quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

PALAVRAS ESTÚPIDAS 84

James - Parte II
jfdkjl

fjdlf
Esperei duas semanas e voltei a atacar a fera. Mas desta vez, pensei eu (ah que ingenuidade ...), estaria mais bem armada. Back to page 1. Pois é. Engoli o orgulho (mas qual orgulho? ... diante de James Joyce sou um cão com o rabo entre as pernas ...), meti o rabo ainda mais entre as pernas e fui recambiada para o início do livro, para ler a introdução ...
Entusiasmada, descobri por exemplo que apesar do livro estar dividido em capítulos que fazem referência directa à Odisseia de Homero, a maioria dos estudiosos Joyceanos garante que sem os títulos para ajudar, ninguém conseguiria fazer tal associação (cobardolas! a ficar entusiasmada com a ignorância alheia ...)
Marta to Marta Note: Não seria melhor ler a Odisseia originária primeiro? ... (opá ... não tenho pachorra ...)
Quando cheguei ao fim da introdução descobri que a metade que eu tinha achado que tinha percebido, afinal tinha percebido quase tudo mal. Por exemplo, tinha percebido que havia 3 rapazes no início que eram soldados. Ó santa ignorância! Não eram nada soldados ... Por exemplo, tinha percebido que um dos protagonistas se tinha dirigido a uma escola e falado com um professor. Ó santa ignorância! Ele era professor nessa escola e tinha falado era com o director ...
Pelo meio temos acesso a uma série de pensamentos indecifráveis do protagonista, Stephen Dedalus. São muitos. Consegui perceber que ele tinha estado em França (não faço ideia a fazer o quê) e que se recordava da morte da mãe. Em ... não sei bem ... cento e tal pensamentos, conseguir perceber dois ... não está mal ...
E perguntam vocês e perguntam muito bem, mas então ó tu! tu não sabes inglês e vais ler um livro em inglês?
Opá. Eu sei inglês. Quase fluente. Até escrevo nessa língua. Só que ... é digamos ... como explicar? é como dar Shakespeare a ler a alguém que nunca passou do nível primário do inglês. I ... like ... the ... beach ... e depois de repente ... Now is the winter of our discontent, made glorious summer by this sun of York ... percebem? Não dá. É assustador.
Ou seja, estamos a falar de inglês Joyceano, que está para o inglês avançado como o tio Shakes para o inglês para iniciados. Porquê? Porque Joyce ... e nem sequer sei se vou conseguir explicar bem ... digamos que Joyce inventou uma nova gramática. Ele não se limita a inventar palavras (essa parte ainda é capaz de ser a mais fácil, dentro da complicação toda ...), ele inventou um novo sistema linguístico, que não é regulado pelas mesmas leis do sistema a que estamos habituados. Por exemplo, num único parágrafo podem-se misturar acções e pensamentos do personagem de forma contínua, sem que exista nenhum tipo de elemento sinalizador comum pelo qual nos possamos guiar.
Depois, seria provavelmente necessário ter PELO MENOS um conhecimento aprofundado da história da Irlanda e da Literatura Ocidental
Marta to Marta Note: há séculos que ando para comprar uma História da Literatura decente
para conseguir perceber metade das alusões que Joyce faz a uma série de coisas em cada frase que escreve. Ou seja, cada acção e cada pensamento do personagem nunca são apenas isso, mas estão sempre impregnados de um segundo sentido histórico ou social ou político, etc.
Dito por outras palavras, quando Stephen caga, por exemplo (sim, ele descreve o personagem a cagar, razão pela qual o livro foi na altura da publicação - 1922 - proibido em Inglaterra e nos EUA), Stephen não está apenas a cagar.
kfjklsd
P.S. James, you motherfucker, don't you even dream I'm going to quit on you!

Sem comentários: