Assassinos e Frangos
ldkçldk
Estou a ser invadida por um personagem. É uma sensação entusiasmante. Há personagens que ficam connosco anos e não atam nem desatam (há 3 anos – o tempo passa depressa, chiça ... que ando a incubar um escritor de meia idade às voltas com uma leitora intrometida, um personagem que quer sair e o seu inconsciente, que não o deixam em paz, e o raio do homem não se decide o que quer fazer e anda-me a dar a volta aos miolos). Há outros personagens que pura e simplesmente saem, sem traumas, naquilo que se pode chamar de um parto normal.
Este foi assim, ou está a ser assim. Uma noite estava a pensar em morte e a ideia surgiu assim do nada. E ele apareceu. Pensei que era uma ideia engraçada e julguei que ia incubar durante alguns meses, como é costume. Mas qual quê? Népias. No dia a seguir o tipo já estava a querer sair com a força toda. A exigir que eu o escrevesse. Eles nunca são mal-criados, diga-se. São doces e firmes, exactamente como este foi. “Escreve-me”, dizia ele. E eu comecei a escrevê-lo. Não há nada a fazer. Nem sequer vale a pena lutar contra isso. Eles é que mandam, sempre. Quem escreve sabe do que estou a falar.
Agora, o que acontece é que este personagem é nada mais nada menos do que um assassino contratado. O que significa que eu vou passar os próximos meses mergulhada em espingardas automáticas com mira de longo alcance, assassínios a sangue frio e outras coisas muito interessantes, que vêm mesmo a calhar nesta altura do Natal. Mas pronto.
Isto tudo para explicar que passei uma tarde inteira a fazê-lo falar (leia-se, a criar diálogos entre ele e uma outra personagem que está a sair de forma mais tímida) e depois lembrei-me que tinha de ir tratar de um frango. Ora bem. Quem me mandou a mim comprar um frango cru inteiro? Já sabia que o tinha de lavar, mas ... e lá dentro? Telefonema de urgência à mãe – é para isto que as mães existem, certo? “Tens que lhe tirar os pulmões.” Pulmões? Os frangos vêm com pulmões?!!!!!! “Como é que eu sei o que são os pulmões?” “São essas duas coisas encarnadas de lado, lá dentro ao fundo, meio esponjosas.” Esponjosas?!!!! Ninguém me falou em coisas esponjosas quando comprei o frango. “Não estou a ver nada.” “Apalpa e quando sentires umas coisas esponjosas, são os pulmões.” “ Eu tou de luvas. Não sinto nada esponjoso.” “Ah tás de luvas. Pois assim não sentes.” “Espera lá, quer dizer que tu metes as mãos aqui dentro sem luvas?!!!!” “Sim, filha, vá experimenta lá.” Oh meu deus! Lá acabei por encontrar as tais coisas esponjosas que tive que literalmente arrancar enquanto esguichava sangue por todo o lado. Depois havia uma coisa tipo feijão minúsculo lá pendurado no meio. “Ah isso deve ser um ovo.” “Um ovo???!!! Mas estas coisas vêm grávidas para a mesa das refeições?” Oh mãe, falhaste na tua educação, nunca me falaste das vísceras de um frango, caraças! Arranquei o potencial franguinho que não viveu o suficiente para ver a luz do sol e jurei para nunca mais. Eu, que quando o canário dos meus pais está postado na sala-de-jantar enquanto comemos frango, me faz olhar para o prato 3 vezes antes de meter a primeira garfada à boca ...
Escusado será dizer que quando acabei de lavar a pobre criatura, tive que ir a correr para a casa-de-banho virar o barco. E eu que sou daquelas que diz que não lhe faz a mínima impressão a cena dos miolos do Hanibal Lecter ... Claro que não faz, não tou com as mãos neles ... pudera ...
Serve a presente história para concluir o seguinte – a experiência do frango deu-me uma ideia genial. Pensei no meu assassino contratado. E vi-o a correr para a casa-de-banho depois de ter que arranjar um frango para assar. E virar o barco. É que um assassino contratado trabalha à distância, percebem? E também tem direito a ter um estômago de franguito. Tem a sua piada ... :)
ldkçldk
Estou a ser invadida por um personagem. É uma sensação entusiasmante. Há personagens que ficam connosco anos e não atam nem desatam (há 3 anos – o tempo passa depressa, chiça ... que ando a incubar um escritor de meia idade às voltas com uma leitora intrometida, um personagem que quer sair e o seu inconsciente, que não o deixam em paz, e o raio do homem não se decide o que quer fazer e anda-me a dar a volta aos miolos). Há outros personagens que pura e simplesmente saem, sem traumas, naquilo que se pode chamar de um parto normal.
Este foi assim, ou está a ser assim. Uma noite estava a pensar em morte e a ideia surgiu assim do nada. E ele apareceu. Pensei que era uma ideia engraçada e julguei que ia incubar durante alguns meses, como é costume. Mas qual quê? Népias. No dia a seguir o tipo já estava a querer sair com a força toda. A exigir que eu o escrevesse. Eles nunca são mal-criados, diga-se. São doces e firmes, exactamente como este foi. “Escreve-me”, dizia ele. E eu comecei a escrevê-lo. Não há nada a fazer. Nem sequer vale a pena lutar contra isso. Eles é que mandam, sempre. Quem escreve sabe do que estou a falar.
Agora, o que acontece é que este personagem é nada mais nada menos do que um assassino contratado. O que significa que eu vou passar os próximos meses mergulhada em espingardas automáticas com mira de longo alcance, assassínios a sangue frio e outras coisas muito interessantes, que vêm mesmo a calhar nesta altura do Natal. Mas pronto.
Isto tudo para explicar que passei uma tarde inteira a fazê-lo falar (leia-se, a criar diálogos entre ele e uma outra personagem que está a sair de forma mais tímida) e depois lembrei-me que tinha de ir tratar de um frango. Ora bem. Quem me mandou a mim comprar um frango cru inteiro? Já sabia que o tinha de lavar, mas ... e lá dentro? Telefonema de urgência à mãe – é para isto que as mães existem, certo? “Tens que lhe tirar os pulmões.” Pulmões? Os frangos vêm com pulmões?!!!!!! “Como é que eu sei o que são os pulmões?” “São essas duas coisas encarnadas de lado, lá dentro ao fundo, meio esponjosas.” Esponjosas?!!!! Ninguém me falou em coisas esponjosas quando comprei o frango. “Não estou a ver nada.” “Apalpa e quando sentires umas coisas esponjosas, são os pulmões.” “ Eu tou de luvas. Não sinto nada esponjoso.” “Ah tás de luvas. Pois assim não sentes.” “Espera lá, quer dizer que tu metes as mãos aqui dentro sem luvas?!!!!” “Sim, filha, vá experimenta lá.” Oh meu deus! Lá acabei por encontrar as tais coisas esponjosas que tive que literalmente arrancar enquanto esguichava sangue por todo o lado. Depois havia uma coisa tipo feijão minúsculo lá pendurado no meio. “Ah isso deve ser um ovo.” “Um ovo???!!! Mas estas coisas vêm grávidas para a mesa das refeições?” Oh mãe, falhaste na tua educação, nunca me falaste das vísceras de um frango, caraças! Arranquei o potencial franguinho que não viveu o suficiente para ver a luz do sol e jurei para nunca mais. Eu, que quando o canário dos meus pais está postado na sala-de-jantar enquanto comemos frango, me faz olhar para o prato 3 vezes antes de meter a primeira garfada à boca ...
Escusado será dizer que quando acabei de lavar a pobre criatura, tive que ir a correr para a casa-de-banho virar o barco. E eu que sou daquelas que diz que não lhe faz a mínima impressão a cena dos miolos do Hanibal Lecter ... Claro que não faz, não tou com as mãos neles ... pudera ...
Serve a presente história para concluir o seguinte – a experiência do frango deu-me uma ideia genial. Pensei no meu assassino contratado. E vi-o a correr para a casa-de-banho depois de ter que arranjar um frango para assar. E virar o barco. É que um assassino contratado trabalha à distância, percebem? E também tem direito a ter um estômago de franguito. Tem a sua piada ... :)
2 comentários:
Fada,
Acho que está a transformar-se definitivamente em Bruxa má. Pelas suas ideias, quando a gripe das aves estoirar, o mundo terá finalmente um novo extreminador implacável à altura. Medo... medo...
Qual exterminador implacável...é precisamente o contrário...não leu bem o texto ...de qualquer das maneiras foi a primeira e última vez que falei dele, eles (os personagens) não gostam que se fale deles até estarem devidamente escritos
Enviar um comentário