sábado, 30 de agosto de 2008

Passo os dedos pelo dicionário ao acaso e aterro em ...

LAMÚRIA
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O psiquiatra Carlos Amaral Dias diz que talvez o primeiro lamento do homem primitivo perante a morte de um ente próximo tenha constituído o primeiro passo para o desenvolvimento da inteligência. Essa primeira exclamação de surpresa pode ter sido o primeiro lamento, em vez do grunhido habitual, que conduziu por sua vez ao desenvolvimento da linguagem mais complexa que, como sabemos, foi o primeiro estadio do desenvolvimento do cérebro.
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Também os bebés aprendem desde cedo a choramingar para obterem algo em troca. Seja, fome, seja mimo ou um aborrecimento qualquer, é através do choro que começamos a comunicar neste mundo.
No filme RAN de Akira Kurosawa (afinal o filme sempre serviu para alguma coisa ... :p), alguém diz que o homem entra na vida a chorar e parte deste mundo depois de ter chorado tudo.
Há quem faça até do choro uma vocação de vida, como ritual social e aglutinador da comunidade num momento de desgosto - em Portugal existem as carpideiras, cuja função é única e exclusivamente lançar lamentos durante o velório e enterro do defunto.
Os índios da pradaria americana entoam lamentos aos mortos, que acompanham a alma do defunto até ao outro mundo.
Na cerimónia do enterro do Papa João Paulo II, os sacerdotes da Igreja Ortodoxa Grega cantaram um lamento lindíssimo, em redor do corpo do representante de Pedro na Terra.
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A lamúria é talvez a forma mais clara que o espírito tem de mostrar que está a sofrer. É também uma forma de realizar chantagem emocional, porque quase ninguém gosta de ouvir alguém chorar.
O sofrimento dos outros amedronta-nos, incomoda-nos, talvez porque não gostemos de nos sentir impotentes perante o desgosto alheio.
Egoísmo? Talvez. Raras são as pessoas que não tentam de imediato resolver o problema e parar a torrente de lágrimas. Mas, por vezes, as lágrimas precisam de cair ...
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Este egoísmo tem provavelmente uma explicação científica muito clara e simples. É que, como demonstrou Darwin, a selecção natural escolhe sempre os mais aptos, consoante as características do momento. E quando nos vemos confrontados e incomodados com o sofrimento alheio, isso nada mais poderá ser do que o ADN a segredar-nos que ali está um elo mais fraco e que isso poderá desestabilizar a cadeia inteira.
E a vida tem de continuar. Porque a vida quer viver, como diz Bill Bryson na sua "Breve História de Quase Tudo".
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Seca as lágrimas e vai em frente.
Dos fracos não reza a história ...

2 comentários:

Dry-Martini disse...

Espero que não ande triste... Anda?

Andrómeda disse...

Claro q não, Merlin.
Está desatento, comme d'abitude ... A rubrica é Palavras ao Acaso, o meu dedo aterra numa e é sobre isso que escrevo, esteja triste, alegre, mal dos intestinos ou em êxtase :P
E essa fotografria é de há um ano atrás :P