terça-feira, 6 de abril de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE XI

O Americano e o Irlandês
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irlandês e o americano bebiam um whiskey no Guiubbe Rose quando o americano exclamou:
"Raios, James! Olha para isto!"
A sua voz tonitruante encheu o café, desde o fundo da última sala até à porta de entrada, fazendo estremecer os copos de cristal irizado nas prateleiras por trás do balcão.
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O irlandês ajustou os óculos de fundo de garrafa no nariz e, sem se intimidar com a omnipotência do gringo, pegou no jornal que o outro lhe estendia. Examinou-o atentamente, o nariz enfiado nas letras miúdas, e depois, com um gesto displicente, devolveu o jornal ao americano.
"Não dizes nada?", insistiu o outro, "Não te apraz dizeres nada, meu velho?"
James não retorquiu. Bebeu mais um golo acobreado do seu copo baixo e observou a mesa atentamente. Estava algo tocado, estado que parecia permanente desde que se haviam encontrado ali, por acaso, há coisa de um mês.
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Ernest, também ele já com uma boa dose de álcool a correr-lhe indolentemente nas artérias, levantou-se cambaleante e pegou no jornal com ambas as mãos, sacudindo-o e estendendo-o à distância dos braços grandes, enquanto balançava na direcção do balcão.
Guido levantou a cabeça da tarefa que o ocupava naquele momento - secar canecas de cerveja - e antecipou o comportamento do homem imponente que tonitruava pela sala como um grande urso à solta numa arena de circo.
"Vejam bem! Vejam bem isto! A Irlanda está de novo em fogo. E ele", girou a cabeça na direcção do irlandês e ergueu uma das sobrancelhas, "não quer saber."
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Guido pegou no jornal e examinou-o com interesse. A primeira página referia em letras garrafais que a violência regressara à Irlanda. Aparentemente, Liam Lynch, um dos maiores oponentes ao Tratado Anglo-Irlandês negociado por Michael Collins, repudiara a autoridade do governo do novo Estado Livre, que acusava de ter traído o ideal da República Irlandesa. A Guerra Civil estalara de novo, em resultado do apoio do antigo presidente da República Eamon de Valera, ao IRA anti-tratado.
Guido abanou a cabeça dum lado para o outro e fez um gesto tipicamente italiano, juntando os dedos da mão direita, com a palma virada para cima e balançando o braço num movimento cadenciado, como um pêndulo frenético.
"É a guerra, meus senhores. É a guerra!", vociferava Ernest, excitado, abrindo os braços e rugindo pelo café como um louco acicatado.
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Só então James se ergueu lentamente e disse:
"Meu caro Ernest, a Irlanda sempre esteve em guerra e sempre estará. E o irlandês está condenado a viver em estado de ira. Bebamos à boa vida, à arte e ao dolce fare niente, enquanto ainda podemos."
Ernest levantou o seu copo no ar e assentiu:
"You are quite right, my friend. A Florença! À boa vida! À bella Itália!"
E os dois amigos esqueceram por mais uns momentos o mundo e deixaram-se ficar mergulhados na doçura da Toscana.
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