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A vida tem destas ironias.
Há mais de um ano que imaginei na minha cabeça uma série de personagens para uma história que quero escrever. Dos 3 personagens principais, 2 apresentam o desafio de, não só serem homens (mas gosto de fazer personagens homens) como ainda de terem ocupações muito distantes de tudo o que conheço - um é assassino profissional, o outro é investigador de homicídios na polícia.
Tenho pelos dois um carinho especial. O assassino nasceu primeiro, o polícia não era suposto existir mas acabou por se impôr suavemente. Logo de início percebi que ele tinha que lidar com um problema pessoal gravíssimo, um problema sem solução. E quanto mais desenvolvia a história, mais esse problema fazia sentido face a um dos temas que quero abordar - a morte.
Não fiz planos para fazer qualquer pesquisa sobre o assunto. Iria imaginar como seria, simplesmente. Passado cerca de um ano, já não preciso de imaginar nada. Sei exactamente todas as fases pelas quais ele irá passar, porque as estou eu própria a passar - as dúvidas, o terror, o estado de choque, a força interior que se vai buscar não se sabe onde, a tristeza que ninguém pode entender, o medo constante que ninguém pode partilhar.
Ele tem estado muito comigo nos últimos tempos. E se eu lhe posso agora oferecer muito mais realismo, ironicamente, também ele me tem oferecido algumas coisas preciosas - o seu sentido analítico, a sua tranquilidade, a sua serenidade e maturidade, o seu hábito de encarar as coisas por etapas, de as analisar e de seguir em frente para o próximo degrau, têm-me ajudado muito.
Quem escreve sabe que o que digo não é uma loucura - todos os momentos da vida são aproveitados para termos material de escrita, até as coisas mais terríveis são analisadas no momento em que estão a acontecer e guardadas para posterior utilização. Um escritor está sempre "fora de si", a observar-se.
Este texto é para ti, G., um personagem que estará para sempre ligado a mim, pelas piores razões possíveis, mas também pelas melhores. O teu problema não terá solução. O meu, espero que tenha.
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