Maori
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"Join those who can join sections of a canoe"
Provérbio Maori
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A chegada dos Maori à Nova Zelândia está rodeada de algum mistério. Estima-se que os primeiros polinésios chegaram a esse arquipélago há mais de 1000 anos, possivelmente por volta do ano 800 d.C., ou mais cedo. Presume-se que viajaram desde as Ilhas Cook. No final do século XIV os Maori tinham-se estabelecido por todo o território, sobretudo no clima mais quente do Norte. Viviam dos pássaros e da pesca. À medida que a população aumentava, ajustaram-se a um estilo de vida agrícola e sedentário.
As tribos desde cedo se envolveram em batalhas pela posse de território, vingança e outros motivos - os vencidos transformavam-se em escravos ou alimento. Os Maori desenvolveram tradições artísticas elaboradas, evidentes sobretudo nas casas comuns ricamente ornadas com a história dos seus antepassados. Os homens que ocupavam o estadio mais elevado da hierarquia eram decorados com intrincadas tatuagens no rosto e nas nádegas e as mulheres de prestígio similar, com tatuagens no queixo.
Em meados do século XVIII uma sociedade rica e compexa tinha-se desenvolvido por todo o país, como um só povo, com mitos e lendas que contavam histórias da chegada dos seus antepassados e da formação da Aotearoa - a Terra da Nuvem Branca Comprida.
Os primeiros viajantes europeus chegaram em 1642, mas os Maori mataram e comeram 4 membros da tripulação. Cem anos mais tarde o Capitão Cook navegou desde o Tahiti, conseguindo cartografar com sucesso a linha costeira e estabelecendo relações comerciais com muitos Maori. Embora poucos europeus tenham viajado até à Nova Zelândia nos 70 anos seguintes, a exploração dos recursos naturais do país começou imediatamente, assim como a introdução de animais e objectos fabricados - o que conduziu os Maori da Idade da Pedra directamente para a Idade do Ferro, quase de um dia para o outro.
Os primeiros colonos europeus foram caçadores de focas e baleeiros, que introduziram doenças, prostituição e armas e desenvolveram uma procura muito pouco saudável de cabeças, tanto assim que os Maori começaram a decapitar os seus próprios escravos em vez de preservarem apenas os que tinham sido vencidos na guerra.
Os Maori começaram a dizimar-se a si próprios e por volta de 1830 a sua população fora reduzida a um quarto. O álcool, o tabaco, a tuberculose, a papeira, doenças venéreas e a sobrepopulação desempenharam um papel importante na eliminação da população indígena. Entretanto os ingleses mostraram interesse em anexar a Nova Zelândia ao seu território, tendo sido redigido um tratado em 1840 que foi assinado por 500 chefes Maori. Muitos territórios foram disputados devido a mal-entendidos gerados pelo conceito de "venda". Os Maori tornaram-se cada vez mais relutantes à venda e tiveram início as chamadas Guerras Maori durante 1860. O racismo predominava entre os europeus, que abominavam as "práticas selvagens" dos Maori e destes, que desprezavam a ganância e arrogância social dos europeus.
Hoje em dia não existe sequer um único indivíduo que seja totalmente Maori no território da Nova Zelândia, apesar da sua cultura e tradições continuarem a ser preservadas pelos seus descendentes.
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Os Maori possuem uma visão espiritual do universo. Qualquer coisa associada ao sobrenatural está possuída de "tapu", uma qualidade misteriosa que torna os objectos ou pessoas imbuídos dela, ou sagrados ou impuros, de acordo com o contexto. Os objectos e pessoas também podiam possuir "mana", ou poder psíquico. Ambas estas qualidades, que eram herdadas ou adquiridas através do contacto, podiam ser incrementadas ou diminuídas durante o decorrer da vida.
Possuíam um panteão de seres sobrenaturais (atua). O Deus supremo era Io. Os dois progenitores primevos, Papa e Rangi, tinham 8 filhos: Haumia, o deus dos alimentos não cultivados; Rongo, o deus da paz e da agricultura; Ruaumoko, o deus dos tremores de terra; Tawhirimatea, o deus do tempo; Tane, o pai dos humanos e deus das florestas; Tangaroa, deus do mar; Tu-matauenga, deus da guerra; e Whiro, deus da escuridão e da maldade. Havia também deuses tribais, associados com a guerra e variados deuses e espíritos familiares.
A maioria dos objectos materiais dos Maori são ricamente decorados. As suas estátuas e esculturas, sobretudo com motivos de filigrana, são admirados mundialmente.
Os defuntos eram levados para um abrigo. O corpo era disposto sobre cobertores, para receber os visitantes. Após 1 ou 2 semanas de luto, o corpo era enrolado em cobertores e enterrado numa gruta, numa árvore ou no solo. Frequentemente após 1 ou 2 anos, o corpo era exumado e os ossos limpos e pintados com encarnado ocre, sendo levados de aldeia em aldeia para um segundo luto, após o que eram novamente enterrados num local sagrado. Acreditava-se que os espíritos dos mortos realizavam uma viagem até ao seu destino final, um submundo vago e misterioso.
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Embora se pense que a famosa "haka" fosse uma cerimónia exclusivamente masculina, as lendas e a história reflectem uma realidade diferente - a história da mais famosa haka "Ka mate!" prova estar associada à sexualidade feminina. De acordo com a lenda, a haka deriva do deus sol Ra, que tinha 2 mulheres - Hine-raumati (a essência do Verão) e Hine-takurua (a essência do Inverno). Ra e Hine-raumati tiveram um filho - Tanerore. Em dias de muito calor é possível observar a luz a dançar. Acredita-se que seja Tanerore a dançar para a sua mãe e a wiriwiri - o brilho tremelente - é hoje em dia reflectido nas mãos dos que dançam a haka. A haka era dançada quando duas tribos Maori se encontravam, garantindo que cada uma delas ficava alerta para impedir ataques surpresa da tribo oponente. A haka "Ka mate!" conta a história de um chefe de tribo que é perseguido, o seu medo de ser capturado e o seu entusiasmo por conseguir sobreviver.
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