David chegou finalmente ao Giubbe, Michelangelo animou-se e pareceu subitamente rejuvenescer. Olhar uma das suas obras-primas animava-lhe sempre o dia.
ºçflºçf

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

EM BUSCA DE PALAVRAS 95

Playing With The Boys
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Construir um enredo criminal é, estou a descobrir, como apresentar um puzzle em que só nós estamos em poder das peças todas e decidimos quando e onde é que elas podem ser posicionadas correctamente. Este processo é divertido como o caraças.
Quer dizer, passada a fase do primeiro rascunho, claro, que é sempre uma tarefa herculeana, desgastante, que às vezes parece quase impossível e que nos faz exclamar semana sim, semana não: "MAS ONDE É QUE EU ESTAVA COM A CABEÇA QUANDO DECIDI TER ESTA BRILHANTE IDEIA????!!!! EU NÃO CONSIGO FAZER ISTO!!!!"
Ainda estou nessa fase, que ainda vai durar mais algum tempo (MESES!!!! OH MY GOOOOD!!!), mas já começo a vislumbrar por baixo da porcaria toda que o lápis vai escrevendo, por baixo da poeira toda levantada pela borracha, algo parecido com uma forma com algum sentido, o desenho minimamente coerente de um enredo com pés e cabeça. E esse formato já permite brincar com algumas das peças e decidir o que quero ou não mostrar.
Esta vai para aqui e só mostro isto por enquanto. Aquela viaja para ali e só se vai perceber mais lá para o fim.
Outra coisa engraçada é que tenho um personagem que é investigador da polícia. Seria de esperar que eu tivesse algum poder de decisão sobre o rumo da investigação que ele está a tomar para deslindar este quebra-cabeças. Mas não. Mais uma vez, os personagens é que mandam. E como este não é excepção à regra, ele é que me diz para onde quer prosseguir, o que se torna um processo no mínimo divertido, no máximo quase místico. Percebi isto quando constatei um facto que me tinha passado despercebido, mas que era óbvio - é que ele é muito mais esperto e inteligente do que eu. Eu tenho espírito de Sherlock e sou bastante atenta aos pormenores, mas sou uma autêntica azelha em perceber uma série de coisas. Ele não é. Para além disso, tem mais uns 10 anos que eu, 20 dos quais passados atrás de criminosos.
Quanto ao criminoso, não sei se é mais esperto do que eu, mas de certeza que é muito mais perfeccionista. Não falha absolutamente nada e pensa em tudo. É também muito mais concentrado e focado. Por este motivo, exige de mim loucuras, que nenhum personagem jamais exigiu, como o ter uma réplica duma carabina em casa para treinar as posições e lhe sentir o peso e as formas; como obrigar-me a aprender a camuflar-me dos pés à cabeça; como o facto de se continuar a recusar a falar muito comigo, porque parece querer permanecer um mistério também para mim e desta forma adensar ainda mais o puzzle.
E como peças de um quebra-cabeças possuído de vontade própria, eles e as suas acções vão-se posicionando lentamente neste tabuleiro ainda cheio de poeira, cheio de entulho, cheio de lixo, cheio de peças soltas.
ddklç
P.S. Lembrei-me desta música, para ilustrar o meu entusiasmo. I'm really enjoying playing with these boys :)
dlklçd