sexta-feira, 19 de março de 2010

'Till I Found You

O Mundo Colapsa 15
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2200, Inverno, 14.46 GMT
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Mas ele tinha razão. E como sempre, arrumara-o com a classe de um líder, sem lhe deixar sequer oportunidade de resposta. Porra! Detestava aquele Krueg.
O que o Krueg tinha podia ser um fósforo aceso no fundo do túnel. Durante duzentos anos não tinham conseguido nada. E agora isto. Duzentos anos duma porra! Até parecia que tinham andado a dormir. E ele estava cansado. Cansado de dormir e de sonhar. O ser humano era um ser estúpido e patético. Por mais que se enterrasse em bytes nunca iria conseguir esquecer-se que um dia pertencera a essa espécie.
lfkjflk
Um dia, no longínquo ano de 2030, ligara a televisão e toda a sua vida se desmoronara. Ou, por outra, toda a sua vida começara a ganhar um outro sentido, que fazia mais sentido a cada dia que passava. Houvera rumores, primeiro apenas isso. Que a guerra do Kosovo escondia algo. Estes rumores, é certo, não eram mais do que finíssimas películas de suspeita que circulavam por todo o lado, sobretudo na rede. Falava-se em experiências escondidas dos olhares comuns. Experiências genéticas a processarem-se no interior mais profundo das florestas eslavas. Ele anotou. Era um homem previdente. Não deixava passar nada, mesmo que fosse a coisa mais ridícula do mundo. Fazia colecção de teorias da conspiração por desporto. Não era por acaso que passava horas a fazer port scanning a computadores alheios. Por espírito de cruzada, é certo. Também sabia que a comunidade que fazia circular essas informações era uma casta à parte. Ela chamava-lhes os Cavaleiros do Século XXI ...Desenhou um Charlie Brown. Puf! O CB foi substituído pelo Snoopy. E o Snoopy pelo Iron Man. Hackers. Ainda hoje sentia o peso da responsabilidade de pensar em tal palavra. Se o seu pensamento, inadvertidamente, se lhe escapasse para linguagem binária, nem teria tempo de ter qualquer outro pensamento. Ou, se o tivesse, tê-lo-ia no Cemitério Virtual, rodeado de Suzys e outros ARLIs, poucos mas bons, que lá estavam a pastar como no Inferno de Dante, de cabeça enterrada.
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O hacktivism começara a fazer circular páginas fantasma com esta simples mensagem:
Beware of those who
Say will protect you
Their genes are no good
They're made of fast food
And they're playing around with yours
çlfdlçf
Isto durou uns meses. Quando começou a juntar as peças todas, queria que fosse verdade. Queria, porque o seu plano era simples. Queria desaparecer, porque tudo deixara de fazer sentido.
Experiências com genes humanos. Andavam a fabricar seres humanos na Juguslávia. Nada de novo. Sabia perfeitamente que, mesmo antes do fenómeno da ovelha Dolly, já alguns mavericks negros da comunidade científica se haviam aventurado por esses campos. Matavam-nos à nascença, como frangos em aviários. Alguns eram usados para tráfico de pedofilia, vídeos de morte e tráfico de órgãos para países árabes e dirigentes africanos cheios de papel. Nada de novo. Nada que o seu estômago não aguentasse, com a ajuda de um bom chá verde.
Mas as finas películas de suspeita postas a circular por alguns hackers juguslavos, falavam de outra coisa. Fabrico de máquinas humanas, à revelia de todos os governos, com o envolvimento de funcionários da ONU. Manutenção da guerra para encobrir essas experiências. C. não os entendia. Nunca fora hacker, apesar de poder sê-lo. Era um Larva. Perdera o comboio. Não tinha tempo. E mesmo que o apanhasse, nunca pertenceria a essa casta que seguia com olhos de coruja. Porque é que não faziam nada? Porque é que se fechavam sobre si próprios, nos seus redutos insuspeitos, nos seus canais secretos, ligados semanas inteiras às porras dos computadores artilhados até à medula? E se não pretendiam fazer nada, porque é que se armavam em deuses do ciber espaço, em consciência dos cibernautas, numa pseudo-guerra que só servia para lhe atazanar os miolos?
dçdl
Um dia ligou a televisão. O mundo estava em guerra. Abriu o jornal. O mundo continuava em guerra, gravada a letras gordas nas primeiras páginas. E eles limitaram-se a dizer
We warned you
Nobody listened
Don't come cryin'
We will be dyin'
Ressurection awaits
fkdlçf
Não tinha ninguém. A mãe morrera poucos meses antes, parecendo adivinhar que não valia a pena esperar pelo futuro. O pai já se fora há muitos anos. E ele próprio morrera há uns meses atrás ...
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Ressurection awaits.

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