sexta-feira, 20 de junho de 2008

EM BUSCA DE PALAVRAS 29

AVISO: Este post é de leitura interdita a menores de 18 anos ou a pessoas sem o mínimo de bom senso ou senso de humor dentro da tola
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"You talkin' to me?"
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Travis conduz um táxi em Nova Iorque e um belo dia dá-lhe um vipe e passa-se da cabeça. Já toda a gente conhece a história e não vou estar aqui a explicá-la.
É perfeitamente normal que Travis se passe da cabeça. Perfeitamente normal ... Fazem ideia de quantos malucos apanha um taxi driver em Nova Iorque em média por semana? Ou deverei dizer por dia? Perfeitamente normal ...
Ainda mais normal na Nova Iorque das décadas de 70/80. Nas décadas de 70/80, Nova Iorque era muito mais a Nova Iorque de Travis do que a actual Nova Iorque. A Nova Iorque dos anos 70/80 estava cheia da escumalha de que Travis fala, palavras dele, não minhas.
LDKÇLD
“All the animals come out at night. Whores, skunk pussies, buggers, queens, fairies, dopers, junkies. Sick, venal. Someday a real rain will come and wash this scum off the streets. I go all over. I take people to the Bronx, Brooklyn, to Harlem. I don't care. Don't make no difference to me. It does to some. Some won't even take spooks. Don't make no difference to me.”
DLKÇLD
Entretanto apareceu Giuliani e varreu tudo para debaixo do tapete, com uma política anti-crime agressiva e acertiva. Quando fui pela primeira vez a Nova Iorque tinha 17 anos, em 1988. Quando regressei a Nova Iorque tinha 29 anos, em 2001, o ano da desgraça. Fui em Março, 6 meses antes da desgraça. Nova Iorque era uma cidade completamente mudada. Muito mais segura. Muito mais limpa. E com muito menos malucos do que da primeira vez. Lembro-me de notar bem a diferença.
DKLÇD
“Each night when I return the cab, I have to clean the come off the backseat. Some nights I clean off the blood.”
LDKÇLD
Ir a Nova Iorque e não apanhar um táxi é o mesmo que ir a Roma e não ver o papa. Existem mais de 10.000 táxis em Nova Iorque, oficiais, os amarelos. Basta levantar um braço em ângulo recto e há logo um que pára. É divertido fazer a experiência :) É menos divertido ver a reacção do taxista quando percebe que somos apenas turistas a fazer figura de parvos. Uma grande parte destes táxis é conduzida por imigrantes que não conhecem a cidade. Um dos taxistas que me conduziu tinha um turbante à volta da cabeça, mal falava inglês e fui eu, EU!!!! que lhe tive que explicar onde era o MOMA - Museum of Modern Art, porque o homem não fazia a mínima ideia onde ficava um dos edifícios mais reconhecíveis da cidade. Os outros dois que apanhei eram americanos e o que fizeram foi olhar para nós no banco de trás o tempo todo, pelo espelho retrovisor, desconfiados, tentando avaliar o que tinham ali atrás no banco. É natural. Um taxi driver em Nova Iorque tem que enfrentar muito tarado e todo o cuidado é pouco.
ÇDLKÇDL
“Loneliness has followed me my whole life, everywhere. In bars, in cars... sidewalks, stores, everywhere. There's no escape. I'm God's lonely man.”
DLºÇD
Taxi Driver é, a par com O Touro Enraivecido e O Caçador, um dos 3 filmes em que Robert De Niro é absolutamente magistral. O papel foi feito para ele, aliás porque ele é o actor fetishe de Martin Scorsese. O homem que, aos poucos, lentamente, quase por contágio de toda a escumalha que o rodeia, começa a perder a razão e a sentir que tem de fazer justiça pelas suas próprias mãos. Robert De Niro faz isto muuuuuuuuito bem.
DKLLÇD
“Faster than you, you fuckin' son of a-- I saw you comin', you fuckin' shit-heel. I'm standin' here. You make the move. You make the move. It's your move. Don't try it, you fuck. You talkin' to me? You talkin' to me? You talkin' to me? Then who the hell else are you talking-- You talking to me? Well, I'm the only one here. Who the fuck do you think you're talking to? Oh, yeah? Listen, you fuckers, you screw-heads. Here is a man who would not take it anymore. Who would not let--Listen, you fuckers, you screw-heads. Here is a man who would not take it anymore. A man who stood up against the scum...the cunts, the dogs, the filth, the shit. Here is someone who stood up. Here is-- You're dead.”
ÇDLKÇLD
No final, Travis recupera-se e é ainda considerado um herói. Mas, aqui Scorsese tem um golpe de génio. Durante todo o filme a música que se ouve dentro do táxi de Travis é um jazz lento e apaziguador. Sempre que Travis entra em contacto com a escumalha, a música muda para um tom mais anormal e incomodativo. O filme acaba com Travis dentro do seu táxi, aparentemente recomposto e reconciliado com os seus fantasmas interiores mas ... de repente, no meio daquele jazz apaziguador, há um twist repentino e que dura apenas 2 segundos, para a outra música ... que nos parece dizer que, afinal ... afinal ... talvez Travis se vá voltar a passar ... quem sabe? ...
ÇLDKÇDK
O que aprendi com taxi driver?:
* Uma Magnum .44 é "muito poderosa, pára um carro a 100 metros, faz um buraco no bloco do motor, é usada em África para matar elefantes"
* Uma .38 "pára qualquer coisa que mexa, não perde a precisão, boa de manusear e dá cá uma paulada ..."
* Um Colt .25 automático "leva 6 balas e mais uma na câmara, mas só um doido põe uma bala na câmara"
* Uma Walter 380 - "leva 8 balas, foi usada na II Guerra Mundial para substituir as P38, só era distribuída a oficiais"

2 comentários:

Dry-Martini disse...

Então e nem uma palavra sobre a jovem Iris Steensma .)

XinXin

Andrómeda disse...

Mas quem lhe disse a si que eu não ia falar mais sobre Taxi Driver? :) Hmm? Ou acha que um filme deste calibre se esgota num único post? Heim?