terça-feira, 10 de junho de 2008

PALAVRAS ESTÚPIDAS 18


KFÇKL
Sei muito bem porque é que o mundo está no estado em que está. A culpa é toda do Peter Sellers.
Peter Sellers foi o maior génio da comédia. Foi o Marlon Brando da comédia. O seu biógrafo prefere utilizar a expressão “único”.
Único, genial, ou qualquer outra designação, o que importa é que Peter Sellers só houve um, inigualável. Era tão bom, que era capaz de fazer 3 ou 4 personagens num mesmo filme, como aconteceu em Dr. Strangelove ou Como eu Aprendi a Amar a Bomba, essa sátira tresloucada de Stanley Kubrik sobre a bomba atómica e a Guerra Fria. Nesse filme, Peter Sellers representa um oficial inglês, o Presidente dos EUA e um cientista alemão louco, nazi e entrevado numa cadeira de rodas. Todos os respectivos sotaques são perfeitos, diga-se, porque Peter Sellers conseguia fazer qualquer sotaque que lhe apetecesse. Stanley Kubrik ainda quis que ele fizesse um 4º personagem – o piloto texano que conduzia o avião que iria largar a bomba atómica sobre a União Soviética. Sobrecarregado com 3 personagens (!!!!) diz-se que Peter Sellers “inventou” um acidente e partiu uma perna para não ter de fazê-lo. Resultou e não se perdeu nada. Os três personagens são suficientes para um dos maiores one-man shows de que há memória na história do cinema.
KFÇLFDK
Peter Sellers é brilhante por tantos factores, que até custa a acreditar. Era um cómico nato, fazia qualquer tipo de personagem, imitava qualquer coisa que mexesse, a sua linguagem corporal era inacreditável, tinha um reportório de sotaques e vozes absolutamente extraordinário, uma noção de absurdo inteligente fora de série e tinha ainda uma coisa essencial a qualquer comediante, que nele era único: o timing.
Como acontecia com Marlon Brando, nós nunca sabíamos o que ia sair dali. Era por isso que Brando era genial – a maioria das coisas que ele faz no écran são improvisações sobre um texto lido na diagonal. Porque Brando acreditava que deveria fazer como acontece com as pessoas na vida real, que nunca sabem o que vão dizer a seguir, para que a sua representação fosse o mais realista possível.
Peter Sellers fazia exactamente a mesma coisa e existe por isso um elemento de “perigo”, de “corda bamba” em qualquer coisa que faz, que nos deixa sempre à beira do assento, sem saber o que vai sair dali. Com um desafio acrescido. É que em comédia, o timing é fundamental. Ou se está lá, ou não. Uma piada brilhante pode não resultar, se for entregue no timing errado. Tem a ver com respirações e com tempos. Peter Sellers tinha um timing fabuloso e brincava com ele. Como Frank Sinatra, nunca estava exactamente no tempo certo, entrava na “nota” sempre fora do tempo e surpreendia. Era também completamente louco, o que dá sempre jeito num comediante.
Antes de Peter Sellers, o humor era uma coisa. Depois dele, passou a ser outra. Não há cómico actual que não o aponte como A referência, desde os Monty Python até Herman José. E qualquer cómico que nunca tenha ouvido falar em Peter Sellers ... não sei o que anda cá a fazer ...
KFLDK
Já devem ter percebido, porque é que o mundo está no estado em que está, à conta dele. É que Peter Sellers deixou-nos há 28 anos. Desde então, Deus não tem parado de rir, lá em cima. A pândega tem sido tal que ele só conseguiu dizer aqui há coisa de uns 15 anos: “Que sa f....... aqueles idiotas todos lá em baixo. Continua, Peter, continua.”
JFJDF
Neste clip, ele é o Presidente careca e o cientista louco na cadeira de rodas. Cuidado, existe o risco de sofrer de hiperventilação crónica após exposição a este clip :)
LDÇJFKKLD

1 comentário:

Dry-Martini disse...

lol. Subscrevo tudinho...