sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 9
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2200, Inverno, 13.07 GMT
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O seu relatório estava a ser distribuído aleatoriamente por todos os pontos por onde saltitava. De PacMaster em PacMaster, os dez resistentes dançavam como se estivessem a atravessar um lago, pulando de nenúfar em nenúfar. Não havia diálogo, apenas troca de informação. Por vezes cruzavam-se a velocidades vertiginosas e deixavam um rasto de bytes coloridos, como um arco-íris virtual. Um deles era designado à vez para ficar quieto num determinado local, para avisar os outros de qualquer movimento suspeito de detecção. A única forma de escapar era se essa detecção fosse avistada ao nanosegundo, possibilitando uma reacção imediata. Tudo estava a correr bem e, se algum dia corresse mal, era o fim das CM's. Não se podiam dar a esse luxo.
Mas desde há algumas décadas que o Circuito de Vigilância andava atrás deles. Desde que J. tinha conseguido escapar, passara a existir um ficheiro negro na Fonte sobre J. ou sobre aquilo que elas tinham conseguido sobre J., que era quase nada. Mas a suspeita ficara lá e era o suficiente para as colocar de sobreaviso. Elas sabiam que havia algo, algo que infectava o sistema e que precisava de ser eliminado. Mas como todas as máquinas, faltava-lhes o poder de dedução lógica não programada. Apenas podiam estar atentas e esperar pela próxima falha. E eles apenas tinham que ter cuidado para não criar um novo precedente susceptível de ser programado no Circuito de Vigilância.
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Conseguiu enviar todo o relatório com sucesso. Mas a informação que precisava de receber ainda ia demorar. Krueg, o Chefe da América, tinha uma quantidade obscena de dados que aparentemente pretendia partilhar sem delongas. O gajo quererá debitar o romance da vida dele, mais o Antigo Testamento, mais a lista telefónica completa do século XX? Não morria de amores pelo Krueg, aka Vincent. O tipo era arrogante, mas o que mais o irritava era que tinha razões para isso - de todos os ARLIs, era o que tinha mais conhecimentos técnicos sobre o Sistema e J. considerava-o uma espécie de braço direito. De mais a mais, havia que admirar a sua persistência e paciência para estudar as máquinas como se se tratasse de um pit-bull. Se elas pensassem, poder-se-ia afirmar que ele lhes poderia adivinhar o pensamento.
Que merda! Queria acabar com aquilo o mais depressa possível. Hoje não estava com pachorra nenhuma para o raio da CM. Era curioso como ainda conseguia ser invadido por sentimentos, como esta melancolia que lhe assaltava os bytes nesse preciso momento. E nem sequer se podia dar ao luxo de se entreter com desenhos. O facto de estar a pensar já lhe estava a atrasar o raio do processamento da informação. Lembrou-se que estava parado já faziam mais de 2 segundos e disparou em direcção aleatória. Foi parar à América. Percebeu isso quando foi rodeado por caracteres anglo-saxónicos de todos os lados.
Os poucos humanos livres que ainda sobreviviam fora das Colónias de Alimentação e Combustível eram os Privilegiados, mais concretamente os Traidores, na gíria os Colaboradores ou pura e simplesmente, como C. lhes chamava, os Merdosos. J. era o único que condescendia.
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«Le0pard» tiveram sorte, apenas isso
«Júpiter» sorte uma porra daaaa-se
«Le0pard» há gajos que nascem c o rabo virado pa lua
«Júpiter» há gajos q n merecem o ar que respiram, isso sim
«Le0pard» são eles que um dia vão fundar o Novo Mundo
«Júpiter» só por cima dos meus bytes
«Le0pard» hás-de precisar dum corpo p voltares
«Júpiter» naaaaa, prefiro continuar por aqui
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E preferia. Já se habituara. Não se queria lembrar das
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VANTAGENS DA VIDA NATURAL
* sentir o corpo, o cheiro, a respiração duma gaja boa
* ver as cores do arco-íris sem ser a 24-bits True Color resolution
* beber uma bica capaz de lhe rebentar o estômago
* fumar 50 cigarros de seguida
* amar ...
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Disparou novamente. Merda para ti, Krueg. Espero que essa PORRA valha a pena.

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