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Céu com nuvens
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Eu estava no Paraíso.
E eles falavam ... "dabrovnick" p'ra cá, "niet jnhe" p'ra lá e eu a ouvi-los, completamente hipnotizada.
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Ele era típico. Quarentão, média estatura, atarracado, cabelo cortado à máquina zero, alourado, rosto daqueles que parece que levaram um murro mesmo no meio do nariz abolachado. Um mimo.
Ela era da mesma estatura e idade que ele, passaria bem por portuguesa, porque era morena e cheia, não fosse o penteado levemente arranjado para cima naquela juba típica das matronas eslavas.
Ela vestia toda de ganga azul, uma camisola castanha com bordados dourados brilhantes por baixo do casaco, ele estava todo de cinzento, calças de flanela e blaser, uma camisola de gola alta azul.
Os dois tinham olhos azuis, mas flutuavam em lados diametralmente opostos do espectro de luz. Os dela eram muito escuros, profundos e opacos, um céu espacial infinito; os dele eram muito claros, quase transparentes, um mar tropical cristalino.
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E agarravam-se um ao outro, a mão dela no braço dele, depois a mão dele viajava sobre a dela, como se os seus dedos inteiros quisessem decorar cada linha dos dela e ficar colados na imaginação por muito tempo.
E "vassilievich" pr'a cá e "brasladava" p'ra lá e os meus neurónios saltitavam alegres e em êxtase por entre as montanhas e os vales, as curvas e contracurvas dessa língua magnífica que me provoca acelerações de sinapses absolutamente involuntárias e inexplicáveis.
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À medida que o aeroporto se aproximava percebi, era óbvio, que um deles ia partir. Talvez fosse ele, havia uma urgência em todo o seu corpo, a urgência nervosa miudinha da partida. Ele saiu primeiro e voltou-se imediatamente para lhe dar a mão.
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E lá foram eles. E lá foi um deles. E cá ficou o outro, à espera.
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Scastlivogo puti*
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* Boa viagem