domingo, 7 de março de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE VIII

O Príncipe e o Gato
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Niccoló ajoelhou-se. As suas longas e pesadas vestes de veludo carmim varreram as folhas douradas espalhadas no chão do jardim em seu redor. O gato passeava languidamente perto do portão de grades que conduzia ao edifício do viveiro.
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Era ruivo, malhado. Niccoló não poderia sabê-lo, mas o pequeno felino era incrivelmente parecido com aquele que, quatro séculos mais tarde, faria as delícias de miúdos e graúdos n'As Aventuras de Alice no País das Maravilhas.
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Observou o gato. E lembrou-se do Príncipe. Príncipes e gatos eram parecidos, no porte, pelo menos. Altivo e lânguido. Pelo menos era essa a moda, nos tempos que corriam. Mas enquanto que os felinos eram astutos e matreiros, os príncipes por vezes não fariam mal em aprender com estes pequenos mamíferos a arte da negociação.
Chamou o gato. Mas este, fazendo jus à sua natureza, ignorou-o completamente e afastou-se com elegância, pestanejando suavemente.
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Niccoló decidiu vaguear mais um pouco pelos jardins do Palácio Pitti. Lorenzo estaria ocupado com assuntos de estado e, de mais a mais, ele precisava reflectir. Deambulou pelas avenidas largas sem pressas, respirando o suave aroma de algumas flores que ainda teimavam em coexistir com o Outono. Lentamente a sua obra ia tomando forma no interior da sua mente. Mas os principais postulados estavam já claramente definidos. Niccoló sabia que tinha um tema controverso em mãos. Era complicado falar de política sem recorrer à ética, numa época em que o pensamento ocidental não estava habituado a separar estas duas ciências.
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Escondeu-se num carreiro coberto por folhagem perene e caminhou absorto. Como os gatos não se importavam com as consequências das suas acções, também os príncipes se deveriam apenas preocupar com a manutenção do seu poder. Todos os meios justificavam os fins mas, era preciso saber escolher os meios com cautela - aí estava a diferença entre tirania e política.
Muitos séculos mais tarde, Niccoló também não adivinharia que este seu pensamento seria tão mal interpretado que nasceria uma palavra a partir do seu próprio nome, que servia para descrever alguém sem escrúpulos absolutamente nenhuns - maquiavélico.

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