Júpiter, Saturno, Urano e Neptuno XV
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Macro saco de chá
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Sobrevoaram Sheiland, ou uma parte dela, porque, como lhe explicou Sheila, o seu reino era quase infinito e havia lugares em Sheiland para todos os gostos. Cruzaram-se com outros avatares sozinhos ou em grupos. Toda a gente parecia bela e bem proporcionada e C. notou isto. Sheila explicou-lhe que a tendência das pessoas era sempre escolherem os corpos mais perfeitos e mais parecidos com aquilo que sonhavam ser, do que propriamente com a realidade. As asas eram um ítem muito requisitado, ao que parecia, e havia-as de todos os formatos, feitios, cores e proveniências. De borboleta, de fada, de libelinha, de aves poderosas como o falcão ou a águia, até de anjo.
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Sobrevoaram Sheiland, ou uma parte dela, porque, como lhe explicou Sheila, o seu reino era quase infinito e havia lugares em Sheiland para todos os gostos. Cruzaram-se com outros avatares sozinhos ou em grupos. Toda a gente parecia bela e bem proporcionada e C. notou isto. Sheila explicou-lhe que a tendência das pessoas era sempre escolherem os corpos mais perfeitos e mais parecidos com aquilo que sonhavam ser, do que propriamente com a realidade. As asas eram um ítem muito requisitado, ao que parecia, e havia-as de todos os formatos, feitios, cores e proveniências. De borboleta, de fada, de libelinha, de aves poderosas como o falcão ou a águia, até de anjo.
Aquela parte de Sheiland chamava-se Terra Encantada e era tudo aquilo que a imaginação podia conceber. Havia castelos e palácios encantados perdidos numa imensidão de florestas e bosques encantados, onde se ouvia música suave e passarinhos a chilrear. Havia lagos profundos, onde alguns avatares passeavam de barco ou relaxavam em enseadas sossegadas. Havia varandas e terraços com balaustradas decoradas de cortinados esvoaçantes onde pares dançavam ou simplesmente conversavam. Era um ambiente calmo e acolhedor, quase mágico e C. pensou que se sentia ali como há muito tempo não se sentia - em paz.
"Sim, é verdade. É isso que Sheiland pretende oferecer a todos quantos nos visitam - paz e um espaço onde todos possam realizar os seus sonhos, desde que não prejudiquem ninguém. Vou-te apresentar Cassiopeia. Ela é uma ARLI como tu, mas está connosco há já algum tempo. Ela poderá, melhor do que eu, contar-te como a Resistência se estabeleceu e o que se passou nestes 200 anos."
"Eu conheço-a?"
"Não sei. Iremos descobrir isso agora."
Sheila inflectiu o seu plano de vôo e começou a descer até um promontório onde se encontrava um enorme templo japonês. C. seguiu-a. Quando pousaram, descobriu que havia uma pequena piscina no interior do templo, rodeada de rochas e amendoeiras, onde uma bela mulher ruiva flutuava, parecendo completamente alheada de tudo. Quando se aproximaram, a mulher abriu os olhos e sorriu.
"Este é o ARLI de que te tinha falado, Cassiopeia."
Cassiopeia ergueu-se da sua posição deitada e saiu da piscina, envolvendo o corpo escultural numa toalha de linho branco. Estendeu-lhe a mão, a que C. correspondeu meio aturdido. Nunca a vira, claro.
"Bom, não sei se já nos conhecêmos, mas o meu nome agora é Cassiopeia. Antes de abandonar a Resistência e vir refugiar-me aqui chamava-me «Neptune». Mas vamos sentar-nos ali.", apontou para um tapete oriental sobre o qual se encontravam uma esteira de palhinha e algumas almofadas encarnadas espalhadas em seu redor. "Tenho chá verde, ou a ideia de chá, de qualquer modo.", sorriu e dirigiram-se todos para o recanto do chá.
Sentaram-se de pernas cruzadas. C. teve alguma dificuldade em encolher as suas asas e Sheila ajudou-o.
"Não te lembras de nada?", perguntou-lhe Cassiopeia.
"Nada."
"Muito bem. Talvez o que te vá contar desperte alguma memória. Vamos ver.", serviu o chá a partir de um bule preto decorado de minúsculas flores coloridas. C. experimentou pegar na pequena taça e aproximá-la dos lábios.
"Não te preocupes.", disse-lhe Sheila, "o teu cérebro pensará que está mesmo a beber e provocará essa ilusão.
Bebeu um gole. Sabia-lhe mesmo a chá quente e ... a algo que lhe era familiar.
"Parece-me que o chá também poderá ajudar.", sorriu Cassiopeia vendo a sua expressão de surpresa, "Talvez fosse uma das tuas bebidas favoritas antes de te teres transferido."
"Talvez ..."
"Bom, vamos lá então. Presumo que Sheila já te tenha dado uns lamirés sobre como tudo se passou até chegarmos a este ponto."
"Sim, já."
"Muito bem. Quando as pessoas se começaram a transferir, muitos descobriram que não tinham sido os únicos e começaram a formar alianças aqui dentro do sistema. Uma dessas pessoas destacou-se logo de início. Era um jovem português de 17 anos chamado Jorge, aka «Leopard»?", Cassiopeia esperou para ver se a menção do nome lhe provocava alguma reacção.
C. piscou os olhos e esperou.
Cassiopeia continuou:
"«Leopard» era um visionário. Provavelmente o melhor hacker do mundo, se bem que ele próprio nunca admitiria isso."
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