Então Era Pastor ...
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Quando alguém lhe perguntava "Então ...", a sua avó costumava dizer: "Então era pastor ..." e depois continuava, mas ela já não se lembrava da rima (havia uma rima, há sempre ...), certamente reminiscente das terras alentejanas onde a avó crescera.
Por isso, resolveu inventar uma:
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Então era pastor
Andava nos montes desde o alvor
Com as cabras e as ovelhas
E um barrete enfiado até às orelhas
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Foi então que a moça o encontrou
E ai do pastor que de amores se afundou
Pelos montes fugiram as cabras e as ovelhas
E o pobre do pastor levou que se fartou nas orelhas
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Na sua imaginação a avó ri-se muito com esta invenção e apenas repete: "Bonito serviço!", enquanto abana a cabeça.
Mas há sempre um pastor, pensa ela, perdido algures por alguém, se não for por uma moça, será por uma ovelha ...
2 comentários:
Um dos meus pastores favoritos é o Constantino guardador de vacas e de sonhos. Conhece? Mas gostei.
Quem nunca ouviu falar desse poeta ...? :)
Ainda bem que gostou :) E espero que a minha avó também tenha gostado - não sei porquê, nos últimos dias tenho-me lembrado dela a rir-se e daí a história ... há coisas estranhas ...
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