terça-feira, 13 de abril de 2010

MURMÚRIOS DO PARAÍSO XVIII

A Chuva
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No Paraíso a chuva também cai.
Às vezes miudinha, outras em catadupa, e por vezes em tempestades avassaladoras que chocalham as fundações do Paraíso.
Estas não são muito sólidas. É normal que assim seja. Nada é perfeito, recordemos. Nem sequer o Paraíso. Ou, deveria dizer, muito menos o Paraíso. Existe sempre um preço a pagar por todas as coisas, sobretudo pelo Paraíso. Com efeito, este assenta sobre uma base periclitante mas, ao mesmo tempo, eterna. É que, embora infinitamente frágil, ela é sustentada pelos desejos de todos os seus habitantes e visitantes. E estes, ao contrário daquela, são tão fortes como titânio.
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A chuva miudinha incomodará apenas aqueles que são, como a chuva, picuinhas. De resto, sabe sempre bem banharmo-nos no cálido leite marítimo enquanto somos regados pelas alturas. Quem assim é aspergido sente-se como planta fresca e estaladiça.
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Quando cai em catadupa, lava os terraços invadidos pela areia trazida da praia diariamente, rega as plantas ressequidas e sedentas e chama os caracóis para fora dos seus esconderijos, invadindo muros e canteiros com seu traço babado. É, por isso, uma benção, mais do que um martírio. Poupa-nos trabalho e refresca-nos a alma.
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Já quando tempesta, é sempre anunciada previamente pelas imperatrizes gaivotas, logo, quem quiser fugir tem tempo suficiente para o fazer. Quando em terra, gritando e fugindo do mar, já se sabe, a ira dos deuses não tardará em estalar e as deusas marés vivas uivarão brevemente. Nessas alturas o céu cobre-se de um manto cinzento opaco e as fundações do Paraíso tremem amedrontadas.
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Mas a sequência de eventos é inevitável:
O areal mudará de geometria
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os canos da avenida principal entupirão irremediavelmente e lá andará o chinês do pagode, desesperado, em busca do esgoto com um pára-sol enferrujado
virão carros de bombeiros a meio da noite ajudar à festa
haverá o apagão geral e o casino terá de recorrer ao seu gerador, porque os jogadores não querem saber de dilúvios divinos
a lama inundará os jardins e afogará algumas frágeis miniaturas verdes
voarão chapéus e toldos e algumas placas que anunciam aluguer de lotes no Paraíso cairão das janelas onde estão pendurados e por pouco que não arrancarão cabeças de veraneantes inadvertidos
e todos olharão fascinados por trás de vidraças escorrendo água, à espera ... à espera ... à espera que a fúria passe.
Porque passa sempre. Mas enquanto dura é magnífica.
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