sexta-feira, 23 de abril de 2010

MORMORIOS DI FIRENZE XIII

O Canibal - Parte V
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Do outro lado do rio, no miradouro Piazzale Michelangelo, o Monstro observa o Estorninho com um par de poderosos binóculos apertados entre as mãos grandes.
Há muitos turistas por ali, apreciando a vista de Florença do outro lado do rio. Para além dos turistas, um casamento asiático colectivo polvilha a paisagem de risos e conversas e roçares de sedas e rendas. São quatro as noivas vestidas de merengue branco e quatro os noivos de tronco nu, apesar do frio gélido. Alguma promessa de noivado ou costume asiático.
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Hannibal não larga os binóculos e segue-a até à Ponte Vecchio. Depois perde-a de vista por trás das habitações coloridas que, como peças de lego usadas, compõem a mais anciã das pontes da cidade.
Murmura:
"Clarice ... Não demoraste muito. Sempre a farejar onde não deves ..."
Observa as extremidades da ponte por uma boa meia hora, mas perdeu-a de vez.
Vira-se para o David, cópia do verdadeiro exposto na Galleria della Academia. Não gostava deste. Para além de ser esculpido naquele horrível bronze, as diferenças estruturais entre a cópia e o original eram, naturalmente, assombrosas. Não que a maioria das pessoas reparasse nesse pormenor. As máquinas poderosas disparavam a torto e a direito e ele tinha a certeza que a maioria dos seus donos não estaria sequer interessada em visitar o original. Infelizmente este não era permitido fotografar. Talvez isso desmotivasse muitos, sempre na ânsia de registar na máquina e não na mente. Não sabiam o que perdiam.
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Com uma altura de cinco metros e dezassete centímetros, o David esculpido por Michelangelo respirava humanidade. Ia lá olhá-lo pelo menos uma vez por semana. Gostava de o rodear numa volta completa de 360º, inspirando o génio que emanava da pedra polida. Depois quedava-se sempre uma boa meia hora a desenhá-lo. Todas as semanas encontrava um pormenor que lhe houvera escapado. Era extraordinário.
Como extraordinário era o animal de pele alva que se movia nesse preciso momento algures pelas ruas de Florença, farejando o seu encalço. Hannibal inspirou o ar e cheirou-lhe a mel.
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inspirado nos personagens Hannibal Lecter e Clarice Starling, criados por Thomas Harris

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