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I hate perfect people. I hate them, Charlie.
And I don't give a damn what anyone thinks of me for having these thoughts.
I hate people who have perfect families and perfect relationships and perfect jobs and perfect clothes and petty little perfect lives.
I perfectly hate them.
Because they don't know, but they will go through their perfect little petty lives without ever seeing the excrutiating beauty of imperfection.
Like you, Charlie. There isn't a single thing that works in your pathetic life - even your own dog mocks you. But you're so wonderful, I wouldn't change a single thing about you.
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Mas o Pessoa, disse isto muito melhor do que eu, neste poema absolutamente genial:
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POEMA EM LINHA RECTAKFLFKLF
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Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
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Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
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E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo.
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
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Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um acto ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...
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Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó principes, meus irmãos,
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Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
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Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?
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Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.
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Álvaro de Campos
2 comentários:
Concordo com a menina e já levei muita porrada :)
Mas nunca fiquei com vergonha de ocultar um olho negro. O problema é admitir e saber viver com a imperfeição pois a perfeição não existe.
Sempre guadei os meus olhinhos verdes ou negros para olhar em redor até à mais ínfima imperfeição .)
Nem faz ideia como este poema me fez rir às gargalhadas e ao mesmo tempo sorrir de lágrimas nos olhos, porque houve pelo menos uma pessoa neste mundo (ainda por cima a Pessoa!, o Pessoa!) que sentia o mesmo que eu ...
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