quarta-feira, 20 de junho de 2007

MURMÚRIOS DE LISBOA XXXVI

City Cowboy

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Estátua na fonte do Parque Eduardo VII
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Não sei se foi porque estava encostado a uma das barras de ferro do autocarro naquele preciso ângulo cheio de poesia.
Não sei se foi porque trazia o casaco pendurado no dedo e atirado para trás das costas daquela maneira tão blasé.
Não sei se foi porque me fez lembrar imediatamente a linguagem corporal subtil de Jake Gyllenhaal no Brokeback Mountain (e o próprio Jake).
Não sei se foi porque parecia perdido no desfiladeiro citadino, completamente deslocado naquela caravana tórrida movida a gasóleo, a bufar a passo de cágado pela pradaria da estrada de asfalto derretido.
Não sei se foi quando o seu rosto girou para trás daquela maneira vaga e doce, a transpirar por baixo da camisa e da gravata demasiado apertadas.
flkçlfkçfl
Raios! Não sei porque foi.
Só sei que me vieram as lágrimas aos olhos tão subitamente, que tive que desviar o olhar para a paisagem engarrafada.
Quando regressei, ele estava sentado à minha frente, na diagonal, uma perna para fora do acento, sem se querer instalar, claramente sem pertencer ali.
flkçflkfkllf
Continuava deslocado. Continuava com calor. E continuava a fazer-me chorar.
E eu continuo sem saber até hoje porquê. Raios!

1 comentário:

Dry-Martini disse...

"O coração tem razões que a razão desconhece".

Pascal