quarta-feira, 6 de agosto de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 36

Um Pouco de História - Parte I
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Para se perceber a importância de um sniper num teatro de guerra, atente-se nestas lições de história aprendidas numa das duas Escolas de Sniping existentes nos EUA - a de Fort Benning (Georgia):
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O sniper é considerado o mais enigmático dos soldados. O elemento de surpresa que pode trazer para o campo de batalha, significa que um único sniper pode conduzir o inimigo ao caos total, se souber fazer as coisas bem feitas. Um sniper pode matar um líder e intimidar uma unidade inteira com um único tiro. Por este motivo, são também os soldados mais odiados e costumam pagar o preço maior - a sua cabeça a prémio, o mais elevado de todos.
Mas levou algum tempo até que os exércitos percebessem a sua importância.
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O sniper tem origem na Guerra da Independência Americana e a primeira espingarda utilizada com essa função foi a Kentucky Long Rifle, que permitia disparar a maiores distâncias, graças ao uso do cano estriado.
Pode-se dizer que os antepassados dos snipers são os atiradores de fronteira americanos, que estavam habituados a caçar para sobreviver e que aprendiam a disparar desde os 8, 9 anos de idade.
A espingarda podia matar um homem a cerca de 274 metros e os colonos começaram a matar oficiais ingleses às escondidas, a longas distâncias – isto indignou muito os ingleses, uma vez que alterou o "cavalheirismo" da guerra - a ideia de que ambos os inimigos precisavam de estar frente a frente, a olhar-se nos olhos, desapareceu.
Durante a Guerra Civil Americana os snipers aumentaram de número e as armas também melhoraram. No entanto, o estigma contra os snipers permaneceu e fez com que a sua utilização fosse preterida relativamente a outras áreas, uma opção que se revelaria desastrosa no futuro para os EUA.
Ainda hoje em dia, o pior insulto que se pode dizer a um sniper, seja em que parte do mundo for, é "executor".
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Durante a Primeira Guerra Mundial foram feitos enormes avanços na arte da camuflagem, mas do outro lado do Atlântico.
Os alemães interessaram-se pelos snipers, apesar do estigma dos americanos, e usaram-nos contra os ingleses, com as famosas Mousers, consideradas por muitos especialistas como as melhores espingardas de culatra móvel alguma vez produzidas, com miras com alcance de 1000 metros, algo absolutamente inédito na época. Os snipers alemães foram muito eficazes e mortais contra os ingleses e as trincheiras eram perfeitas para a acção dos snipers - a I Guerra Mundial foi um verdadeiro paraíso para os snipers.
Havia uma guerra de "esperteza" entre snipers alemães e britânicos. Se os alemães usavam falsos cavalos mortos, uma carcassa, para se esconderem lá dentro e árvores falsas com troncos ocos, por sua vez, os ingleses usavam bonecos para tentarem descobrir onde estavam os snipers alemães e espingardas com periscópio, para poderem atirar e observar o horizonte sem exporem a cabeça para fora da trincheira; se os alemães usavam escudos de aço que os ingleses não conseguiam penetrar, os ingleses usavam por sua vez espingardas usadas em África para matar elefantes e que eram as únicas capazes de penetrar esses escudos.
O Major Herbert Prichard estabeleceu uma espécie de programa baseado em três princípios: instinto de caçador, poderes de observação e paciência infinita.
Foi também aqui que nasceu o ghillie suit, trazido por snipers escoceses, que tornava os snipers invisíveis. Rapidamente os britânicos ultrapassaram os alemães e conseguiram destronar os snipers alemães. A filosofia é a de que na guerra pela sobrevivência, um sniper tem que pensar melhor e disparar melhor que o seu oponente.
O termo "sniper" nasceu na Índia e provém da tradição britânica de caça na selva. "Snipe" é um pássaro, em português, a narceja, muito fugidio e que nunca se expõe muito, difícil de encontrar e um desafio para qualquer caçador. Por este motivo, os melhores caçadores eram apelidados de snipers.
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No próximo capítulo, a adesão dos americanos ao sniping, área onde eram totalmente inexperientes.

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