quinta-feira, 14 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXIV

United Nations
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Bandeiras do mundo no Passeio das Acácias - Parque das Nações
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Ao meu lado direito, o representante asiático, um jovem ágil e fino como uma haste de bambu, perdido na música dos seus auscultadores Sony (não vi a marca, mas era o mais certo).
À minha frente o representante africano, um jovem Obikwelu alto, de cabeça lisa como um ovo, atlético e imponente, mergulhado na AutoSport.
À frente do delegado africano, o representante anglo-saxónico, um jovem cenoura sardento e frágil, vestido de laranja berrante, provavelmente mergulhado em algum químico da moda, parecido com um vocalista de qualquer banda pop-rock-grundge britânica ou norte-americana.
Ao meu lado esquerdo a cigana, minha companheira habitual de viagem, uma jovem de cabelo claro muito comprido sempre amarrado num rabo-de-cavalo e semblante circunspecto.
Lá à frente uma comitiva educada e silenciosa de nórdicos.
A Europa de Leste estaria também certamente representada, algures, sem se denunciar.
E eu própria, uma mistela de tuga, bifa, paddy e chilena.
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As Nações Unidas no autocarro, em trânsito por essa Lisboa fora.
Lembrei-me de Nova Iorque. Lembrei-me do edifício de linhas rectas e discretas da ONU, crescendo em altura até ao céu mais azul que conheço.
Lembrei-me do imenso melting pot que é aquela maravilhosa cidade, mas lembrei-me também duma coisa - que tal como as suas ruas e avenidas traçadas paralela e perpendicularmente quase a régua e esquadro, também o pot de culturas se encontra bem dividido e há poucas misturas - os negros no Bronx e no Harlem, os amarelos em Chinatown, os italianos em Little Italy e Brooklyn, os irlandeses em Queens, e por aí fora.
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Olhei para o autocarro das Nações Unidas e perguntei-me se aqui em Lisboa as coisas também acabariam traçadas a régua e esquadro.
Mas talvez não.
Até porque Lisboa é mais curvas, right?

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